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Uma nova Psicologia .

Por:   •  1/4/2015  •  Projeto de pesquisa  •  615 Palavras (3 Páginas)  •  281 Visualizações

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Uma nova psicologia

A evolução de longo-prazo da “individualidade” acelerou na segunda metade do século 18, desenvolvimento refletido em aspectos da vida, das artes às leis. As platéias começaram a assistir espetáculos teatrais ou a ouvir música em silêncio. A arte de fazer retratos e a pintura representando o dia-a-dia desafiavam a supremacia das grandes telas mitológicas e históricas da pintura acadêmica. Onde a pintura européia havia na maioria das vezes mostrado corpos de governantes e figuras religiosas, retratos de pessoas comuns ganhavam importância cada vez maior em Londres e em Paris. Na segunda metade do século 18, esses retratos freqüentemente mostravam suas figuras menos como tipos ou ilustrativas de alegorias de virtudes e riqueza — em vez disso, enfatizavam sua individualidade psicológica e fisionômica. A própria proliferação das semelhanças individuais encorajava a visão de que cada pessoa era um indivíduo — isto é, único, separado, distinto e original — e, portanto, deveria ser retratado como tal.

A literatura francesa do século 18 desvendou de maneira semelhante a seus leitores uma nova forma de empatia. O surgimento de um romance epistolário (constituído de cartas trocadas entre os personagens) incentivava uma identificação altamente carregada com os personagens e, ao fazê-lo, possibilitava aos leitores criar empatia entre classes, sexos e nacionalidades. Os jornais proliferaram de maneira semelhante, transformando as histórias de vidas comuns acessíveis a um público amplo.

Benjamin Franklin and Thomas Jefferson in discussion with other men. © Erich Lessing/Art Resources, NY

Benjamin Franklin e Thomas Jefferson (o primeiro e o segundo a partir da esquerda) estavam entre os redatores da Declaração de Independência dos EUA (© AP Images)

Esses desenvolvimentos ajudaram a instilar uma nova psicologia e, no processo, estabeleceram os fundamentos para uma nova ordem social e política, na qual as noções de integridade física e individualidade empática estão intimamente relacionadas com o desenvolvimento e a aceitação dos direitos humanos. Em ambas as áreas, mudanças em opiniões aceitas anteriormente parecem acontecer todas ao mesmo tempo em meados do século 18.

Considere, por exemplo, a tortura. Entre 1700 e 1750, a maior parte dos usos da palavra “tortura” em francês referia-se a dificuldades que um escritor tinha em encontrar uma expressão adequada. Tortura como era então entendida — a inflição legalmente autorizada de dor física terrível como meio de extrair confissões de culpa ou nomes de cúmplices — tornou-se uma questão importante após o filósofo político Montesquieu ter atacado a prática em seu livro Espírito das Leis (1748). Em uma de suas passagens mais influentes, Montesquieu insiste que “muitas pessoas perspicazes e muitos gênios escreveram contra essa prática [tortura judicial] que eu não me atrevo a escrever depois deles”. A seguir, ele continua um tanto enigmaticamente, acrescentando: “Eu ia dizer que ela poderia ser conveniente a governos despóticos, onde tudo que inspira o temor entra mais no mecanismo do governo; eu ia dizer que os escravos entre os gregos e os romanos. (...) Mas ouço a voz da natureza gritando contra mim.” Aqui, também, a auto-evidência —

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