RESENHA DO LIVRO: RAÍZES DO BRASIL
Por: afonso008 • 7/6/2018 • Resenha • 2.912 Palavras (12 Páginas) • 427 Visualizações
SOBRE O AUTOR
Sérgio Buarque de Holanda foi um historiador, nasceu em São Paulo, no ano de 1902 e faleceu em 1982. Sua formação acadêmica foi em Direito, mas exerceu a profissão de crítico literário e jornalista. Foi crítico literário e escritor Brasileiro que atuou no mercado europeu literário, tendo assim contato com a obra de Max Webber que influenciou diretamente seus trabalhos intelectuais, sendo referência até hoje para diversos pesquisadores e estudantes de todas as áreas.
Dentre suas obras está o livro “Raízes do Brasil”, um registro histórico da formação social brasileira que especifica amplamente a colonização portuguesa e como a atual formatação social conservou e é um resquício do que os Europeus trouxeram consigo. Publicado em 1936, tendo sido reeditado e revisado em 1947 e 1955, Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda, permanece ainda hoje como livro de fundamental importância para a historiografia e as ciências sociais brasileiras. Trata-se de uma obra que visa à compreensão da formação da nossa sociedade, o que exige, consequentemente, uma análise histórica profunda do contexto colonial estabelecido pelos lusitanos a partir do século XVI na América.
CAPÍTULO 1: FRONTEIRAS DA EUROPA
Sérgio Buarque de Holanda foi um historiador, critico literário e escritor Brasileiro que atuou no mercado europeu literário, tendo assim contato com a obra de Max Webber que influenciou diretamente seus trabalhos intelectuais, sendo referencia até hoje para diversos pesquisadores e estudantes de todas as áreas.
Dentre suas obras está o livro “Raízes do Brasil”, um registro histórico da formação social brasileira que especifica amplamente a colonização portuguesa e como a atual formatação social conservou e é um resquício do que os europeus trouxeram consigo.
O autor inicia o livro a partir do capitulo “Fronteiras da Europa” (1) caracterizando os países constituintes da Península Ibérica, neste caso Portugal e Espanha que ao tentarem implantar um diferenciado modelo cultural Europeu, contrastavam-se ao restante dos países deste continente. A reflexão que o autor faz sobre a evolução brasileira de forma ampla ser herdada e não construída, demonstra como a sistemática atual não possui uma personalidade coerente, e sim um agregado de diferentes condutas que só corroboram com o sentimento de que o brasileiro é apenas um fruto de outra nação dentro de sua própria nação e isso é apenas um reflexo do que os próprios países da Península Ibérica passavam, já que se desenvolviam as margens dos demais e durante as explorações marítimas tiveram a oportunidade de se expandir de alguma forma. É interessante observar que Portugal e Espanha desenvolveram certa personalidade destoante de outras nações europeias ao valorar a independência humana entre si, esforço pessoal e reconhecimento de virtudes, sem perder a característica dos elementos de hierarquia provenientes de seu continente. Talvez o autor deseje expressar a percepção que os povos lusitanos possuem a respeito de diversos fatores como a injustiça social trazida por excesso de privilégios transmitidos hereditariamente, tanto que a aristocracia ibérica nunca funcionou de forma extremamente exclusiva, o que permitia a circulação de títulos e a troca constante de membros que possuíam diversificadas linhagens.
Explicitamente são feitos paralelos entre os povos colonizadores com o atual estilo do homem integrante da sociedade brasileira contemporânea que nunca adquiriu comumente a rotina de trabalho, valora muito o tempo ocioso. Percebe-se ai que a expressão “jeitinho brasileiro” tem amparo histórico desde o Brasil colônia, então se torna em vão o anseio que alguns possuem de “importar sistemas de outros povos modernos ou criar um por conta própria” que seja eficaz em suprir todas as nuances distorcidas de nosso estado desordenado já que somos fruto de uma construção histórica propagada por milhares de gerações. Consumindo os ideais dispostos neste primeiro capitulo, é totalmente visível que o brasileiro é fruto de gerações costumeiras Ibéricas e que destes vieram nossa modelagem atual.
