TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

O STF em perspectiva PERSPECTIVA: A questão da descriminalização do aborto no Brasil

Por:   •  18/9/2019  •  Trabalho acadêmico  •  2.244 Palavras (9 Páginas)  •  131 Visualizações

Página 1 de 9

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA – UFPB

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS – CCJ

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS - DCJ

GILBERTO DE ALMEIDA LIMA FILHO

O STF EM PERSPECTIVA: a questão da descriminalização do aborto no Brasil1

SANTA RITA

2019

1 Trabalho de complementação de dispensa da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica.

Matrícula: 20190171570

RESUMO

Este trabalho tem por objetivo analisar as questões relacionadas à descriminalização do aborto no âmbito do Supremo Tribunal Federal. Para tanto, foi traçado o histórico sobre a questão do aborto no Brasil, bem como os debates suscitados fazendo um paralelo aos princípios e fundamentos da Constituição Federal. Por fim, foi analisada a questão do aborto na perspectiva do STF que aparece como importante ator em um contexto de inércia do poder legislativo.

Palavras-chave: Descriminalização do aborto. STF. Constituição Federal. ADPF 54. ADPF 442.

INTRODUÇÃO

A questão da descriminalização do aborto tem estado cada vez mais em foco no decorrer dos anos, tanto no contexto internacional, como dentro do Brasil. O século XXI vem sendo marcado por importantes conquistas no que tange aos direitos das mulheres e de outros grupos historicamente marginalizados. Contudo, é importante frisar que, mesmo com essas conquistas, as mulheres ainda enfrentam graves problemas e desafios no nosso país.

No Brasil, a Constituição Federal de 1988 foi elaborada com base em princípios e fundamentos norteadores de todo o sistema jurídico-legal do nosso país. Como fundamentos, temos a cidadania, a dignidade da pessoa humana, o pluralismo político e os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. Esses fundamentos e princípios são norteadores da luta das mulheres pelos seus direitos, servindo como bases constitucionais de suas bandeiras.

No contexto de luta pelos direitos e autonomia das mulheres o Supremo Tribunal Federal (STF), guardião da Constituição Federal, tem um sido palco de extrema importância frente a um poder legislativo que tem se mostrado passivo e inerte no que concerne a questões importantes dentro da sociedade brasileira e, principalmente as mulheres, a exemplo do aborto. A legislação penal que regula as questões relacionadas ao aborto data da década de 40 e, nesse sentido, faz-se necessário mudanças nas leis sobre o abortamento. Uma decisão em particular do STF pode ter contribuído par abrir precedentes na discussão sobre a descriminalização do aborto: a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 54 que será discutida ao longo do trabalho.

Este presente trabalho analisará a importância do STF no contexto da descriminalização do aborto, ponderando os desafios, os avanços e a importância do supremo tribunal na luta das mulheres pelos seus direitos. Primeiramente, O trabalho se dividirá em uma discussão sobre o histórico da luta pela descriminalização do aborto, traçando paralelos com os princípios constitucionais. Em um segundo momento será abordado à atuação do STF no que tange a luta pela descriminalização do aborto, focando-se na sua importância enquanto um defensor da Constituição Federal e dos princípios e fundamentos previstos neste dispositivo legal.

HISTÓRICO DO ABORTO NO BRASIL, DEBATES E A CONSTITUIÇÃO FEDERAL BRASILEIRA

O aborto é crime no Brasil, estando predisposto no Código Penal Brasileiro Arts. 124 a 128. Dentro do nosso ordenamento jurídico-legal o aborto é classificado dentre os crimes contra a vida, juntamente com o homicídio; feminicídio; induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio e o infanticídio. Existem, entretanto, exceções a esta regra: quando o aborto se faz necessário para salvar a vida da gestante e quando a gravidez da mulher resulta de estupro. Tem-se ainda a possibilidade de abortamento quando o feto é anencefálico, devido a ADPF 54 de 2012.

No advento da Assembleia Nacional Constituinte as mulheres buscaram através da Carta da Mulher Brasileira ao Constituinte buscar a igualdade de direitos no que tange a família, trabalho, saúde, educação, cultura, dentre outros. Especificamente na carta da mulher, estava duas importantes demandar para as mulheres: o direito para decidir sobre o seu próprio corpo e a liberdade de escolha com relação à maternidade, incluindo-se a parte da gravidez. Contudo, Azevedo (2017) atenta para uma conquista indireta das mulheres no que tangia a lutas futuras pela descriminalização do aborto:

Apesar de a luta das mulheres não ter logrado incluir na constituição menção expressa ao direito do aborto, o fato de que o texto constitucional não contém a expressão “garantir a vida desde a concepção”, que tornaria mais árdua a luta em prol dos direitos sexuais e reprodutivos, foi uma vitória do CNDM2 e do movimento feminista. (AZEVEDO, 2017, p. 242).

Os anos que se seguiram a promulgação da Constituição Federal foram de lutas pela busca da descriminalização do aborto ou de, pelo menos, de se buscar situações consideradas mais urgentes em que o aborto se fazia mais necessário, a exemplo da anencefalia e mais recentemente dos fetos afetados pelo Zika vírus.

No contexto dos debates e da constituição brasileira, ambos os lados pró e contra o aborto se usam de princípios constitucionais para dar vazão a sua luta, seja pela descriminalização do aborto, seja pela continuidade da criminalização do aborto. Aqui focaremos no discurso pró-descriminalização enfatizando os pontos cruciais levados a cabo na luta pela efetivação do direito da mulher decidir sobre o seu próprio corpo.

2 Conselho Nacional dos Direitos da Mulher.

Os movimentos feministas enxergam o aborto como uma questão de direito à livre escolha sobre seu corpo, bem como sobre a questão da maternidade. (FREITAS. 2018). Nesse contexto, estes movimentos tem trazido ao seu discurso a questão de que o direito ao abortamento está incluso no âmbito dos direitos humanos, por vários motivos. Quando uma mulher é obrigada pelo Estado a continuar uma gravidez da qual ela não quer continuar, a mulher está tendo o seu direito de livre escolha vilipendiado, e ainda existe a questão envolvendo a sanidade mental das mulheres, uma clara questão de saúde pública (direito a saúde), em que muitas mulheres acabam sofrendo consequências catastróficas advindas de uma gravidez indesejada.

Dentro

...

Baixar como (para membros premium)  txt (14.7 Kb)   pdf (56.6 Kb)   docx (13.2 Kb)  
Continuar por mais 8 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com