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Fichamento Introdução Hobsbawm Formações Econômicas Pré- Capitalistas

Por:   •  17/6/2018  •  Trabalho acadêmico  •  3.066 Palavras (13 Páginas)  •  511 Visualizações

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Fichamento da introdução do livro “Formações econômicas pré-capitalistas” de Karl Marx

Alice Laurentino

I

Embora publicado em 1939-41 em Moscou sob o título de Grundrisse der Kritik der Politischen ökonomie, como tantas obras de Marx e Engels que só tomaram o conhecimento do mundo a partir de 1930, estes extensos escritos de Marx marcam a maturidade do pensador em um momento precedente a da publicação de obras como O Capital. Inacessíveis ao público até então, um dos recortes de Grundrisse é intitulado como Formen die der Kapitalitischen vorhergehen e aborda dois aspectos: primeiro, as relações de produção, seus conflitos e seu processo de formação e desenvolvimento das forças produtivas; segundo, empregando o método hegeliano de dialética sempre em bases materialistas, Marx procura descrever o conteúdo da história de maneira mais geral, o seu progresso.

O progresso, para Marx, seria o fator definitivo para uma análise mais justa do livre desenvolvimento do homem, conduzindo a humanidade para tal conquista. Sua base para a teoria da evolução da sociedade e da economia era a de que o homem seria um animal social. Através da modificação do mundo, isto é, através do trabalho, é que o homem confirma a sua existência. Essa interação com a natureza, sendo proposital ou não, é o que fomenta a evolução social. Essa apropriação dos fatores naturais através do trabalho é que dá origem à ideia de propriedade – mas não privada.

Animal social que é, o homem desenvolve pela cooperação a divisão social do trabalho, especializando as funções, produzindo excedente e posteriormente trocando entre outros indivíduos. Esta crescente dominação da natureza pelo homem é o que Marx caracteriza como sua emancipação da natureza, e o que marca as forças produtivas e as relações de produção posteriores.

Este processo de emancipação é marcado pela sofisticação das relações de produção e de troca, onde surge a mercadoria, o dinheiro e a acumulação. O homem vai se individualizando e perdendo a identidade trabalho-propriedade, separando-se dos meios de trabalho e o seu objeto.

“Esta separação se completa, finalmente, sob o capitalismo, quando o trabalhador é reduzido a simples força-de-trabalho e, podemos acrescentar, inversamente a propriedade se reduz ao controle dos meios de produção, inteiramente divorciado do trabalho. No processo de produção dá-se, então, uma separação total entre o uso (que não tem importância direta), e a troca e a acumulação (que vão constituir o objetivo direto da produção) ”. (Página 17)

A complexidade do embasamento teórico que Marx proporciona, torna cada vez mais atrelados os conceitos de história, sociologia e economia, fazendo dessa conexão uma trama que só pode ser discutida se vista como tal unidade. Por isso mesmo, Hobsbawm defende que o objeto primordial de Formen, o estudo sobre o desenvolvimento histórico, seria um tema complexo e que requer conhecimentos prévios dos pensamentos de Marx e Engels para sua efetiva compreensão.

Marx define de modo geral em asiático, antigo, feudal e burguês moderno os processos de formação econômica na humanidade. O estudo de Formen se concentra nas sociedades anteriores, suas formações e classificações. Mesmo que posteriormente muito de seu conteúdo tenha preciso ser revisado, foi preciso fazê-lo por atualização, já que inevitavelmente Marx e Engels estavam limitados de informações, muito do que discutiram só ganhou um embasamento teórico mais tardio. Ainda que Marx tivesse se aprofundado pouco em alguns aspectos, já que seu objetivo principal era tratar do modo de produção capitalista, seus estudos oferecem solidez suficiente para que tenham relevância ainda atualmente.

Sobre o desenvolvimento do modo de produção capitalista, Marx e Engels acompanhavam a produção teórica plenamente. Tendo seu foco principalmente a história agrária medieval, nas origens medievais da burguesia e no comércio e finanças feudais, no geral, Marx se interessava principalmente pela comunidade camponesa primitiva. Sobre a primitiva sociedade comunal, Marx e Engels apoiaram-se nos estudos de Greg von Maurer e Lewis Morgan, tendo a obra deste segundo pensador presente em “Origem da família, da propriedade privada e do estado” de Engels, onde relata as ideias de Marx muito convergentes com as de Morgan, que inclusive trata em como a primeira divisão social de trabalho pode ter sido entre as funções de homens e mulheres e como este fato seria decisivo para dividi-los em grupos antagônicos e conflitantes acerca de sua hegemonia social.

II

O segundo momento da introdução do filósofo Hobsbawm trata da visão de Marx e Engels sobre periodização e evolução histórica. Estudada na obra “Ideologia Alemã”, as diferentes divisões sociais do trabalho também carregam diferentes formas de propriedade. Sendo divididas em quatro etapas, a primeira delas é a propriedade comunal. Caracterizada pela divisão social do trabalho entre a família, a forma de vida é pela subsistência, sendo suas ferramentas a caça, pesca, criação de animais e as vezes, plantio.

O autor define que a separação entre trabalho industrial e comercial do agrícola foi a divisão social do trabalho marcante para a sociedade. Este fato levaria a segunda fase histórica, a propriedade comunal e estatal, onde divide-se cidade e campo. A forma de propriedade é a comunal urbana, mas a propriedade privada vinha emergindo, junto às propriedades privadas móvel e imóvel e fazem a primeira entrar em decadência. A divisão social do trabalho é complexa e dentro da cidade ainda separam-se indústria e comércio, homens livres e escravos.

Quando as condições territoriais não favorecessem a propriedade comunal, a propriedade feudal surgiria como uma alternativa. Nessa forma, o campo teria primazia na organização social, ao contrário da comunal. As classes também são definidas. No campo, servo e senhor feudal. Na cidade, que se desenvolvia paralelamente, aprendiz e mestre artesão.

A transição do sistema feudal para o capitalista, que seria a etapa atual, é marcada principalmente pela divisão entre cidade e campo, além do desenvolvimento do comércio a longa distância, que propiciou o surgimento dos burgos, esses grupos que estabeleciam as relações de troca entre os feudos, que posteriormente formariam a classe burguesa. Narra o autor que “paralelamente, forma uma nova classe, integrada pelos não-proprietários e parte dos que até então eram possuidores: o proletariado” (Pág. 32).

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