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O Gênero em Debate

Por:   •  9/8/2016  •  Resenha  •  936 Palavras (4 Páginas)  •  196 Visualizações

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RESUMO – PPJ

GÊNERO EM DEBATE – TEXTO 02

As recentes preocupações da historiografia com a descoberta de “outras histórias” vêm favorecendo a inclusão das mulheres e a incorporação da abordagem de gênero nos estudos históricos.

Na realidade, os estudos sobre a mulher nas ciências sociais brasileiras tem uma certa ancestralidade, poderíamos citar a publicação de A mulher na sociedade de classes, de Saffioti (1969). A presença das mulheres nos escritos acadêmicos vem crescendo, mediante sua conquista de novos espaços. Um primeiro fator seria a maior presença feminina no mercado de trabalho, inclusive nas universidades, conjugada a expansão da luta das mulheres pela igualdade de direitos e pela liberdade, numa conquista do espaço público que derivou da afirmação dos movimentos feministas.

As reivindicações femininas voltaram ao cenário somente em 1975, quando a ONU instaurou o Ano Internacional da Mulher. Mesmo sob o contexto desfavorável dos governos militares, os temas referentes a mulher reapareceram: violência sexual, contracepção, aborto, juntamente com as reivindicações concernentes ao trabalho (a dupla jornada de trabalho) a cidadania das mulheres.

Na década de 70 as mulheres entraram em cena e se tornaram visíveis na sociedade e na academia, onde os estudos sobre a mulher se encontravam marginalizados da maior parte da documentação oficial. Isso instigou os interessados na reconstrução das experiências, vidas e expectativas das mulheres nas sociedades passadas, descobrindo-as como objeto de estudo.

Nesse período a presença feminina foi marcante, nos âmbitos dos bairros, creches, escolas e principalmente nas igrejas, reivindicando condições de saúde, educação, saneamento básico, habitação (carências de uma população marginalizada no processo de urbanização), além da luta pela anistia.

Nessa perspectiva, o tema da mulher passou a atrair os historiadores desejosos de ampliar os limites de sua disciplina, de abrir novas áreas de pesquisa e, acima de tudo, de explorar as experiências históricas de homens e mulheres cuja identidade foi tão freqüentemente ignorada ou mencionada apenas de passagem. Logo, podemos perceber uma certa vinculação entre a produção acadêmica e a emergência dos movimentos feministas e de mulheres.

Nas ciências sociais, ampliaram-se nos últimos anos os estudos sobre a mulher, sua participação na sociedade, na organização familiar, nos movimentos sociais, na política e no trabalho, o tema adquiriu notoriedade e abriu novos espaços, em particular após a incorporação da categoria gênero nessa área. A produção historiográfica sobre as mulheres vem crescendo e tomando vigor pluralista, abrangendo distintas formas de abordagem e conteúdos variados.

A produção historiográfica brasileira sobre as mulheres nos anos 80 apresenta variadas abordagens. No âmbito da temática do trabalho feminino, procurou-se resgatar as múltiplas estratégias param encontrarem brechas por intermédio das quais pudessem se expressar ou ao menos sobreviver.

Nesse sentido, estudos como os de Thompson foram inspiradores para trazer luzes sobre o que poderíamos chamar de uma “cultura de resistência”, em que a luta pela sobrevivência e a improvisação tomaram feições de atitudes políticas, formas de conscientização e manifestações espontâneas de resistência.

Destacaram-se também os estudos sobre o papel feminino na família, as relações vinculadas ao casamento, a maternidade e a sexualidade.

Já no tocante ao período final do século XIX e começo do século XX, os estudos históricos enfocaram aspectos diversos, destacando a disciplinarização, os padrões de comportamento, os códigos de sexualidade, e a prostituição, e priorizaram como fontes as judiciárias e as médicas.

Nessa produção recente mais significativa, poderes e lutas femininas foram recuperados, mitos examinados e estereótipos repensados. Procurou-se rever as imagens e enraizamentos impostos pela historiografia, bem como dar visibilidade as mulheres, questionando a dimensão de exclusão. Procurou-se recuperar a atuação das mulheres no processo histórico.

Contudo, torna-se cada vez mais necessário, sem esquecer a opressão histórica sobre as mulheres, superar a dicotomia ainda fortemente presente entre a “vitimização” da mulher – uma análise que apresenta um processo linear e progressista de suas lutas e vitórias- e a visão de uma onipotência feminina que algumas vezes estabelece uma heroicização das mulheres.

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