O Direito Público e Privado
Por: Dila Geliebte • 27/3/2023 • Trabalho acadêmico • 955 Palavras (4 Páginas) • 64 Visualizações
A Constituição de 1988 representa um marco importante para o processo de
transição política da ditadura para a democracia, pois significou a reconstrução
do Estado de direito. Embora muitos de seus artigos e capítulos possam ser
criticados, por reproduzirem práticas históricas de autoritarismo ou concentração de poderes, foi o texto constitucional que mais assegurou direitos civis,
políticos e sociais para os brasileiros. O processo de elaboração da Constituição,
realizado por meio de uma Assembleia Nacional Constituinte, também contou
com a ampla participação da população, que utilizou diferentes canais para expressar as suas expectativas e os seus desejos em relação ao teto constitucional.
A Constituição
Federal de 1988:
entre a construção
e os avanços
Caroline Silveira Bauer
Neste capítulo, você conhecerá o processo que deu origem à elaboração
da Constituição de 1988. Além disso, conhecerá os trabalhos da Assembleia
Nacional Constituinte e o desenvolvimento destes. Por fim, você verá quais
são as liberdades democráticas asseguradas por aquela que ficou conhecida
como a Constituição Cidadã.
As lutas por uma constituinte e
uma constituição
Durante o processo de transição política da ditadura para a democracia,
diferentes atores sociais demandaram a convocação de uma constituinte,
a fim de elaborar uma nova Constituição que assegurasse a organização de
um Estado democrático, bem como os direitos civis, políticos e sociais da
população. Essa reivindicação era apresentada por diferentes movimentos,
que se organizaram ou se rearticularam na conjuntura dos anos 1970, após a
ditadura anunciar uma abertura lenta, gradual e segura.
Nos anos 1980, mais especificamente nos debates para as eleições de 1984,
o então candidato Tancredo Neves explicitou o seu compromisso, caso eleito,
pela convocação de uma constituinte para dar continuidade ao processo de
redemocratização. A proposta estava inserida em uma conjuntura de mobilização social oriunda do movimento das Diretas Já, e foi muito bem-recebida pela
população. Mesmo com a derrota da Emenda Dante de Oliveira e a realização
de eleições presidenciais por meio do Colégio Eleitoral, setores da população
seguiram mobilizados para participar da elaboração da nova Constituição.
Com a doença e a morte de Tancredo Neves, seu vice, José Sarney, assumiu
a presidência da República, governando entre os anos de 1985 e 1989. Sarney
deu continuidade ao projeto de elaboração de um novo texto constitucional,
entretanto, seu governo foi marcado por uma grave crise econômica, o que,
muitas vezes, gerou descrédito social sobre a conclusão do processo de
transição e a aprovação de uma nova Constituição.
Do ponto de vista econômico, houve uma sucessão de planos para conter a inflação e estimular o consumo. O primeiro deles, chamado de Plano
Cruzado, foi lançado em março de 1986, após o primeiro ano de governo de
Sarney acumular 220% de inflação. Tratou-se de um plano que envolveu: uma
reforma monetária, com a mudança da moeda (do cruzeiro para o cruzado);
o congelamento dos preços e dos salários por um ano, com a existência do
gatilho salarial (caso a inflação atingisse 20%, os salários aumentavam na
mesma proporção); e criou o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), como
2 A Constituição Federal de 1988: entre a construção e os avanços
base para as correções monetárias de aplicações financeiras e da poupança
(FERREIRA, 2018).
Em um primeiro momento, o Plano foi um sucesso, pois conteve a inflação e aumentou o poder aquisitivo da população. O clima de euforia e
otimismo fez muitas pessoas passarem a se reivindicar como “fiscais do
Sarney”, monitorando o aumento de preços e denunciando as remarcações
realizadas. Como
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