Resenha de capítulos do livro “RAIZES DO BRASIL”
Por: Daniel Kummer • 27/6/2019 • Resenha • 1.111 Palavras (5 Páginas) • 396 Visualizações
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DÊNISSON AMORIM CAMARGO
MARCOS LUCIANO MASSUDA MACHADO
Resenha de capítulos do livro “RAIZES DO BRASIL”
REFERÊNCIA:
HOLANDA, Sergio Buarque. “O HOMEM CORDIAL”; “Como Seria uma Teoria da Moral Satisfatória?”. In: RAIZES DO BRASIL, 5.Ed., São Paulo: Companhia das Letras, 1995, pp. 139-151.
Na resenha cujo material principal foi o capítulo 5 “O homem cordial” do livro “Raízes do Brasil”, de autoria do historiador Sérgio Buarque de Holanda. Ele é considerado um dos maiores intelectuais brasileiros do século XX. O capítulo 5 aborda aspectos centrais das características que nos são muito particulares. Embora seja um livro de 1936, seu contexto facilmente se molda à atual realidade brasileira. O capítulo nos conduz a um questionamento do modo de ser brasileiro, explorando os pontos críticos da nossa formação histórica. Características essas que o autor destrincha detalhadamente que ainda permanecem enraizadas na nossa cultura. consiste em uma análise sobre a mentalidade econômica, social, cultural etc. do Brasil trazidas de forma sincera e simples pelo autor.
Para Sérgio Buarque, o Estado não foi uma continuidade da família. Comparou tal confusão com a história de Sófocles dramatúrgico Grego, sobre Antígona e seu irmão Creonte, sobre um confronto entre Estado e família. O Estado não é uma ampliação do círculo familiar e uma integração de certos agrupamentos de certas vontades particularistas, de que a família é o melhor exemplo. Não existe, entre o círculo familiar e o Estado, uma graduação, mas antes uma descontinuidade e até uma oposição. Em nosso País o tipo primitivo da família patriarcal, e o desenvolvimento da urbanização, criaram um "desequilíbrio Social", cujos efeitos mantêm-se vivos até hoje.
Max Weber ressalta a separação do funcionário "patrimonial" e do "burocrata". O funcionário patrimonial encontra-se ligado aos interesses pessoais e o burocrata aos interesses objetivos, mas salienta que para exercer funções públicas, o homem faz de acordo com as confianças pessoais e não com suas capacidades próprias. O funcionário patrimonial pode com a progressiva divisão das funções e com a racionalização, adquirir traços burocráticos. Mas em sua essência ele é tanto mais diferente do burocrático. O "homem cordial" não pressupõe bondade, mas somente o predomínio dos comportamentos de aparência afetiva, inclusive suas manifestações externas, não necessariamente sinceras nem profundas. A Cordialidade é um traço definido brasileiro, mas encontra-se em expressões de fundo emotivo, carregado por manifestações de um "homem cordial" e estas por sua vez são espontâneas, porém uma cordialidade "mascarada", onde o indivíduo consegue manter uma posição ante o social. vida em Sociedade no "homem cordial" é antes um viver nos outros, de certo modo, uma libertação da angústia que sente em viver consigo mesmo.
Houve muita dificuldade na transição para o trabalho industrial no Brasil, onde muitos valores rurais e coloniais persistiram. Para o autor, as relações familiares, patriarcal, rural e colonial, eram ruins para a formação de homens responsáveis. Até hoje vemos a dificuldade entre os homens detentores de posições públicas conseguirem distinguir entre o público e o privado. A falta ordenamento impessoal que caracteriza a vida no Estado burocrático.
A contribuição brasileira para a civilização foi então, o “homem cordial”. Mas o que significa ser um homem cordial no contexto abordado por Holanda. A princípio, o adjetivo "cordial" gerou vários pontos de vista. Os conservadores da época acharam que associar o brasileiro à imagem de um "homem cordial" parecia tirar a virilidade do homem e o melhor seria encaixá-lo no protótipo de um Cavaleiro da Esperança, ou coisa que o valesse. Com o tempo, a polêmica cedeu lugar a um entendimento parcial do que significava, para Holanda, a cordialidade do brasileiro que, ao contrário do que superficialmente possa parecer, não querendo dizer apenas sendo sincero, afetuoso, amigo. As paixões, egoístas e desgovernadas na origem do conceito, trata-se de um homem de "fundo emotivo extremamente rico e transbordante”, segundo Sérgio Buarque de Holanda, ou seja, um homem dominado pelo coração., movido pela emoção e não pelas normas impessoais. Um homem hospitaleiro, porém, cheio de interesses pessoais. Preso às relações, sente aversão às diferenciações entre o público e o privado, característica clara que remete ao patrimonialismo. A atual sociedade brasileira encontra-se imersa em relações pessoais, e acaba vendo o Estado como uma extensão de seu círculo familiar. O modo de ser dos brasileiros traz como exemplo a cordialidade na vida cotidiana no hábito de usar as palavras no diminutivo “inho”, procurando sempre estabelecer intimidade e usar isto como forma de aproximá-los, inclusive nas relações comerciais impomos relações familiares. Até mesmo o caráter intimista da nossa pouca religiosidade que trata as próprias entidades divinas como um amigo da família, algo que é visto como estranheza para outras sociedades.
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