Interdisciplinaridade e Processo de Trabalho em Saúde: Desafios e Possibilidades para o Serviço Social
Por: Sueyde2123 • 8/4/2017 • Artigo • 9.950 Palavras (40 Páginas) • 558 Visualizações
INTERDISCIPLINARIDADE E PROCESSO DE TRABALHO EM SAÚDE: Desafios e Possibilidades para o Serviço Social.
Sueyde Bastos Ribeiro[1]∗
Resumo: O presente artigo tem como escopo apresentar o tema: Interdisciplinaridade e processo de trabalho em saúde: desafios e possibilidades para o Serviço Social. Este pretende analisar as práticas interdisciplinares como parte do processo de trabalho, no contexto da saúde sob a visão do Serviço Social. Haja vista, a necessidade crescente de práticas interdisciplinares nos serviços de saúde, buscando promover a integralidade entre os profissionais, de modo que atente para as reais necessidades dos usuários, proporcionando o cuidado que os usuários necessitam. Tendo como objetivos identificar e analisar, os desafios e possibilidades enfrentados pelos assistentes sociais no seu exercício profissional dentro do processo de trabalho em saúde. Ao concluir a pesquisa verificou-se que a interdisciplinaridade no processo de trabalho em saúde permite repensar na articulação/integração entre os diversos profissionais, numa perspectiva de gerar mudanças na produção do cuidado em saúde. Através do estudo, fica claro que a interdisciplinaridade é ocasionada pela integração, pela atitude de ousadia e transformação. Sinaliza-se, então, que se faz necessárias mudanças no universo da saúde, a fim de melhorar o atendimento aos usuários dos serviços.
Palavras-chave: Interdisciplinaridade. Processo de trabalho. Saúde. Serviço Social.
1 INTRODUÇÃO
Segundo afirmam Cecílio e Lacaz (2012) o conceito de trabalho em saúde está interligado a palavra “cuidar”, numa perspectiva de produzir cuidado as pessoas que necessitam, buscando assim, aprimorar, a importância dos trabalhos que envolvem práticas interdisciplinares, que vêm se tornando cada vez mais fundamentais. Já que o usuário/paciente deve ser visto como um todo, pois as alterações psicológicas, funcionais e sociais interferem na saúde da pessoa e na sua qualidade de vida.
Antes de refletir sobre a interdisciplinaridade no processo de trabalho em saúde, faz-se necessário entender sobre o conceito de saúde, remetendo a necessidade de uma racionalidade mais ampla. De acordo com Nunes (2002) o termo tem origem no latim salus, que significa são, inteiro, salvo, salvação, derivadas de: salus, solidus e soldu, que quer dizer solda e soldado, referindo-se a uma única peça, inteiro e completo.
Pode-se, assim, entender a saúde como integralidade não comportando fragmentações em saúde física, mental e social, partindo de uma visão holística que supõe seu entendimento a partir do compartilhamento de saberes dos vários profissionais da saúde (grifo do autor).
É interessante notar que, a saúde não é um objeto que se possa delimitar, (CZERESNIA, 2003), pois é concebida como um tema amplo e complexo, que abrange os determinantes sociais no processo saúde-doença que não são condicionados ou fixos, se apresenta de formas distintas em diferentes grupos, indo além do biológico e do individual, expressos numa estrutura social, econômica e política deste indivíduo (SCLIAR, 2007).
Nessa óptica de análise, ao refletir sobre saúde, surge à necessidade de se pensar acerca da importância da interdisciplinaridade como um aporte teórico dos determinantes sociais da saúde, numa perspectiva de compreender os problemas no processo saúde-doença, tornando mais visível à identificação de sua complexidade, já que conforme Nunes (2002) um único profissional não dá conta do objeto em sua totalidade.
Sendo assim, surge nossa pergunta de pesquisa: Como a equipe profissional ver a participação do Serviço Social no trabalho interdisciplinar? Há que se considerar que a interdisciplinaridade é um dos pontos centrais que constitui um entre vários temas, na contribuição para a pauta da área da saúde (BENITO et al., 2005). Por isso, na atualidade emerge uma necessidade crescente de práticas interdisciplinares nos serviços de saúde, buscando promover a integralidade entre os profissionais, de modo que atente para as reais necessidades dos usuários.
Este trabalho tem como objetivo geral analisar as práticas de interdisciplinaridade como parte do processo de trabalho em saúde na visão da equipe multiprofissional. E por objetivos específicos: discutir a interdisciplinaridade no processo de trabalho em saúde; retratar os desafios enfrentados pelos assistentes sociais no seu exercício profissional dentro do processo de trabalho em saúde.
Atentar para a interdisciplinaridade no fazer saúde permite repensar sobre a importância da construção de um processo de trabalho, que distancie a visão focada na doença, trabalhando o indivíduo em sua totalidade. Visto que a saúde e o adoecer não se limitam apenas ao corpo, inclui a mente, as emoções, as relações e a coletividade (REALI & SILVA, 2009).
Para Campos, Matos e Pires (2009, p. 11) o trabalho em saúde possibilita uma interação entre os profissionais, cuja proposta é ofertar uma atenção integral para se produzir cuidados em saúde. Acrescentando, ainda que: “[...] a interdisciplinaridade e o processo de trabalho em saúde são interligados”.
Nessa lógica, para Japiassú (1994), a interdisciplinaridade é vista como algo que provoca atitudes de medo e de recusa. Por ser um termo que traz inovação costuma apresentar
um desconforto/incomodo, pois acaba questionando o que já é adquirido ou já instituído. Segundo Fazenda e Godoy (2014) o tema surge como uma possibilidade de aprender a construir sem desfazer. Uma construção que tem como partida o velho na perspectiva de se construir o novo. Assim, para as autoras supracitadas (2014, p. 33) “Nenhum autor é sozinho, todo autor é parceiro, nem que seja apenas de seus teóricos. Nenhuma pesquisa nunca começa, ela sempre continua...”.
Diante desse contexto, foi proposto o desafio de estudar e entender a prática interdisciplinar dentro do contexto do processo de trabalho em saúde e os desafios e possibilidades de atuação dos assistentes sociais, prospectando chegar a conclusões que possam sugerir melhorias para esta situação. Salienta-se que o exercício da interdisciplinaridade não é algo concluído, sendo delineada pelas exigências das situações que se apresentam.
Todavia, é fato que em cada equipe acontece de múltiplas formas, por conseguinte, percebe-se a questão da individualidade, como um dos principais entraves em se colocar a interdisciplinaridade em prática, dificultando a ação profissional podendo muitas vezes torná-la ineficiente.
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