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Resenha Crítica - Antígona - Sófocles

Por:   •  11/4/2017  •  Resenha  •  1.395 Palavras (6 Páginas)  •  2.216 Visualizações

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Antígona é uma tragédia grega escrita por Sófocles, onde se abordam diversas questões, principalmente, políticas, morais, religiosas e afetivas. Essa obra pode ser considerada uma extensão de outra, chamada Édipo Rei, na qual relata a vida de Édipo, que mata seu pai (Laio), torna-se rei de Tebas e casa-se com sua mãe (Jocasta), sem saber que os mesmos são seus pais biológicos. Quando descobre a verdade, é dominado pelo ódio e pela culpa, arranca seus próprios olhos, enquanto sua mãe se suicida. O mesmo deixa quatro filhos: Etéocles, Ismênia, Antígona e Polinice.

A obra Antígona tem início com a morte dos dois filhos de Édipo, Eteócles e Polinice (que se casou com a filha do rei de Argos – cidade inimiga de Tebas), que se mataram na luta pelo trono deixado selo seu pai. A partir disso, Creonte, irmão da mãe/esposa de Édipo, assume o poder, iniciando um governo tirano.

O rei cria um édito, concedendo a Eteócles as honras funerais, alegando que o mesmo morreu como um herói lutando por sua cidade e, negando as mesmas honras ao seu irmão, considerado por ele como traidor e inimigo de Tebas. Ordenou ainda que o corpo de Polinice fosse devorado pelas “aves carniceiras”, e quem infringisse sua lei sofreria as consequências.

Antígona pede ajuda para sua irmã, Ismênia, para enterrar seu querido irmão, mas a mesma que se recusa a ajuda-la, apresentando grande temor as consequências que seriam impostas pelo rei, caso fossem descobertas. Então, Antígona resolve sepultar seu irmão, honrando-o com um túmulo e desobedecendo a ordem proferida por Creonte. Antígona demonstra determinação, verdade, união e destemida, realiza o que julga certo sem medo das consequências inevitáveis. A posição adotada por Antígona é bastante clara desde o princípio, pois ela não ela não consulta a irmã sobre a conveniência ou não do ato, apenas quer saber se a mesma está disposta para ajudá-la ou não. Indicando sua grande convicção sobre aquilo que, a seu ver, deveria ser feito. Torna-se exclusivamente movida pelo sentimento de dever para com o irmão morto e insepulto. Aqui se misturam o sentimento fraterno com o dever religioso.

Ao tomar conhecimento do que havia acontecido, Creonte ameaça o guarda que lhe informara aquilo e ameaça-o. Depois ordena ao mesmo guarda que descubra o autor de tamanha ousadia. O comandado se dirige ao local do onde foi enterrado Polinice e retira a camada de terra que o revestia. Instantes depois, Antígona ao se deparar com o cadáver de seu irmão em um estado deplorável, grita e maldiz contra quem fez realizou aquele ato. Nesse momento é surpreendida pelo guarda que lhe prende e a leva para diante do rei, para ser interrogada. Antígona, tomada de coragem, confessa a transgressão da ordem dada, expondo que o soberano de Tebas não tem qualidade, muito menos autorização para conferir a um mortal o poder de infringir as leis divinas. Imergidos nesta situação, gera-se uma tensão entre a moral-religiosa e a lei estatal produzindo uma oposição entre Antígona e Creonte, ainda que ambos lutem pela mesma coisa, que é a justiça. Daí surge o choque entre Direito Natural e Direito Positivo. A obra de Sófocles foi uma das primeiras a retratar o choque entre o Direito Natural (constituído de princípios e valores de caráter imutável, universal e eterno, encontrando-se na natureza social humana), aqui representado por Antígona e, o Direito Positivo (conjunto de princípios e regras que regem a vida social, através de normas e modelos jurídicos, vigentes em determinado território, criado por meio de decisões voluntárias - mutável e relativo) na obra representado por Creonte, rei de Tebas – o soberano. Relata ainda que todos da cidade concordam com ela, mas pelo fato de estarem com medo da tirania do rei, silenciam, pois o rei faz da força o principal recurso para impor sua vontade. Há ainda no gesto de Antígona, teorias de caráter político (ao contestar a arbitrariedade do poder), moral (ao defender os valores que orientam a ação dos homens), religioso (ao usar da piedade), jurídico (ao lutar por justiça), além de ser totalmente afetiva.

Creonte ainda acreditava que Ismênia houvesse participado do enterro de Polinice. Ele manda busca-la e prende as duas irmãs. Depois disso, entra Hémon, filho do rei e noivo de Antígona. Ele tenta convencer o pai a voltar atrás na sua decisão e revogar seu édito. Afirma também que toda Tebas é contra a morte de sua noiva, pois a mesma foi digna de ter praticado um ato tão notável, que exigiu bravura e sensibilidade. Mas ninguém tem a audácia de ir contra a vontade do rei - desprezar a vontade da comunidade política é isolar-se, é exercer um poder cuja única força que o legitima é a força física, a violência, praticada em nome de um suposto interesse público, arbitrariamente definido pelo detentor do poder estatal. Aborda claramente aqui um protesto ao autoritarismo político de Creonte que esquece sua

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