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Uma Nova Concepção Sobre Interdisciplinaridade e Seus Desafios

Por:   •  15/5/2016  •  Artigo  •  2.776 Palavras (12 Páginas)  •  422 Visualizações

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Uma Nova Concepção Sobre Interdisciplinaridade e Seus Desafios

Reinaldo Queiroz Marques Junior[1]

Resumo: o artigo apresentou a partir das diversas concepções da interdisciplinaridade no decorrer dos tempos, uma nova concepção da interdisciplinaridade através de seu processo histórico evolutivo, assim como suas demandas, objetivos, obstáculos e desafios para implantação de uma proposta interdisciplinar no curso de Direito da Universidade Estadual da Bahia.

Palavras- chave: Interdisciplinaridade, Exigências, Obstáculos, Desafios e Direito.

1. Introdução:

O objetivo do presente artigo é invocar a atenção do leitor sobre uma nova concepção da interdisciplinaridade, a fim de que após uma breve análise, bem como uma posterior reflexão, seja possível não só compreender sua origem histórica e seu processo evolutivo no decorrer do tempo, como, outrossim,  perceber sua abrangência, importância, dificuldades, desafios, e a necessidade de utilização, hodiernamente, como ferramenta essencial para a reconstrução de um conhecimento uno e eficaz mediante os empecilhos ora apresentados pelos diversos cursos e campos do saber, inclusive no curso de Direito.

2. Breve Histórico Evolutivo da Interdisciplinaridade

A interdisciplinaridade não é uma discussão nova. Apesar de vir sendo empregada nas últimas décadas, principalmente na Europa e nos Estados Unidos, ora por modismo, ora como uma nova metodologia educacional utilizada nas instituições universitárias e com reflexos nos países subdesenvolvidos, pode-se observar que a idéia de um saber unitário vem desde a antiguidade no pensamento dos gregos, ou seja, já havia certa integração dos múltiplos domínios do conhecimento que introduzia previamente a concepção de interdisciplinaridade.

A idéia de saber estabelecer relações com o todo sempre existiu na história do pensamento: na visão dos gregos o saber era exercido no âmbito da totalidade, e o conhecimento do particular só tinha sentido na medida em que remetia ao todo, ou seja, na concepção grega o ideal da educação era um saber baseado na totalidade, onde o conhecimento e as disciplinas articulavam-se entre si de forma aberta e próximas uma das outras de modo que se permitia a formação de um todo harmônico e unitário.

Na idade média permanece a mesma visão unitária do real, o mesmo horizonte epistemológico caracterizado pelo ordenamento das coisas e pelas realizações culturais medievais apesar do teocentrismo da época. Com o advento da modernidade, sob influência das disseminadas idéias Renascentistas, marco daquele período, o saber unitário passa por um processo de deterioração, surgindo, dessa forma, as primeiras exigências interdisciplinares como compensação da fragmentação inevitável do saber. No entanto estas exigências não lograram êxito e como conseqüência, cada vez mais, as ciências unitárias passaram a se especializar.

Em suas perspectivas de futuro, a interdisciplinaridade, com intuito de levar a efeito as pesquisas científicas e fundamentando-se como um princípio organizador das ciências, acaba por se deparar com diversos entraves, como destaca Japiassu[2]:

... As duas dificuldades principais são, de um lado, a de julgar as condições da pesquisa interdisciplinar, de apreciar sua fecundidade, do outro, a de considerar suas perspectivas de futuro, na medida em que ela se opõe a tudo que é ensino tradicional, em que é uma articulação do ensino com a realidade social, em que é uma crítica interna do saber, em que é uma reflexão sobre a repartição epistemológica do saber em disciplinas compartimentadas...

Sendo assim, há de se perceber a partir do esclarecimento do autor que as primeiras dificuldades se instalam no centro das relações entre a pesquisa fundamental e a pesquisa aplicada do projeto interdisciplinar, e o quão é difícil implantar ou aplicar uma metodologia interdisciplinar nos diversos cursos os quais estão cada vez mais fragmentados e fechados ao diálogo com as outras áreas do saber, onde os profissionais, facilitadores e aprendizes são detentores de uma mentalidade cristalizada pelos modelos tradicionais que por vezes não aceitam críticas tampouco mudanças em seus métodos.

Porém, em contrapartida já se verifica - diante de um cenário em que as disciplinas passaram por sucessivas divisões e subdivisões alcançando, por conseguinte, um alto nível de especialização - uma crescente procura pelas pesquisas interdisciplinares, e conforme Japiassu "Isso advém, sobretudo, do fato de a interdisciplinaridade ser cada vez mais chamada a postular um novo tipo de questionamento sobre o saber, sobre o homem e sobre a sociedade”.

Ou seja, já se passa a observar os primeiros, contudo pequenos sinais de mudanças, no cenário acima descrito, em face de uma necessidade imposta pelos projetos e/ou pesquisas interdisciplinares, através de suas indagações sobre o saber, o homem e a sociedade como um todo. Dessa forma verifica-se uma nova concepção acerca da interdisciplinaridade no sentido de valorização dos métodos, formas, propostas e tendências interdisciplinares, iniciada a partir das mobilizações dos pesquisadores e especialistas destinados ao rompimento das resistências ocasionadas pela rudeza e fixidez das diversas disciplinas, bem como a promoção de uma possível reestruturação das mesmas.

3. Demandas, objetivos e obstáculos de um projeto interdisciplinar.

Indubitavelmente, a interdisciplinaridade nos dias atuais destaca-se por ser um método ou uma forma contraposta a todo um sistema de conhecimento assentado em bases conservadoras e, contudo, nesse contexto vem apresentar propostas de mudança, reflexão, reformulação e ruptura nas conexões e interdependências disciplinares, objetivando, sobretudo, uma censura a compartimentação e o estabelecimento de fronteiras entre as disciplinas, descobrir uma interseção entre as ciências humanas através do confronto dialético, assim como orientar as pesquisas que visam, por vezes, agir ou resolver problemas sociais concretos.

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