Estudiosos da retórica: Aristóteles e Perelman

        O autor apoia-se em dois estudiosos da retórica: Aristóteles e Perelman, tratando da retórica desde seus primórdios até o que é chamado de ‘nova retórica’. No capítulo 1, o autor mostra a evolução da retorica até o termo nova retórica, explicando as partes que a compõe. A partir do capítulo 2 já apresenta as estratégias, tipos e usos da retórica na argumentação.

Inicialmente, traz a história do conceito de retórica, mostrando que não é uma prerrogativa de apenas uma cultura, mas é de caráter universal, mas comenta que os gregos, em especial Aristóteles, trouxe uma delimitação do campo da retórica, explicando e sistematizando a mesma. Já demonstrando a relação da retórica com o direito, remete aos tempos em que não haviam advogados, mas havia uma intenção de dar, através da retorica, elementos de argumentação que pudessem ser usados em qualquer contexto. E estes elementos são ainda utilizados até os dias atuais.

Após a origem da retórica, o autor apresenta o conceito de retórica, enfatizando que esta não é boa e nem má, não é moral, nem imoral, mas apenas uma técnica que por vezes se utiliza de recursos como astúcia, engano, equívoco, e tem a finalidade de persuadir, despertar a adesão do auditório a uma proposta por meio de um discurso. A arte de persuadir, como é chamada, não utiliza de violência ou qualquer outra forma de repressão e tem como característica um pacto de credibilidade (credibilidade sendo o fundamento principal da retórica).

A grande contribuição de Aristóteles para a retorica foi explica-la de forma sistemática, estabelecendo quatro partes que a compõem (posteriormente os romanos acrescentariam mais uma parte), sendo elas inventio que seria descobrir ‘o que dizer’; dispositio que seria colocar os elementos em ordem para estruturar o discurso; elocutio que ao contrário dos dois primeiros que se referem mais ao conteúdo e ao que dizer, está mais ligado a quando dizer e de que forma dizer; actio coloca o discurso em execução e por último a memoria que faz parte do discurso e não pode ser colocada de lado, desde os tempos antigos até os atuais.

Aristóteles também propôs três gêneros do discursos, são eles: gênero deliberativo, cuja função é tomar decisões que se propões para o futuro; gênero judiciário que propõe a questão da justificação; e gênero epidítico próprio a cerimonias solenes, alegres ou tristes.  

Perelman traz a chamada Nova Retórica, e abre novas perspectivas estabelecendo laços entre a retórica e outras disciplinas como a semiótica e a pragmática. Mas há diferenças entre a velha e a nova retórica como por exemplo, enquanto a Nova Retórica tem em vista não só o auditório determinado, mas também o auditório de cunho geral e indeterminado; a velha retorica preocupava-se com o discurso oral, a nova retorica se preocupa também com o  discurso escrito e impresso; enquanto a velha retórica privilegiava o condicionamento do auditório, a nova retorica tem como objetivo o estudo das estruturas da argumentação e das técnicas argumentativas.

O orador também constitui parte importante na nova retórica do Perelman, pois no ato de comunicação interativa existem duas peças: o destinador e o destinatário. A segunda parte importante na doutrina perelmaniana é o auditório em função do qual se promove toda e qualquer argumentação. Toda e qualquer forma de argumentação visa à adesão do auditório, quando se chega à adesão, fala-se em acordo. Na nova retórica proposta por Perelman, convencer é so o primeiro passo, que tem por objetivo esclarecer, fazer compreender, conscientizar, já persuadir é um passo a mais que leva ao ato, ao resultado e tem por objetivo conduzir, levar ao fazer.  Os principais componentes da persuasão são: coerência, repertório, carisma e dialética.