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Resenha a pele que habito

Por:   •  27/4/2015  •  Resenha  •  505 Palavras (3 Páginas)  •  1.404 Visualizações

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Gabriela Passos Ramos Alves – 1º Direito Diurno

RESENHA DO FILME “A PELE QUE HABITO”

A narrativa do cineasta Pedro Almodóvar, A Pele que Habito, trata essencialmente da subversão do gênero. O filme constrói um cenário onde são tratados temas de amplo campo de discussão como a identidade, as patologias mentais e a sexualidade. A questão da ética também é outro ponto levantado no filme: o cientista Robert utiliza um ser humano como cobaia, contra a sua vontade, justificando suas atitudes como uma vingança por um suposto estupro que o homem haveria cometido contra a sua filha. Todavia, a real intenção do cientista Robert era alcançar um objetivo que busca satisfazer sua obsessão doentia por sua mulher, já falecida.

Utilizando de cirurgias que levam o personagem – e refém – Vicente a um processo de transgenia, o enredo suscita reflexões sobre o limiar da autopercepção, transitando entre a imagem feminina que o corpo revela e a realidade psicológica masculina, que não acompanhou a mudança de sexo do corpo físico. Esse ponto revela ainda um questionamento sobre o papel sociocultural de homem e mulher, bem como da transexualidade realizada contra a vontade.

O filme sugere ainda temas como a Síndrome de Estocolmo ao apresentar a relação aparentemente passiva entre Vicente (já transformado em Vera) e o cientista Robert, demonstrando uma aceitação e empatia entre os dois. Todavia, a sonoplastia não reforça essa relação positiva. Apesar de criar um cenário que leva o telespectador a acreditar na existência desse relacionamento submisso, ao final a trama o nega veementemente, demonstrando que Vicente ainda permanece distante para Robert, pois sua mente é masculina, caracterizando uma resistência psicológica.

Apesar de todos os anos que Vicente/Vera foi mantido preso por Robert, encenando um papel social feminino, essa condição nunca foi aceita. Isso é revelado através das imagens e escritos da personagem na parede do seu quarto, inspirados por um militante LGBT, Louise Bourgeois. Vera ainda demonstra essa falta de correspondência entre o seu corpo e sua mente quando se nega a manter relações sexuais, apesar de seu corpo estar preparado para concebê-las. Isso se deve ao fato de que psicologicamente, manter contato sexual com outros homens representava para Vicente ser subjugado, já que era heterossexual, e essa condição não havia mudado com a transgenia.

A Pele que Habito faz também uma alusão a Frankenstein, pois Vicente, em seu simulacro de Vera volta-se contra o seu criador, e também algoz. Essa atitude da vítima de transexualidade forçada quebra a expectativa de suicídio já amplamente utilizada nos filmes de ficção que tratam do tema da sexualidade.

Ao fim da trama, Vicente/Vera reencontra sua mãe e sua amiga de orientação homossexual, e se faz ser reconhecido por elas. O filme sugere então que a solução para Vicente era manter um relacionamento com essa amiga, pois satisfaria a ela fisicamente, com o corpo feminino de Vera, e a ele, psicologicamente em manter um relacionamento heterossexual. Portanto, um relacionamento aparentemente entre lésbicas é sugerido sutilmente como uma solução para manter em segredo a sua condição de transexual para uma sociedade machista e heteronormativa.

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