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Resumo de SUNG. J. M.; SILVA, J. C. Conversando sobre ética e sociedade. Vozes Petrópolis. 1997.

Por:   •  6/4/2016  •  Resenha  •  1.614 Palavras (7 Páginas)  •  3.180 Visualizações

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Capítulo 2: Ética e Construção da Realidade

Para os seres humanos, o que substitui e supre a ausência dos instintos biologicamente determinados é a cultura, algo que foi criado e desenvolvido pelos próprios seres humanos. É o “automático”, a totalidade das atividades e dos produtos do homem. Seja material ou espiritual, a cultura é como uma “segunda natureza”, e é nessa interiorização da cultura da sociedade a que pertencemos que nos permite agir quase que instintivamente e automaticamente. A pessoa que age dentro e de acordo com sua própria cultura não irá parar para pensar sobre esse comportamento, ela simplesmente age conforme sua cultura.

Esta segunda natureza que chamamos cultura é criada para que os indivíduos de diferentes grupos possam enfrentar os desafios que a vida apresenta, e pode ser demonstrada por cada um desses indivíduos por meio de um fenômeno chamado exteriorização, que seria a possibilidade do homem em expor-se e criar relações sociais dentro do grupo a que pertence. Tais relações podem ser simétricas (ou sem dominação), onde todos possuem condições semelhantes; ou podem ser assimétricas, existindo assim um grupo dominante, que possui maior influência no estabelecimento das relações sociais. As relações sociais desenvolvidas com o passar das gerações são mantidas ou alteradas, formando assim a chamada tradição de um determinado grupo.

Quando acatamos os padrões ditados por nossa cultura, esta se torna a realidade que comanda todas as relações interpessoais e sociais do grupo, e todos assim passam a cumprir os padrões estabelecidos. Com isso, quem não se enquadrar nestes parâmetros e não exercer efetivamente o que lhes é dito, ou seja, não obedecer às tradições, está sujeito ao preconceito, discriminação e julgamento. Contudo as tradições e normas não são perfeitas e possuem abertura para contestação. Se não fosse por isso viveríamos em um mundo altamente rígido e inflexível controlado pelas normas.

No entanto as contestações ou novidades trazem insegurança e medo em uma sociedade que possui rígidas tradições, pois escancara a fragilidade de um sistema tido como seguro infalível. O ser humano precisa de um porto seguro, portanto resiste e defende um sistema de normas e tradições, sendo qualquer novidade vista como ameaça. Logo existem os mecanismos de defesa de modo a evitar a propagação desta ameaça, mecanismos como: a supervalorização do sistema frente à uma ameaça, a expulsão ou subjugo da ameaça ( pessoas com ideias diferentes da realidade) e por último e a mais trabalhosa, aceitação e englobamento dos novos ideais, a conversão da ameaça em benefício.

Portanto, para que as mudanças possam ocorrer de maneira natural os defensores da cultura vigente devem responder a essas novidades e trabalha-las na sociedade, de modo que sejam aceitas e não mais vistas como ameaça. A sociedade precisa da retomada dos conceitos éticos, uma solução frágil, para legitimar, para impor limites e moderar todas essas mudanças e questionamentos que estão ocorrendo, ou seja, a busca por respostas para tantos novos questionamentos.

Capítulo 5: Ética e Política

Ética e política sempre estiveram em conflito, e atualmente estamos vivendo uma crise no sistema político frente aos questionamentos da sociedade com relação à ética. A sociedade moderna difere-se muito da sociedade tradicional no que diz respeito à relação entre política e moral religiosa, pois antigamente eram esses conceitos morais-religiosos e seu conjunto de valores quem comandavam todos os outros aspectos da vida da sociedade tradicional, inclusive na política.

No entanto, a partir do século XV, as pessoas começam a buscar respostas não mais através da moralidade e da religião, e sim através da razão e das ciências, e esse tipo de mentalidade passa a predominar em todas as esferas da vida dessa sociedade. É nesse contexto que o Estado moderno ganha a função de garantir a igual distribuição de poder, e a ética moral dá lugar à ética política.

De acordo com Maquiavel, a ética política preocupa-se apenas com os meios, ao contrário da ética moral, que se preocupa com os fins. Para a ética política, o principal é se manter e ascender no poder, não importando os meios utilizados e nem as intenções (por melhores que sejam) dos governantes. Quando se trata de questões políticas, os valores morais raramente são considerados como critério de decisão, o que vale mesmo são critérios objetivos.

Ainda na modernidade ocorre uma separação entre público e privado, que ao mesmo tempo significou um avanço na democratização da política, pois com a racionalização do poder político do Estado as questões políticas desvincularam-se da vontade do soberano, mas também contribuiu para o excesso de racionalização do Estado, o que acarretou na atribuição de um poder cada vez maior à burocracia. Uma das maiores contradições do sistema político moderno é que a formalização do poder político, que tinha como intuito a passagem do poder para toda a população, acabou afastando essa mesma população das decisões políticas. Essa foi uma das causas da crise do sistema político moderno.

Principalmente a partir da segunda metade do século XIX, os trabalhadores na tentativa de corrigir os excessos de racionalização do poder e também para distribuí-lo às camadas mais pobres e não só aos capitalistas, organizaram uma imensa luta pela democratização do Estado por meio de sindicatos. O que resultou foi justamente o contrário: uma burocratização estatal ainda maior. Em países capitalistas, o Estado acabou tendo de tentar compensar os efeitos avassaladores da economia de mercado provocado pelo sistema capitalista. Com isso, o Estado se via cada vez mais comprometido com questões econômicas ao invés de políticas, e essa tecnificação acarretou na desestimulação das pessoas a participarem da vida política, o que facilita o controle do Estado por grupos de interesse, como banqueiros e empresários, que direcionam a ação do Estado a interesses privados.

Em resumo, o que a crítica ética tenta mostrar à política é não só o quanto ela se afastou dos princípios morais, mas também de seus próprios princípios. O discurso da imparcialidade

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