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As origens da ordem politica

Por:   •  6/6/2015  •  Ensaio  •  1.289 Palavras (6 Páginas)  •  323 Visualizações

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 Francis Fukuyama - As origens da ordem política

A partir de 1970, onde a maioria dos países viviam ditaduras, a próxima geração viu alterações políticas importantes, conhecida como terceira onda de democratização de Huntington. No final do século XXI a democracia liberal se tornou forma padrão de governo para a maioria dos Estados independentes. A mudança para a democracia foi resultado da organização e maior participação na vida política das sociedades. Ocasionada pelo maior acesso à educação, tecnologia, viagens e comunicações, como também o aumento da prosperidade. Porém, no inicio do século XXI, o mundo passou por uma “recessão democrática”, países retornaram ao autoritarismo ou sofreram desgaste nas instituições democráticas.

        A democracia mundial, a partir do inicio da segunda década do século XXI passou a assumir varias formas distintas. Rússia, Venezuela e Irã sofreram total reversão dos ganhos democráticos, outros países como Cazaquistão e Uzbequistão atolaram na chamada “zona cinzenta”, onde não eram nem totalmente autoritários e nem significativamente democráticos. Outro caso, a Ucrânia, apresentou incapacidade de prestar serviços básicos, bem como diversas falhas de governança assolaram alguns países democráticos, pondo em risco a legitimidade de suas democracias. A Índia foi uma democracia bem sucedida, porém a fragmentação do sistema político tornou muito difícil, para o governo, tomar decisões sobre projetos de infraestrutura, o que não ocorreu na China, que não possui essa responsabilidade democrática. Outra fonte da ansiedade política tem relação com a economia, em que os países abrem suas economias para o capitalismo global, porém acabam sendo afetados por crises financeiras. Essa instabilidade é um reflexo de um fracasso político.

        As instituições políticas se desenvolvem lentamente e penosamente, diferente das sociedades humanas que se esforçam para se organizar e dominar o seu ambiente. Mas o declínio político acontece quando os sistemas políticos não conseguem se ajustar às circunstâncias que mudam. Existe uma espécie de lei da conservação das instituições. O ser humano, naturalmente segue regras; obedece às normas sociais a sua volta e cerca essas regras de significados e valores. Quando surgem novos desafios, costuma haver uma disjunção entre as instituições existentes e as necessidades presentes. Essas instituições são apoiadas por legiões de interessados conservadores, que se opõem a qualquer mudança fundamental.

Apesar do recuo da terceira onda e da recessão democrática na década de 2000, a democracia ainda é a condição política padrão. Embora não seja universal, os governos democráticos atingiram o status de serem geralmente considerados corretos pela opinião pública. Nenhuma instituição internacional endossa nada além do regime democrático como base de um governo justo. As pessoas preferem viver numa sociedade em que o governo seja responsável e eficaz e preste os serviços exigidos pelos cidadãos. Porém devido a fragilidade, a corrupção e a incapacidade desses governos, poucos, ou quase nenhum, conseguem realizá-los plenamente, pois é preciso um longo e muito difícil processo de construção dessas instituições.

Os governos modernos cresceram e limitam o crescimento econômico e a liberdade individual. As pessoas estão corretas quando reclamam da burocracia, da corrupção e da política sem princípios. No mundo desenvolvido a existência do governo é tão certa, que as pessoas esquecem que ele é importante e de como seria o mundo sem as instituições políticas. Um mercado livre, uma sociedade civil vigorosa são importantes para a democracia, mas não substituem as funções do governo. Não é a falta de recursos que deixam os países pobres, é a ineficácia das instituições políticas desses países.

        A Dinamarca obtém boas instituições políticas e econômicas, porém transformar sociedades tribais em uma Dinamarca é custoso, lento e penoso, além disso as instituições refletem os valores culturais em que estão inseridas e não é certo que a ordem política da Dinamarca possam se desenvolver da mesma forma em condições culturais diferentes. Com o tempo essas sociedades tribais desenvolveram instituições políticas, criando o Estado. As regras sociais foram formalizadas como leis escritas em substituição aos costumes e tradições informais, criando assim o Estado de Direito. Os governos passaram a ser responsáveis e respeitar a leis escritas e a democracia moderna nasceu quando os governantes concordaram com as regras formais que limitavam seu poder e subordinaram sua soberania à vontade da população, através de eleições, desenvolvendo um Governo responsável.

        A partir de 1800 na Europa e na America do Norte ocorreu uma explosão de produtividade e crescimento econômico transformando o mundo no que é hoje. As instituições políticas e sociais também se desenvolvem e estão intimamente ligadas à economia, porém há casos que são independentes. Muitos elementos de um Estado moderno já existiam na China antes de surgirem na Europa. A China construiu um Estado moderno nos termos definidos por Max Weber. Foi bem sucedida no desenvolvimento de um sistema centralizado e uniforme de administração burocrática capaz de governar uma população maior que a Europa mediterrânea. Mas o desenvolvimento político na Europa Ocidental foi incomum comparada a outras partes do mundo. O individualismo no nível social surgiu antes da ascensão dos Estados modernos. O Estado de direito existia antes que o poder político fosse concentrado nas mãos de governos centralizados, e as instituições de responsabilidade surgiram com a incapacidade dos Estados modernos de eliminar antigas instituições feudais. Essa combinação de Estado, leis e responsabilidade, foi disseminada a todos os cantos do Mundo.

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