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A liberdade dos antigos comparada a dos modernos

Por:   •  25/11/2017  •  Resenha  •  731 Palavras (3 Páginas)  •  415 Visualizações

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A liberdade dos antigos comparada a dos modernos

Acerca da liberdade moderna, os indivíduos atuam na política indiretamente, por predominar um governo representativo. Por outro lado, é muito valorizada a liberdade individual, em que o indivíduo tem direito de gozar de seus bens e suas propriedades, bem como seu direito de ir e vir e de satisfazer suas necessidades; contudo, sempre submisso às leis. Em contrapartida, a liberdade dos antigos detém mais atuação no âmbito político, tendo os indivíduos o direito de resolver questões públicas e de opinar sobre as leis, além de poder escolher diretamente seus representantes civis. Contudo, ao contrário da liberdade dos modernos, a liberdade individual seria limitada, os indivíduos seriam rigidamente observados em suas ações, e não teriam autonomia no que diz respeito a seus assuntos particulares.

O autor busca explicar o motivo de tais distinções de liberdade fazendo um paralelo entre as principais diferenças entre os estados antigos e modernos. As nações antigas detinham limites estreitos, ou seja, sua extensão territorial era pequena. Consequentemente, faltavam recursos para suprir as necessidades gerais. Em decorrência disso, tinham inclinação para a guerra, pois guerreando conseguiriam os recursos que faltavam. Como eram uma nação conflituosa, desse conflito resultaram os escravos, que tiveram como destino a maioria dos trabalhos braçais. As nações modernas, por sua vez, têm um território extenso, e com isso recursos geralmente fartos. Dessa forma, a população desses Estados são significativamente maiores, impossibilitando que todos se reúnem para falar da Política, como acontecia em cidades como Atenas. Nestes Estados, o comércio é mais viável do que a guerra. Essencialmente sem escravos, a maioria dos trabalhadores modernos são assalariados.

Assim, Constant defende sua tese de que a guerra é interior ao comércio: tanto um quanto outro são meios distintos de se adquirir recursos. A medida que o ser humano teve como experiência uma derrota quando estava guerreando, buscou outros meios de se conseguir bens. A guerra é incerta, o comércio é mais seguro. Dentro disso, percebemos uma evolução importante dos povos antigos para os modernos: a saída do estado de conflito frequente em busca de estabilizar-se.

Grande defensor do comércio, Constant o define como “a verdadeira vida das nações”, isto porque os indivíduos encontraram nesta atividade um meio de sobrevivência pacífico e uma forma justa e eficaz de satisfazerem seus desejos. Além disso, o advento do comércio foi um grande feito para reconhecer a independência individual dos cidadãos.

Tendo em vista as definições expostas anteriormente, cabe enfatizar, portanto, que a liberdade para os antigos consistia em um poder social dividido, enquanto que para os modernos esta consiste em uma garantia e segurança de sua liberdade individual.

É importante ressaltar também, que os indivíduos dos Estados modernos não têm tempo para a política, pois se dedicam muito ao comércio e ao trabalho, e se forem abdicar de suas atividades pela política, isto estaria ferindo sua liberdade individual, o que o autor, como liberal, não admite. Contudo, Constant reconhece a importância da política na vida do indivíduo, e a necessidade de um governo representativo, com poder limitado, e que defenda os interesses políticos de quem não tenha tempo para se dedicar à vida política. Todavia, mesmo com a implantação de um governo representativo o indivíduo pode negligenciar a política, e é necessária uma solução para isto. Não pode o indivíduo se apoiar apenas em obedecer às leis e pagar seus impostos, deve vigiar seus governantes e fazê-los cumprir as promessas feitas. Constant não aponta uma solução para que não haja uma ignorância para com os assuntos políticos, porém, tenta usar o patriotismo como uma ferramenta para convencer os cidadãos da importância de se ter uma participação política.

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