BITCOIN: INTERNET DO DINHEIRO E O DIREITO
Por: Teles Souza • 5/10/2018 • Artigo • 7.275 Palavras (30 Páginas) • 248 Visualizações
BITCOIN: INTERNET DO DINHEIRO E O DIREITO
Bitcoin: internet of money and the law
Revista de Direito Bancário e do Mercado de Capitais | vol. 81/2018 | p. 119 - 139 | Abr
- Set / 2018
DTR\2018\19493
Ana Beatriz dos Santos Borges
Mestranda em Direito Comercial pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo –
PUC-SP. Aluna do curso American Language Program da Columbia University in the City
of New York. Bacharel em Direto pelo Centro Universitário do Estado do Pará – CESUPA.
Advogada. beatriz.santos.borges@gmail.com
Área do Direito: Financeiro e Econômico; Bancário
Resumo: Este trabalho tem como tema de discussão o Bitcoin, explicando o que é, como
funciona, a tecnologia envolvida e as formas de aquisição, bem como expõe o conceito
de Internet do dinheiro e a questão do Bitcoin e o Direito.
Palavras-chave: Aquisição ‒ Bitcoin ‒ Internet do dinheiro ‒ Direito ‒ Tecnologia
Abstract: This work has the objective to discuss about Bitcoin. Explain what is, how
works, the technology involved, and forms of acquisitions, as also presents the definition
of Internet of Money, and the matters of Bitcoin and the Law.
Keywords: Acquisitions ‒ Bitcoin ‒ Internet of money ‒ Law ‒ Technology
Sumário:
1 Introdução - 2 Internet of money (internet do dinheiro) - 3 Criptomoedas - 4 Bitcoin -
5 Bitcoin e sua divisão - 6 Bitcoin e o direito - 7 Conclusão - Referências bibliográficas
1 Introdução
Este artigo tem como objetivo não só estudar os dados intrínsecos ao Bitcoin e os seus
aspectos legais, bem como analisar o conceito de Internet do dinheiro.
2 Internet of money (internet do dinheiro)
O advento da internet possibilitou, facilitou e democratizou o acesso de pessoas comuns
a um mundo globalizado e conectado. Mas o que podemos entender por pessoas
comuns? Somos eu ou você, que não necessariamente estamos inseridos em
determinada instituição pública ou privada para termos acesso a um computador e,
consequentemente, à internet, podendo acessar o “mundo virtual” do conforto da nossa
casa.
A democratização da World Wide Web (www) – as siglas iniciais da internet – e os seus
consequentes avanços, permitiram-nos não mais sermos obrigados a usar somente
aqueles computadores enormes e cheios de fios fixos em um só lugar, e, sim, termos
acesso ao mundo conectado a partir de diversos aparelhos, como: notebooks, celulares,
tablets e relógios. A otimização da experiência do uso da internet tornou-se mais
eficiente e dinâmica.
Pessoas comuns passaram a ter acesso barato e em qualquer lugar por meio de seus
dispositivos móveis e, consequentemente, maior liberdade de otimização na vida
cotidiana. Falar ao telefone fora de casa, escrever mensagens e recebê-las em tempo
real, enviar um e-mail remotamente, pedir um táxi ou uma comida pelo aplicativo, pagar
contas pelo celular, assim como outras facilidades e funcionalidades, são exemplos de
como a internet modificou as nossas vidas, atingindo um patamar que não retroagirá
mais, ou seja, daqui para a frente só avançará cada vez mais com inovações que nos
surpreenderão.
Bitcoin: internet do dinheiro e o direito
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Essa conectividade intensa se chama “Internet das Coisas”, em que os objetos físicos,
conectados com a internet, permitirão coletar e transmitir dados, para melhor otimizar o
nosso dia a dia, ou seja, permitem-nos controlá-los remotamente, como também os
utilizar como provedores de serviços. Uma das bases desse ecossistema virtual é a
Inteligência Artificial (IA). Um forte exemplo da IA, é a Siri da Apple, que toma como
base informações que nós mesmos acabamos fornecendo, simplesmente por usar o
celular (Iphone) ou o tablet (Ipad) ou o relógio (AppleWatch). Com um simples chamado
por voz, a IA Siri, dentro do celular, começa a realizar tarefas, às quais o usuário deu o
comando pela voz, ou, simplesmente, oferece dados sem a necessidade do comando por
voz, mas, simplesmente, por sua localização estar ativada, fornece rotas melhores para
você chegar mais rápido em casa, por exemplo. É, a partir dessa interatividade, cada
vez mais frequente, entre o ser humano e a máquina, que se desenvolveu o conceito de
Internetof Things (“Internet das Coisas”).
A partir das experiências advindas da Internetof Things (“Internet das Coisas”), por que
não democratizar o sistema financeiro? É por meio de perguntas como essa que surge o
conceito de Internetof Money (“Internet do Dinheiro”).
O conceito de Internetof Money (“Internet do Dinheiro”), surgiu da noção de Internetof
Things (“Internet das Coisas”) e foi dado por Andreas M. Antonopoulos; ele é um
empreendedor tecnológico grego-britânico, que se tornou uma das pessoas mais
conhecidas e respeitadas quando se fala em Bitcoin.
Porém, antes de entendermos a essência do Bitcoin e o consequente conceito de
Internetof Money, que esta inovação trouxe, primeiro devemos observar um
entendimento mais forte, trazido junto com essa tecnologia, que é a ideia de disrupção.
O que é ser, na essência, disruptivo? Entendemos que ser disruptivo é romper,
interromper a sequência, ou segmento natural de um processo; em termos tecnológicos,
a disrupção ocorre quando uma inovação tecnológica, seja esta um produto ou serviço,
interrompe uma tecnologia já existente e dominante, ou seja, em vez de a nova
tecnologia ser uma evolução da precedente, ela é a interrupção e a criação de um novo
sistema. Por isso, diz-se que o Bitcoin é uma ideia disruptiva, pois veio para quebrar
paradigmas no sistema financeiro mundial.
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