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AS RELAÇÕES E DISSENSÕES ENTRE SABERES TRADICIONAIS E SABER CIENTÍFICO

Por:   •  24/5/2018  •  Resenha  •  1.442 Palavras (6 Páginas)  •  1.244 Visualizações

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RESUMO - RELAÇÕES E DISSENSÕES ENTRE SABERES TRADICIONAIS E SABER CIENTÍFICO

        O conhecimento cientifico e o tradicional são incomensuráveis, mas essa incomensurabilidade não reside primordialmente em seus respectivos resultados. A universalidade dos conhecimentos científicos. Os saberes tradicionais, na verdade, estão dentro dos científicos. Estes são como verdade absoluta até que outro venha sobrepujar.

        Bruno Latour chama atenção para o problema de que esses conhecimentos são comparáveis em si mesmo e que tem algum grau e semelhança. Ambas são formas de procurar entender e agir sobre o mundo, e ambas são obras abertas inacabadas, sempre se fazer.

        Para o senso comum, o conhecimento tradicional é um tesouro, um conjunto acabado que deve preservar. Equivocado. Essas semelhanças genéricas não podem nos cegar sobre as diferenças na definição e no seu regime. Há, tantos regimes de conhecimento tradicional quanto existem povos.  

        Em cada sociedade, inclusive na nossa, o que vem a ser o conhecimento/saber? Em que campo ele se enquadra? Quais são seus ramos, subespécies? Como se produz e se transmite? Todas essas dimensões separam já de saída o conhecimento tradicional e o científico. Nada ocorro no conhecimento tradicional da mesma forma que no científico. No entanto, no cientifico o conhecimento é hegemônico, e isso se manifesta até na linguagem comum em que o termo ciência não é marcado.

        Se estamos de acordo que esses saberes são diferentes, o passo é perguntar quais são as pontes entre eles. Há várias maneiras de colocar essa questão. Uma é perguntar se as operações lógicas que sustentam cada um deles são as mesmas ou não, e se forem, de onde provêm suas diferenças. Antropólogos afirmam - incisivamente - que não há logicas diferentes, o que há são premissas diferentes sobre o que existe no mundo.

        Lévi-Strauss afirma, em seu livro, que estes saberes repousam ambos sobre as mesmas operações lógicas e, mais, respondem ao mesmo apetite de saber. De onde vem então as diferenças patentes em seus resultados? As diferenças, segundo ele, proveem dos níveis estratégicos distintos a que se aplicam. O conhecimento tradicional opera com unidades perceptuais, já o científico, em contraste, acaba por imperar definitivamente unidades conceituais. É a lógica dos conceitos em contrates com a lógica das qualidades sensíveis. Enquanto a primeira levou a grandes conquistas tecnológicas e científicas, a segunda levou a descobertas e invenções notáveis e a associações cujo fundamento ainda talvez não entendamos completamente.

        Strauss sugere que a ciência tradicional antecipa as descobertas da ciência, são reflexões profunda que encontram eco em posições de cientistas contemporâneos. Essas reflexões precedem são elas próprias puramente conceituais, abstraem as dimensões institucionais (legais, políticas, econômicas).

        Verificou-se o rendimento entre os conhecimentos. Geralmente argumentam que os conhecimentos tradicionais em nada contribuem para o progresso da ciência porque a atividade que eles apontam, os seus usos tradicionais não necessariamente coincidem com os que a ciência descobre. O conhecimento tradicional não é o que acaba sendo "verdadeiro" ou mais importantes. Há muitos contraexemplos dessa assertiva. Outra forma de diminuir o a ciência tradicional é dizer que, contrariamente a ciência, ela não procede por invenção, somente por descoberta e até, quem sabe, imitação de outros primatas.

        A posição de etnofarmacólogos como a professora Elaine Elizabetsky vê na ciência tradicional um potencial de renovação dos próprios paradigmas de ação das substancias ativas. Não se trata aqui de como muitos cientistas condescendentemente pensam, mas de simples validação de resultados tradicionais pela ciência contemporânea, mas do reconhecimento de que os paradigmas e práticas de ciências tradicionais são fontes potenciais de inovação da ciência.

        Um exemplo de outra área é a elucidativo. Costuma-se chamar de saber ecológico tradicional ao conhecimento que populações locais tem de cada detalhe do seu entorno, do ciclo anual, as espécies, dos solos, etc. A relevância desse saber não é disputado. Mais controverso é o problema da validade dos modelos locais. Os biólogos ensinam qual é o modelo científico.

Situação dos Seringueiros do Alto Juruá - Eles não somente tinham uma prática sustentável como também um modelo teórico adequado, ou pelo menos, tão bom quanto o atual.

        Qual o ambiente legal que rege estas questões? Até 1992, o conhecimento tradicional era considerado patrimônio da humanidade. Com a Convenção da Diversidade Biológica, instaurou-se um escambo. O Brasil foi um dos primeiros a assinar. É na regulamentação, no entanto, que os conflitos aparecem. Em consequência, apesar de vários projetos de lei tramitarem, até hoje, a regulamentação continua se dando através de MP datada de 2001 e reeditada sucessivamente.

        Depois de anos de debates e impasses, a Casa Civil tomou a matéria para si e tenta costurar com vários ministérios e SBPC um projeto de lei a ser enviado ao congresso. Este, entre outras coisas, quer conciliar as posições da Embrapa e as do Ministério do meio Ambiente, promovendo uma divisão que se quer salomônica: a agrobiodiverisdade não estará sujeita às mesmas regras da biodiversidade em geral.

        Em relação ao conhecimento tradicional, o Brasil encontra-se entre dois fogos. É um dos membros mais ativos. Tem se destacado também junto a órgãos da ONU, na defesa dos direitos intelectuais que resultam de conhecimentos tradicionais. Mas internamente, o governo esta divididos e um dos mais ferrenhos opositores é o Ministério de Ciência e Tecnologia.

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