Resenha do documentário “O veneno está na mesa II”
Por: Anna Carolina Kuusberg • 24/9/2018 • Resenha • 1.210 Palavras (5 Páginas) • 784 Visualizações
O agronegócio tem expressiva participação no PIB brasileiro, e é com esse dado que o documentário em análise tem início, seguido de uma crítica a respeito de como a porcentagem conferida é calculada, já que são desconsiderados, por exemplo, ascensão de doentes cuja enfermidade pode ser relacionada ao uso de agrotóxicos que permite a super-produção na área.
Essa exposição tem clara ilustração nas palavras do Profº Dr. Ladislau Dowbor, nos seguintes termos:
“o PIB não mede os resultados, mede a intensidade de uso dos recursos. Enquanto o PIB atingiu o recorde em 2010 [ano em que fechou o ano com 7,5%], a Amazônia teve cinco mil quilômetros quadrados derrubados [de floresta], isso gera atividade econômica, isso aumenta o PIB só que é nocivo para o País porque está reduzindo os estoques. Quando são jogados pneus, carcaças de fogão no rio Tietê e isso obriga o estado a contratar desassoreamento dos rios, isso aumenta o PIB. Quando aumenta a criminalidade, mais gente compra grades, cadeados e contrata gente que apita na rua, isso está aumentando o PIB. Quando se melhora o nível de saúde da população e crianças adoecem menos, compra-se menos medicamentos e há menos hospitalização, ocorre redução no PIB e não aumento. Então é importante entender que o PIB não mede resultado, mede a intensidade de uso dos recursos e as pessoas pensam que o PIB é bom porque o associam ao emprego. O que está acontecendo é uma coisa curiosa porque as pessoas ficam confusas sobre como é que o PIB, que ano passado teve crescimento razoável 2,2%, 2,3%, que está na média mundial, este ano, talvez seja um pouco mais fraco e mesmo assim ainda temos situação de pleno emprego. Na realidade, a composição do Produto [Interno Bruto] está mudando. Nós tivemos, por exemplo, mais de três milhões de pessoas a mais que entraram nas universidades, o Pronatec está com seis milhões e meio de pessoas que passaram a estudar, tivemos uma grande expansão do ingresso na educação em geral, houve um conjunto de investimentos no nível de conhecimento da população. Quando se faz esse investimento de formar as pessoas, vai haver uma nova geração que em dez ou quinze anos será muito mais produtiva, mas o aumento da produtividade das pessoas não é hoje ele vai se dar. Enquanto essas pessoas não entrarem no mercado produtivo, nós continuaremos com uma mão de obra em que o analfabetismo funcional atinge mais de um terço da mão obra que temos o que mantém a produtividade relativamente baixa. Então, fazendo a política certa, é natural e compreensível que não reflita imediatamente no PIB porque se está investindo nas pessoas e na futura capacidade produtiva delas” (O PIB é indicador medíocre, por Catia Santana, no Jus Economico, em 10 de setembro de 2014, disponível em http://outraspalavras.net/outrasmidias/destaque-outras-midias/o-pib-e-um-indicador-mediocre/)
O quadro seguinte conta com a participação do Professor de sociologia, Boaventura Sousa Santos, que asserta que o agronegócio, na forma como vem sendo exercido, assassina os modos de manutenção da produção na terra auferidos desde o início da prática da agricultura pelo homem - como, por exemplo, a rotação de culturas em ciclos - e os descreditam sob pretextos de “magia, superstição e atraso”. Assim, a impressão que é deixada é que ao invés de o homem se sincronizar à natureza para fins de produção, estão sendo utilizados artifícios quimicamente superpotentes para aniquilar aspectos inerentes à própria produção que se pretende desenvolver.
Para o exercício do agronegócio é promovido o desflorestamento de uma área em campo, com a utilização de queimadas como forma de remoção da vegetação nativa. Qualquer nível de conhecimento em geografia e biologia enseja compreensão que essa prática, além de intensificar a poluição do solo, também retira seus nutrientes, o que motiva, para fins de agricultura, a utilização extensiva de químicos fertilizantes que promovem a poluição do solo; já em vistas da pecuária, o solo é depenado pelo fenômeno de compactação gerada pelo deslocamento dos rebanhos.
Através de reportagens jornalísticas e entrevistas, resta ilustrado o crescimento de doenças nas áreas em que o agronegócio reina; inclusive, é relatado que a OMS reconhece pelo menos quatro tipos de agrotóxicos como cancerígenos do grupo 1A - os que são manifestamente cancerígenos. E, por óbvio, as plantações tratadas com essas substâncias as carregam em si até sua absorção no organismo que o consome. Deste modo, em uma escala progressiva, têm-se intoxicado a população, que lamentavelmente começa a adoecer cada vez mais cedo.
A situação está do jeito que está por que, por diversas vezes, no conflito entre os
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