Fichamento, Conversando Sobre Ética e Sociedade
Por: Portal Pimentense • 24/8/2019 • Trabalho acadêmico • 3.169 Palavras (13 Páginas) • 642 Visualizações
FICHAMENTO LIVRO 1
SUNG, Jung Mo; SILVA, Josué Cândido da. Conversando sobre ética e sociedade. 16, 18 ed. Petrópolis: Vozes, 2011. 117p.
O autor começa falando que a ética, que é um assunto antigo, é muito abordada na atualidade, devido a necessidade da vida em sociedade. Contudo, atesta que esse assunto fica muito restrito ao meio acadêmico ou a outro meio específico, tal como a ética do advogado. Dessa forma, apresenta como a proposta principal desse livro, tratar sobre ética de forma mais informal e geral. Para isso, o livro fora dividido em duas partes, os três primeiros capítulos mais teóricos e os últimos quatro relacionando o tema, qual seja ética, com outros assuntos, quais sejam a natureza, as questões de gênero, a política e a economia.
No primeiro capítulo, o autor traz à tona a problemática de se refletir sobre questões que sempre nos fazemos no dia-a-dia, bem como garante que nós, automaticamente, as respondemos com algo que é costumeiro no meio em que vivemos, ou sejam, as denominadas “normas da sociedade ou do grupo social”.
Após isso, ele trata sobre a moral e a ética, onde afirma que essas normas da sociedade estão diretamente ligadas aos nossos valores morais. Para entendermos melhor, diferencia ética de moral, sendo a moral conhecida como os nossos costumes e a ética como o caráter, portanto, a ética se refere a teoria sobre a exercício da moral. Ainda fala que, quando não somos domesticados pelos valores morais vigentes, costumamos discordar de muitas coisas que vivenciamos, e que isso é absolutamente normal, e que esta ação representa “a descoberta da diferença entre o que é e o que deveria ser: a experiência ética fundamental”.
Noutro giro, ele aborda sobre a ética e a condição humana, onde diz que os homens não são perfeitos, são inacabados, portanto, somos todos diferentes um dos outros, pois “o grande desafio das nossas vidas é o processo de construção do nosso ser”. Fala também sobre o fato de sermos livres, que isso é o que nos difere dos outros animais, nossa vida não é determinada pela natureza e nem pelo destino, mas sim por nós mesmos. E isto nos leva a pensar sobre a responsabilidade que temos em relação as nossas atitudes e também nas consequências delas, bem como que isso traz insegurança, e é devido a ela que temos a necessidade de acreditar que nossa vida está nas mãos de uma divindade ou do destino, ou somente ser aquele papagaio de pirata, que vive reproduzindo o que os outros fazem sem se preocupar com a construção do eu.
Adiante o autor fala sobre o ser e o dever ser. Afirma que temos que questionar a realidade, não acreditar cega e absolutamente nela, para que assim possamos pensar sobre um outro meio de viver. Nesse sentido, usa o exemplo dos escravos, considerando que as pessoas não sentiam remorso diante daquela situação, pois acreditavam que eles estavam ali porquê eram inferiores ou pela vontade de Deus, até que, finalmente, alguém usufruiu da denominada “indignação ética” e quis mudar aquele pensamento retrogrado, sendo a injustiça um fruto do “juízo ético” da referida pessoa. Assim, o Autor atesta que a indignação ética é uma experiência humana fundamental, pois é assim que “desmascaramos o mal travestido de normalidade”.
Agora trata sobre intenções e efeitos das nossas ações. Essas nossas ações têm alguma motivação, estas podem ser conscientes, quando pensamos na sua finalidade, ou inconscientes, quando a motivação é automática. Essa automatização é um reflexo dos valores morais adquiridos ao longo da vida, é o que entendemos por normalidade. Quanto as consequências, ele diz que podem ser intencionais ou não intencionais, e por mais que o ato tenha sido pensado, podem não sair do jeito que queríamos, dessa forma, sabe-se que ocorrera algo errado entre a intenção da ação e o resultado, o que nos traz a necessidade de controlar os efeitos não intencionais das nossas ações.
O questionamento ético traz alguns problemas para a nossa vida. O primeiro pode ser um conflito entre o meu interesse a curto prazo e os objetivos a médio e a longo prazo, assim, cada um deve pesar o que é melhor para si. O segundo é o conflito entre o meu interesse pessoal e o interesse coletivo, isso é o que nos leva a pensar no outro, visto que vivemos em sociedade e precisamos uns dos outros para sobreviver. Dessa forma, podemos dizer que o questionamento moral pressupõe um conflito de interesses, em questão de tempo – mediato ou imediato - e de agentes – particulares ou coletivos -.
E desse conjunto vem à tona a consciência ética que, em suma, é baseada na desconfiança, basicamente, do que é certo e o que é errado, considerando aqueles pontos dos conflitos de interesse.
Considerando que o ser humano é inacabado e que age, muitas vezes, de forma instintiva e automática, o Autor tenta explicar o aparente paradoxo. Para isso, Afirma que o ser humano é imperfeitamente programado pela sua própria constituição biológica e que por isso o mundo é aberto, para que seja modelado pela atividade humana, eis que surgimos para “organizar o mundo para superar o caos”, e assim construímos a si mesmo.
Neste momento, o Autor passa a falar sobre o fato de a cultura ser nossa segunda natureza. Assim, constata que “o mundo humano, construído pelos próprios seres humanos é cultura”, isto é, a cultura é como uma segunda natureza (sendo que a biológica é a primeira natureza), uma vez que supre a falta de instintos biologicamente determinados (como dos animais), bem como que é graças a interiorização dessa cultura que podemos agir de forma instintiva e automática. Nesse sentido, observa que o que é normal em uma cultura, não é em outra, o que corrobora para mostrar que esses atos não estão ligados a fatores biológicos, mas sim culturais. O processo de interiorização da cultura se dá por meio da observação e repetição do ato, seja este moral, social, ideológico e etc, essencialmente na fase de iniciação no grupo social.
Outrossim, aborda, agora, a cultura como uma criação social, sendo que é “resultado das soluções e respostas criativas dadas pelos indivíduos e pelo grupo social frente aos desafios que a vida coloca”. Essa criação se deu pela primeira geração, por meio da exteriorização, que virou tradição, e foi repassada de geração a geração. Essa nova geração interioriza a cultura, a modifica diante da realidade cultural que vive, acrescenta informação (uma vez que surgem novos conflitos, que necessitam de novas soluções) e, posteriormente, passam para a próxima geração. “Assim, temos dois tipos de soluções, as técnicas que não entram em conflito nem em contradição com os principais valores e modelos estabelecidos do grupo social, e as paradigmáticas que conflitam e alteram os principais valores, princípios e modelos de funcionamento estabelecidos”.
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