RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL E EMPRESA SUSTENTÁVEL
Por: FCREPALDI • 15/5/2019 • Artigo • 3.461 Palavras (14 Páginas) • 443 Visualizações
RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL E EMPRESA SUSTENTÁVEL
Na atual era moderna surgiram as políticas da pobreza, não mais centradas na caridade Cristã, mas como atribuição do Estado, como é caso da Lei dos pobres da Inglaterra. As políticas para os pobres começaram a serem praticadas em Estados absolutistas e com o triunfo das ideias liberais, o debate sobre a responsabilidade perante os pobres tomaria um outro rumo. Outas considerações somaram-se às questões da pobreza, como o respeito à diversidade humana o combate à corrupção, a promoção da qualidade de vida no trabalho e o cuidado com o meio ambiente, enriquecendo o movimento da responsabilidade social com novas abordagens teóricas e práticas.
As práticas de responsabilidade social dentro das empresas são muito difíceis de serem implantadas e muitas são as razões; um dos motivos é o fato de envolver diversas questões que se traduzem em direitos, obrigações e expectativas de diferentes públicos, internos e externos a empresa. Os diferentes entendimentos a respeito da empresa e de sua relação com a sociedade e com o meio ambiente são mais uma fonte de complicação.
O movimento do desenvolvimento sustentável e o da responsabilidade social empresarial tem origens antigas e distintas. Na Europa, na idade média as iniciativas para aliviar os pobres, que formavam grandes contingentes urbanos e rurais, estiveram sob a influência da doutrina da caridade cristã, fosse por meio de auxílios diretos como esmolas, confrarias, mesas dos pobres e hospitais, fosse por meio de práticas de resignação frente à pobreza.
A ideia de um mundo melhor para todas as gerações sem prejudicar o meio ambiente é um objetivo social desejado, o que faz com que ela seja popular no mundo todo. Críticas ao desenvolvimento sustentável não faltam, desde as amigáveis, que aceitam a ideia, mas colocam dúvidas quanto a sua efetividade, até as mais duras, como as que entendem ser esta mais uma trapaça do capitalismo, razão pela qual muitas empresas teriam aderido ao movimento com uma celeridade até então nunca vista. O movimento sustentável baseia-se na percepção de que a capacidade de carga da Terra não poderá ser ultrapassada sem que ocorram grandes catástrofes sociais e ambientais.
Responsabilidade Socioambiental pode ser entendida como um sistema de gestão adotado por empresas públicas e privadas que tem por objetivo providenciar a inclusão social (Responsabilidade Social) e o cuidado ou conservação ambiental (Responsabilidade Ambiental). A responsabilidade socioambiental é um conceito que se aplica a toda cadeia produtiva do produto, pois é de interesse comum e, portanto, deve ser difundido ao longo de todo e qualquer processo produtivo. Assim como é de iniciativa privada a adoção de políticas empresariais de responsabilidade socioambiental, é, também, dever do cidadão-consumidor proceder com o descarte de forma correta, tornando-se, assim, mais uma peça fundamental na responsabilidade socioambiental. Contudo, para que esse cidadão exerça um papel consciente na sociedade, é necessária a educação e consciência ambiental, assim como o acesso à informação ambientalmente qualificada.
Todo o contexto de responsabilidade social de que a empresa vem procurando se revestir não passam de uma tentativa de camuflar o conflito, as contradições sociais. Em parte, não se pode deixar de concordar com ela. Mas, esta é uma questão que está ligada muito mais à Ética do que ao sistema econômico adotado. A administração de conflito pode ser uma solução viável, desde que esteja em conformidade com os ditames da ética. E a adoção da ética independe do sistema econômico adotado. Além do que, com as mudanças ocorridas no mundo, já não se pode dizer que o socialismo ou o comunismo são sistemas mais justos ou adequados às necessidades das sociedades. Se o lucro faz parte da liberdade econômica e da democracia, que permitem a legitimação da iniciativa privada, nada há que o impeça moralmente.
Responsabilidade é um termo totalmente vinculado com a moral e a ética. Em praticamente todas as doutrinas éticas, a responsabilidade refere-se ao presente e ao futuro próximo e sempre dentro de uma perspectiva essencialmente humana, executando-se algumas teorias ambientalistas e utilitárias. Referente a era atual, a ética da globalização é um tema que reflete bem a era atual. Há diferente entendimentos sobre esse tema, sendo que no ambiente de negócios em geral ela corresponde a globalização econômica, representada pela intensificação dos fluxos de produtos, serviços, dividas, conhecimentos aplicados à esfera produtiva e pela capacidade ampliada dos mercados de promover mudanças políticas e sociais. Os símbolos são as corporações multinacionais, o Fórum Mundial Econômico de Dados e a Organização Mundial do Comércio.
A responsabilidade social das empresas integra preocupações econômicas, sociais, éticas e ambientais, o que coloca como um meio para alcançar um objetivo maior, o desenvolvimento sustentável. A definição de desenvolvimento sustentável reforça esse entendimento ao defini-la como a responsabilidade pelos impactos das decisões e atividades da organização na sociedade e meio ambiente, por meio de um comportamento ético e transparente que contribua para o desenvolvimento sustentável, inclusive a saúde e o bem-estar da sociedade.
As diferentes iniciativas de origens e propósitos que buscam conduzir a gestão responsável das empresas que foram divididas em dois grandes blocos: um que compreende princípios diretivos que podem servir para a formulação de políticas empresariais de responsabilidade social como meio para contribuir para o desenvolvimento sustentável e o outro engloba instrumentos gerenciais que proveem procedimentos específicos sobre responsabilidade social para que essas políticas formuladas no nível estratégico se tornem realidade.
Um modelo de organização política que prestigia a livre iniciativa, pondo-a como uma das pilastras fundamentais da República Federativa do Brasil (Constituição Federal, artigo 1º, inciso IV), é curial que sejam ofertados mecanismos de proteção para que a atividade empresarial seja exercida com chances de sucesso.
O liberalismo que dá tônica à ordem constitucional vigente, e nesta está incluída, por óbvio, a ordem econômica, não pode ser exercido sem contemplar outras balizas importantes, que asseguram - ou pelo menos pretendem assegurar - o chamado Estado Democrático de Direito. Assim é que a atividade econômica se submete a vários limites, conforme será adiante analisado, e dentre estes está a sujeição ao princípio do desenvolvimento sustentável.
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