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Fichamento a Cidade Antiga

Por:   •  17/10/2020  •  Ensaio  •  1.106 Palavras (5 Páginas)  •  323 Visualizações

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FICHAMENTO

FUSTEL DE COULANGES, Numa Denis. A cidade antiga: estudo sobre o culto, o diereito e as instituições da Grécia e de Roma. São Paulo (SP): 1ª Ed. Martin Claret, 2009. Título original: La Cité Antique: Étude sur Le culte, Le droit, lês institutions de La Grèce et Le Rome. Tradução: Roberto Leal Ferreira.

Em 1964, o francês Fustel de Coulanges publicou A cidade antiga. Nessa obra, o historiador faz um estudo da religião, política, costumes e instituições das sociedades greco-romanas, mas há também menção de outras sociedades antigas como a chinesa, hindu e índios norte-americanos. A obra é divida em cinco livros: Crenças Antigas, A Família, A Cidade, As Revoluções e Desaparece o Regime Municipal.

O início do livro trata das crenças a respeito da vida e da morte. Diz que os povos antigos acreditavam em uma vida após a morte, em detrimento de uma aniquilação total do ser após a morte. Para os gregos e romanos, a alma não se separava do corpo, e dessa forma, os mortos continuavam a viver debaixo da terra, uma espécie de segunda existência.

Tal crença se refletia nos ritos acerca da morte, e os mortos que não recebessem os devidos “cuidados” funerários passariam a atormentar àqueles que não cumpriram com suas obrigações ritualísticas. “Eles encararam a morte, não como uma dissolução do ser, mas como uma simples mudança de vida.” (p.23)

Para gregos e romanos, os mortos se igualavam às divindades, e por isso eram dignos de cultos.

Foi talvez diante da morte que o homem, pela primeira vez, teve a ideia do sobrenatural e quis abarcar mais do que seus olhos humanos podiam lhe mostrar. A morte foi, pois, o seu primeiro mistério, colocando-o no caminho de outros mistérios. Elevou o seu pensamento do visível para o invisível, do transitório para o eterno, do humano para o divino. (p. 26).

Outro culto abordado por Coulanges além dos procedimentos funerários, trata-se do fogo sagrado, poder atribuído ao chefe de família cujo simbolismo remete ao poder tutelar, no qual o fogo somente se apagava quando o último membro da família falecesse. “É um fogo puro, que só pode ser produzido quando auxiliado por certos ritos e só alimentado com determinadas espécies de madeira.” (p. 33). “Lareira extinta, família extinta, eram expressões sinônimas entre os antigos.” (p.34). A partir desses cultos (ao fogo sagrado e aos mortos) é que se deu o surgimento das chamadas “religiões domésticas”.

Nas religiões domésticas, cada família adorava seus próprios deuses, representados na figura de seus antepassados. A celebração religiosa era sexista, uma vez que apenas o pater familis poderia realizar a cerimônia, e a sucessão se limitava apenas aos membros familiares do sexo masculino. Dentro da religião doméstica, a primeira instituição estabelecida foi o matrimônio. A mulher, quando se casava, abandonava a casa de seus pais e passava a cultuar os deuses de seu esposo, não tinha mais o direito de cultuar os mortos da sua família.

A continuidade era um fator determinante para as famílias, uma vez que se faziam extremamente necessários as figuras dos descendentes para se manter a continuidade do fogo sagrado. A partir dessa urgência familiar proibiu-se o celibato, e permitiu-se a adoção do sexo masculino e o divórcio (em caso de esterilidade feminina).

Assim como a religião, demonstrada através do fogo sagrado, a propriedade também era repassada ao primogênito da família, uma vez que as mulheres “abandonavam” suas famílias, inserindo-se no seio familiar de seu cônjuge, e os filhos emancipados perdiam todo e qualquer direito de herança. “A ideia de propriedade privada estava implícita na própria religião. Cada família tinha o seu lar e seus antepassados e só ela, protegiam; eram sua propriedade” (p. 66).

A formação das leis não provinha especificamente do ordenamento jurídico da época, mas sim de seu direito consuetudinário, ou seja, seus costumes e cultos.

 

Os mortos eram considerados como entes sagrados, cada morto era um deus e, os túmulos eram os templos dessas divindades. Sobre a influência dos mortos, o autor diz: “Embora estivesse morto, sabia ser forte e ativo. A ele se orava, pedia-se-lhe o seu apoio e seus favores” (p. 25).

No direito de família, Coulanges demonstra que a família serviu de base para o surgimento da sociedade. As fatrias, na Grécia, e as cúrias, em Roma, eram uniões de famílias pelo culto comum, que por sua vez originaram as tribos, que originaram as vilas, e assim ocorreu o crescimento proporcional que provocou o surgimento das cidades. Dentro da cidade, encontravam-se as urbes, localidades em que ocorriam reuniões para se discutir ritos religiosos, além de ser considerado como santuário da cidade. Nas sociedades supracitadas, cada uma possuía uma divindade. Nas cidades, tal divindade era chamada de rei. A partir desse momento, observa-se o quão intrínseca era a relação entre a religião e o Estado.

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