Análise do Capítulo de A Grande Transformação de Karl Polanyi

O autor propõe analisar neste capítulo como as formas de organizações anteriores (tribos, cidades-estados, etc...) se estruturavam a nível econômico, político e social, com o intuito de contra-argumentar a tese defendida pelo Adam Smith em relação à lógica do livre-mercado. O filósofo diz que a divisão do trabalho na sociedade dependia necessariamente da existência de um mercado, ou seja, da propensão natural do homem de barganhar e permutar uma coisa pela outra para levar vantagem. Contudo, o autor comprova que essa mecanização do trabalho já era verificada antigamente como resultado das relações sociais de uma comunidade. Além disso, confirma que a ideia por detrás do “homem econômico” denominado por Adam Smith nunca existiu em sociedades primitivas, desmitificando a noção de naturalidade frente ao individualismo excessivo. Logo, entende-se que a economia do homem não seria fruto do seu interesse próprio na busca do lucro, mas sim do seu anseio de salvaguardar sua situação social e a preservação do coletivo. Isso evidencia que o sistema econômico seria dirigido por motivações não econômicas, como os valores, as leis, os costumes, etc. Nesse sentido, a ordem da produção e da distribuição pela divisão do trabalho nessas sociedades antigas penderiam dos princípios gerais de comportamento: a reciprocidade, a redistribuição e a domesticidade. Estes teriam respaldo de um contexto institucional em vigor que incentivaria tais princípios, como um poder centralizado (auxilia a redistribuição) que redistribui simetricamente (auxilia a reciprocidade) e permite a produção para uso próprio (autarquia auxilia domesticidade) – e não voltado para o mercado, como defende o filósofo em questão.

Desse modo, Karl Polanyi enfatiza que o indivíduo smithiano não representa o homem primitivo, mas é um retrato da humanidade pós mudanças oriundas da Idade Moderna, na qual ocorre ruptura desse ambiente institucionalizado para a lógica do individualismo em busca do lucro.

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