Resenha do Documentário - Sem Pena

Resenha do documentário “Sem Pena”

A obra ‘Sem Pena’ do diretor Eugênio Puppo traz à tona a importante discussão sobre os conflitos oriundos do sistema prisional abusivo no Brasil. De forma crítica, PUPPO demonstra como o precário sistema penitenciário brasileiro contribui para a evasão da dignidade humana dos presos, criando um cenário dialético sobre as perspectivas e desafios da instituição criminal no país, e demonstrando que as pessoas que cometem crimes são involuntariamente postas, sem pena, contra o Estado.

A tese de que a justiça não atinge a todos de forma igualitária pode ser vista como o centro de toda discussão que envolve o documentário, que consegue passar como a vilania da burocracia impede que os sujeitos se defendam frente ao Estado, assim como erros de execuções penais, causando um cenário de insegurança na justiça do país, e reforçando que as vítimas desse cenário são a população mais pobre.

A demora dos processos, o encarceramento de presos de diferentes periculosidades no mesmo local, a falta de investimentos para a reeducação dos presos são demonstrados no documentário, e as consequências desse panorama são graves, já que esses fatores impedem os indivíduos de retornarem ao seio social, retirando deles a oportunidade de melhoria no comportamento e sentimento de visibilidade perante a sociedade. Toda a temática do filme traz questionamentos não só a respeito da eficácia do sistema carcerário brasileiro, mas também em relação à aplicação das leis, qual o sentido de aplicá-las, se elas são aplicadas de forma igual para indivíduos de condições financeiras diferentes, além de passar o sentimento deles em relação ao preconceito da sociedade, o que faz um dos entrevistados afirmar que a reincidência no crime acontece por causa do preconceito social.

O documentário profundo de Eugênio Puppo traz depoimentos expressivos dos presos, que reforça como eles se sentem, conseguindo relatar o contexto de absoluta impotência do sistema penal. A obra mostra que as penas aplicadas e a falta de investimento na reeducação deles têm servido apenas para piorar o estado dos sujeitos, além de trazer consequências lamentáveis a estes seres sendo, portanto, uma reflexão sobre a necessidade de ter uma sociedade mais justa, tolerante e igualitária.

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