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MENINAS MULHERES - Quando a criança é a senhora da casa

Por:   •  10/11/2016  •  Artigo  •  6.418 Palavras (26 Páginas)  •  280 Visualizações

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MENINAS MULHERES – Quando a criança é a senhora da casa

        

Samuel Ferreira Soares

Gabriel Alex da Silva Magalhães

Isaac Kahl Guedes de Menezes

Jamilly Pinheiro Pereira

José Joaquim Júnior Castro de Castro

Lucas Augusto Souza Farias

Mário Antônio Baia Gomes

Reinaldo Alves Dutra

Rômulo Renan Oliveira dos Santos[1]

Maria Clarice Leonel[2]

RESUMO: Essa narrativa tem o interesse de trazer a lume os acontecimentos protagonizados por duas mulheres que quando eram crianças foram submetidas a violência doméstica, a partir da exploração do trabalho forçado, que resultou, também, na violência física e sexual. Assim como fomentar a erradicação de culturas perversas e expropriadoras dos diretos das crianças, que refletem na sociedade como um todo. E também, conscientizar a necessidade de políticas públicas e protetivas para o aumento do capital social das comunidades carentes.

Palavras chaves: Exploração, trabalho, prisão, medo, cultura.

Summary: This narrative have interest in bringing to light the events by two women who as children were subjected to domestic violence, from the exploitation of forced labour, which resulted in physical and sexual violence. As well as promoting the eradication of evil and expropriadoras cultures of children's direct, which reflect on society as a whole. Also, raise the need for public policies and protective for the increased share capital of underserved communities.

Key words: Exploration, work, prison, afraid, culture.

Introdução

A exploração do trabalho doméstico realizado por crianças nos interiores das “casas de famílias”, principalmente por meninas, inspirou o tema Meninas Mulheres. O estudo de caso resultou na narrativa dos fatos ocorridos na vida de duas mulheres que quando meninas foram submetidas ao trabalho doméstico em casa de terceiros. Pretendemos, a partir dessas narrativas atrair o olhar reflexível para uma prática Invisibilizada por justificativas de solidariedade e a inviolabilidade desse espaço.

Os fatos ocorreram entre os municípios de Irituia, Breves, Gurupá, Santarém e Belém. A pesquisa pretende criticar um fenômeno muito comum em uma sociedade marcada pela desigualdade social, que parece naturalizar uma prática de exploração, domínio e opressão de crianças postas em condições análogas à escravidão, no âmbito doméstico.

A violência demostrada na exploração da mão de obra infantil encontra apoio na desestruturação do modelo familiar, no estado de pobreza e na falta de políticas públicas. A ausência do Estado, como ente fiscalizador de direitos, condiciona a criança a apenas uma via de defesa, a representação familiar.

A narrativa não só denuncia a violação dos direitos da criança, advinda da exploração do trabalho infantil, mas busca contextualizar a análise dos fatos pela interdisciplinaridade de seus elementos cognitivos, visando sensibilizar a consciência social.  

Essas mulheres que tiveram suas infâncias destruídas, foram marcadas físico e psicologicamente pelo sofrimento para o resto de suas vidas. A dor da lembrança evidencia a extensão da violência e a saudade demarca o vácuo de uma infância que pouco existiu.  

   

A ciência está longe de ser um instrumento perfeito de conhecimento. É apenas o melhor que temos. Nesse aspecto, como em muitos outros, ela se parece com a democracia. A ciência, por si mesma, não pode defender linhas de ação humana, mas certamente pode iluminar as possíveis consequências de linhas alternativas de ação. (SAGAN, 1996, p. 41).

Narrativa

A primeira menina nasceu no Município de Irituia, lá vivia juntamente com seus pais e seus seis irmãos em uma casa muito pequena, de madeira, que só tinha um quarto. Como toda criança, gostava de brincar por toda aquela região interiorana e usufruía de tudo o que a natureza proporcionara. Porém, era um município carente de políticas públicas. Sem hospital, educação precária, sem projetos sociais, era difícil para o seu pai sustentar a família, que era relativamente grande. Dos sete filhos, quatro eram meninas.

Ainda tinha dois anos quando sua mãe “foi embora de casa” e ela cresceu sem sua companhia. Aos dez anos, ainda não havia estudado, pois, conforme seu relato, seu pai não podia comprar roupas e cadernos para que ela frequentasse a escola. Passavam necessidades, até fome. A prefeitura, ou qualquer intervenção de entidades sociais nunca foram em sua casa para prestar qualquer tipo de auxílio. E essa era a realidade da maioria das famílias de sua comunidade.

A segunda menina já cresceu à beira de um rio em um interior do Município de Breves. Ela e seus cinco irmãs ali moravam juntamente com seu pais. Este era agricultor e sua mãe cuidava da casa e dos filhos. Segundo ela, o pai era muito responsável com a família, tinha plantações, fazia farinha, e providenciava o sustendo para todos. Além disso, era muito atencioso e amoroso com os filhos, principalmente com as filhas.

[...] meu pai era um pai muito bom. Cuidava da gente. Não deixava nem a mãe bater na gente. (pesquisa de campo: 2015).

O drama começa com a morte do pai. Sua mãe se viu sozinha para cuidar de seis filhos. O trabalho do marido era na roça. Era de lá que ele tirava o sustendo para toda a família. Na sua morte, os filhos ainda eram muito pequenos. A viúva não tinha uma família para lhe apoiar. Os parentes por parte do marido não se manifestaram. Restando-lhe a escolha de migrar para o centro da cidade em busca de trabalho para sustentar os filhos.

É um fenômeno comum, em comunidades carentes, a migração de famílias do campo para as cidades, em busca de trabalho. Quando os pais não podem ir, por diversos fatores, mandam os filhos para a casa de parentes que já foram antes. Em outros casos entregam os filhos, principalmente as meninas, para terceiros, na esperança de que possam garantir as necessidades básicas dessas crianças, como alimento, saúde e educação.

As histórias se desenvolvem em um ambiente de desestrutura familiar e ausência do poder público. A condição de pobreza, aliada a fatores culturais, contribuíram para essa modalidade de exploração da mão de obra infantil. Essa prática está catalogada entre o rol da violência doméstica, por submeter crianças a uma condição de trabalho inadequado a sua estrutura, além de negar-lhe o direito a uma infância. O Ministério do Trabalho e Emprego lançou uma cartinha de orientação sobre o direito das crianças e adolescentes, e traz essas orientações:

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