CAPÍTULO 2: TRABALHO E AVENTURA
Após desenvolver uma reflexão ampla sobre o desenvolvimento social brasileiro em relação com a Península Ibérica, o autor inicia no Capitulo 2 "Trabalho e Aventura", sua teorização a respeito da colonização do Brasil e territórios tropicais por parte de Portugal. Em um primeiro momento Sérgio Buarque de Holanda expressa o desleixo de Portugal em sua exploração marítima e territorial e a falta de planejamento na execução destas tarefas, dando a entender que o acaso auxiliou as descobertas realizadas nas expedições de colonização, "Essa exploração dos trópicos não se processou, em verdade, por um empreendimento metódico e racional, não emanou de uma vontade construtora e enérgica: fez-se antes com desleixo e certo abandono" Pág. 43, parágrafo 2. Apesar disto, o autor explana a fácil adaptação portuguesa aos novos territórios, de maneira nunca observada antes em algum processo de colonização europeu. Para assinalar estes aspectos de adaptação o autor constrói duas espécies de homens que auxiliam na regulação da coletividade social, tratam-se do "Aventureiro e Trabalhador" onde é disposto um paralelo, com as sociedades rudimentares, que foi necessário para o funcionamento social, caracterizando-os como "Caçadores, Coletores e Lavradores". Aplicando estes conceitos apresentados nesta obra, o Aventureiro ignora o que é convencional e valora a amplitude das coisas e possui sagacidade para converter as adversidades em um caminho de possibilidades, o que acarretou a fácil adaptação deste povo em território recém-descoberto e não desenvolvido. Já o Trabalhador é dito como "aquele que enxerga primeiro a dificuldade a se vencer, não o triunfo a alcança", Pág. 44, neste caso o trabalhador ignora a imprevisibilidade do aventureiro, sendo muito mais calculista e restrito em suas ações. Não existe quem negue que estas classificações são de fundamental importância no processo de compreensão das conjunções sociais e na maneira em que o homem se insere socialmente, estas características, como o próprio autor evidencia, são recursos auxiliadores nos estudos das formatações da sociedade.
No capitulo em questão, ainda é explanado que o papel do Trabalhador foi deveras superficial e dispensável em uma época marcada por grandes explorações e colonização de extensos territórios. Este período entre os séculos XV e XVI faziam-se necessárias as ações do homem tido como Explorador, uma época em que a expansão territorial era fundamental principalmente para a extração de recursos que movimentavam os comércios, desta forma o autor expressa a tão citada diferença entre os países da Península Ibérica do restante da Europa que iniciava sua industrialização, entretanto a obra apresenta uma nova façanha da Inglaterra que a hermenêutica retirada contradiz certos aspectos apresentados no Capitulo 1 e no inicio deste Capitulo 2 ao criar uma diferenciação do povo Ibérico do restante da Europa ressaltando que "Jamais se tenha naturalizado entre gente hispânica a moderna religião do trabalho e o apreço a atividade utilitária. Uma digna ociosidade sempre pareceu mais excelente, e ate mais nobilitante, a um bom português, ou a um espanhol, do que a luta insana pelo pão de cada dia. O que ambos admiram como ideal e uma vida de grande senhor, exclusiva de qualquer esforço, de qualquer preocupação", Pág. 40, Capitulo 1. Esta tal façanha que exibe o autor, demonstra semelhanças e não diferenças comportamentais entre a sociedade portuguesa, espanhola e principalmente inglesa, afinal, tocando novamente nas temáticas da industrialização inglesa o autor relata que o britânico também está propenso a se acomodar e desejar prosperidade sem custos e acumulo fácil de riquezas, sendo assim, a Grã-Bretanha não fazia-se tão diferente da Península Ibérica em aspectos comportamentais.
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