PSICOLOGIA DO DIREITO - PSICOLOGIA DO TESTEMUNHO
Por: paulafacic • 23/2/2016 • Seminário • 1.504 Palavras (7 Páginas) • 543 Visualizações
FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS DE CRUZEIRO
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Psicologia do Testemunho
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Rubia Paula Dias da Silva – Professora Especialista na Área de Psicologia
Cruzeiro-SP
2015
Unidade 10:
PSICOLOGIA DO TESTEMUNHO
- Noções gerais sobre fatores capazes de influenciar o modo de percepção de determinado acontecimento;
- Influência da tendência afetiva presente no processo da percepção;
- Fatores que influenciam o ato de expressão do testemunho.
- Diferenças essenciais entre o testemunho por relato espontâneo e o obtido por interrogatório.
- Análise das classes mais importantes de perguntas empregadas nos interrogatórios judiciais.
- Influência do tipo de personalidade na classe do testemunho.
O testemunho de uma pessoa sobre um acontecimento qualquer depende essencialmente de cinco fatores:
- do modo como percebeu esse acontecimento;
- do modo como sua memória o conservou;
- do modo como é capaz de evocá-lo;
- do modo como quer expressá-lo;
- do modo como pode expressá-lo.
Os estudos experimentais mais antigos foram os dedicados às condições em que se efetua a percepção dos fatos a testemunhar.
Começou-se com o método quantitativo e tentou-se estabelecer:
Começou-se com o método quantitativo e tentou-se estabelecer:
- qual o grau de intensidade devia atingir um estímulo para poder chegar a determinar uma percepção;
- qual era a diferença mínima que devia existir entre dois estímulos para dar lugar a duas percepções diferentes.
A seguir, adotou-se o critério qualitativo e determinou-se:
- de que maneira podia ser alterada uma percepção por outras sensações coexistentes ou anteriores (contraste e adaptação);
- em que condições e em que proporções se associam as diferentes percepções do mesmo território sensorial e até que ponto diferem de uma pessoa para outra;
- quais são os tipos individuais de percepção.
Com respeito à memória, em suas duas fases (de conservação e de evocação) realizam-se também estudos quantitativos e qualitativos. Os estudos quantitativos tenderam a estabelecer as denominadas “curvas do esquecimento” (processo natural de embotamento das lembranças) e as “curvas de repressão”, ou seja, o esquecimento forçado que se observa nas lembranças emocionais.
Já os estudos qualitativos tendiam a estudar as deformações de ambas as classes de lembranças, de máximo interesse forense, pois conduzem, como se compreende, a declarações de boa-fé, mas errôneas.
Fatores capazes de influenciar o modo de percepção de determinado acontecimento
Toda percepção, por simples que seja, é algo mais do que a soma de um conjunto de sensações elementares.
Um fator importante que condiciona a precisão e a extensão da percepção é o grau de fadiga psíquica em que se encontre o indivíduo perceptor.
Deste ponto de vista demonstrou-se que uma mesma pessoa tem variações horárias de sua capacidade de apreensão de estímulos. Geralmente, esta é maior pela manhã do que à noite.
Eis alguns resultados concretos das experiências realizadas acerca da fidelidade das percepções:
- Para a percepção geral de uma situação estão mais capacitados os homens que as mulheres, mas estas, porém, percebem com mais exatidão os detalhes que aqueles.
- Os termos inicial e final de uma série de acontecimentos costumam ser percebidos melhor que os intermediários.
- As impressões ópticas podem ser testemunhadas em igualdade de condições, com maior facilidade que as acústicas; com respeito às impressões procedentes dos restantes territórios sensoriais, são reproduzidas muito vagamente e, por conseguinte, é preferível recorrer sempre que se possa ao seu reconhecimento.
Influência da tendência afetiva presente no processo da percepção
Nem sempre as relações entre as tendências afetivas e as percepções externas são diretas, mas sim que são inversas, isto é, que não só é certo que vemos as coisas como queríamos que fossem, mas sim que em determinadas circunstâncias as vemos como queríamos que não fossem.
- Toda tendência afetiva poderosa é capaz de seguir um caminho ascendente e chegar às zonas de elaboração de imagens do córtex cerebral, dando então lugar à produção de uma pseudopercepção.
- Tanto o desejo positivo como o desejo negativo (medo) de que algo ocorra podem dar lugar a fazer o indivíduo acreditar que esse algo já ocorreu. Em ambos os casos cria-se o que se denominou “a sugestão de espera”, em virtude da qual a consciência antecipa o tempo e dá por acontecido o que ainda não foi ou só o foi em parte.
Fatores que influenciam o ato de expressão do testemunho
Poucas pessoas são capazes de dar uma expressão exata de suas vivências ou impressões de experiência.
Basta dar um objeto qualquer, banal, a uma pessoa, deixá-la que o examine e pedir-lhe que no-lo descreva, para que nós, sem ver o objeto, cheguemos a uma compreensão do mesmo bem diferente de sua realidade.
E isso simplesmente porque o indivíduo não acertou em transportar para nós em palavras tudo quanto percebeu; é uma aptidão pouco frequente a que permite descrever bem.
Apesar de tudo, será sempre preferível deixar ao indivíduo a iniciativa em suas descrições do que intervir ativamente nela sob o pretexto de ajudá-lo.
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