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Causas Hiperinflação Brasil Anos 90

Por:   •  22/11/2016  •  Resenha  •  1.916 Palavras (8 Páginas)  •  1.871 Visualizações

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Da inflação à hiperinflação

- Fevereiro de 1990: inflação doméstica chega a 73% ao mês. Disso, há a constatação que a inflação brasileira havia se transformado numa hiperinflação

- Hiperinflação: não desorganizava a economia – mesmo que já tivesse gerando um grande efeito distorcido na distribuição de renda e alocação dos fatores de produção; não merecia o cunho de ‘’indexada’’, pois já tinha assumido as características das hiperinflações clássicas; se criou sem crise cambial, sem crise financeira, sem crise de abastecimento, etc. Foi pelo crescimento gradativo e cada vez mais rápido dos preços; era de fato denominada como tal mesmo que continuassem a dizer em ‘’evitar a hiperinflação’’, pois nem a dolarização da economia e nem sua total desorganização tinha se efetuado ainda.

- Tal aceleração da inflação doméstica brasileira se deu por etapas, de maneira gradual. No 2º semestre de 1989, a inflação passou a marca de 30%; em dezembro, passou dos 50%. E em fevereiro de 1990, é atingindo a marca de 73%, tendo nessa a certeza que o país estava diante de um processo hiperinflacionário.

- Por que atingimos uma situação de hiperinflação, mas não de total instabilidade?

- Na totalidade do ano de 1989, imaginava-se que aconteceria a chamada ‘’fuga do overnight’’ – a perda de confiança dos investidores nos títulos públicos do governo levaria a uma hiperinflação descontrolada – só que isso não ocorreu.  Também foi falado algo no sentido de que a crescente inviabilidade de financiar o déficit publico através do imposto inflacionário, com uma continua diminuição da base monetária, seria um fator acelerador da inflação. Isso não convence.

- A aceleração da inflação, dada através de várias etapas, levou de forma gradual a economia do Brasil à hiperinflação. Essa pode ser explicada de uma maneira mais precisa levando em conta análises baseadas no conflito distributivo e na ausência de equilíbrio dos preços.

A CAUSA BASICA: CRISE FISCAL

- A hiperinflação brasileira está diretamente relacionada com a crise economica dos anos 80.

- A crise dos anos 80: “foi desencadeada no final de 1980, quando o governo foi obrigado pelos credores externos a iniciar um processo de ajustamento. O ajustamento, entretanto, foi tardio e distorcido. O simples ajustamento fiscal requerido pelos credores externos já não era suficiente para fazer a frente a uma dívida externa que se tornara alta demais para ser paga integralmente. A dimensão exagerada da dívida externa tornara self-defeating (derrotados de antemão) os esforços de ajustamento. Estes, ao invés de reequilibrar a economia, resultaram, de um lado, na estatização da dívida externa, no crescimento da dívida pública interna, no aprofundamento da crise fiscal, e no aumento da taxa de juros interna, na medida em que era praticamente impossível eliminar inteiramente o déficit público sem reduzir a dívida externa; de outro lado, na medida em a redução do déficit público era alcançada principalmente graças à redução do investimento público e à recessão, o ajustamento levava à redução da capacidade de poupança e investimento do país” (BRESSER 1990).

- Consequência do caráter perversivo de tal ajustamento num quadro de divida externa muito alta: aceleração da inflação.

- A crise da divida externa no no Brasil começou no fim de 1980 e se transformou, ao longo da década, em uma grave crise fiscal. O déficit publico, que surge na economia doméstica nos anos 70 se tornou um problema reconhecido nacionalmente nos anos 80, partindo da primeira tentativa de ajuste. Assim que termina o processo de ajustamento, em 1984, tal déficit volta a crescer com uma tendência a se transformar num déficit primário – um déficit superior aos juros vencidos em cada ano.

- Com a persistência do déficit, a divida publica não parou de aumentar. A divida externa publica, que no inicio da década representava pouco mais de 50% do total, no fim dela já chegava aos 90%. A divida interna publica se tornou superior a externa, por causa da insistência do déficit publico e pela suspensão de empréstimos internacionais.

- As duas dividas publicas somadas eram altas, mas representava menos de 60% do produto interno do país. Essas implicavam em uma forte pressão sobre o déficit, pelos juros pagos pelo Estado correspondente a cerca de 60% do PIB.

- A crise fiscal – que esta na causa básica da hiperinflação brasileira – pode ser definida por tres vertentes: i) o déficit publico, que se manteve num nível acima de 5% do PIB; ii) a divida publica (interna e externa) e iii) prazo muito curto de maturação dos títulos públicos, o que revelava a falta de credito do Estado.

- A inflação de 73% em fevereiro de 1990 pode ser vista como uma consequência da crise fiscal e como uma causa dessa mesma crise. Uma inflação desse grau tende a dificultar o déficit publico através do efeito Oliveira-Tanzi e a progredir mecanismos internos de crescimento da própria inflação.

- Não existe relação entre déficit publico/crise fiscal e inflação. O crescimento da moeda tende a ser endógeno principalmente em uma situação de alta inflação, e assim, da mesma forma, o déficit publico tende também a assumir esse caráter, conforme que a maneira mais simplória de aumentar a quantidade de moeda nominal é a existência de um déficit publico.

- Deficit publico e crise fiscal: causa básica, mesmo que indireta, da aceleração da inflação. Por duas razões: 1ª – o conflito distributivo é intensificado conforme as tentativas do Estado em recuperar o nível da receita tributaria é feito e de reduzir o déficit são reagidas por aumentos de cunho defensivo nos preços e salários pelas empresas, trabalhadores e servidores públicos; 2ª – a crise fiscal leva a uma relativa imobilização do Estado. Para o combate da inflação, seja em qualquer nível, é preciso um Estado forte, que tal governo tenha a força necessária de interferir na economia através de medidas fiscais e monetárias e quando necessário, medidas administrativas.

- Uma crise fiscal imobiliza o Estado no sentido da perda de credibilidade ao governo e na perda de crédito para o próprio país. Ao passo que um Estado enfraquecido financeiramente não é mais capacitado de combater a inflação, essa tem o caminho livre para se desenvolver e se acelerar.

AS ETAPAS DA ACELERAÇÃO DA INFLAÇÃO

- Brasil acostumando com altas taxas de inflação, mas não a nada parecido ao que ocorreu.

- O país, até aquele momento, não conhecia uma taxa de inflação moderada como as que existem nos países desenvolvidos.

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