Livro Manual de Macroeconomia
Por: Caio Agostinho • 6/4/2025 • Artigo • 1.734 Palavras (7 Páginas) • 27 Visualizações
Investimento
Introdução
Os investimentos têm duplo papel: além de representarem um importante
componente da demanda, aumentam a capacidade produtiva da economia
ao longo do tempo. Ao estimular os investimentos, o governo, além de aumentar
o
grau de utilização da capacidade produtiva (supondo o desemprego de curto
prazo no modelo keynesiano), eleva a própria capacidade produtiva ao aumentar
o
estoque de capital da economia. Este capítulo tem como objetivo analisar os
determinantes das decisões de empresas e famílias sobre investir.
Conceitos básicos
Como definido no Capítulo 1, investimento é o incremento do estoque de
capital na economia, também chamado taxa de acumulação de capital. São con-
siderados investimentos, por exemplo, a compra de prédios por empresas ou a
aquisição de máquinas e equipamentos, assim como a variação de estoques, seja
de matérias-primas, de bens semi-elaborados ou mesmo de bens acabados.
Uma distinção importante diz respeito às definições de investimento bruto
e
investimento líquido. No processo produtivo, o estoque de capital sofre um
desgaste natural conhecido como depreciação. O investimento pode estar incluin
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Manualde Macroeconomia * Lopes e Vasconcellos
do a reposição do estoque de capital necessária para cobrir a depreciação. Nesse
caso, estamos falando de investimento bruto. Quando excluímos a depreciação,
temos o investimento líquido. Assim, temos a seguinte relação:
L=1L+dKk
onde:
I,
1,
d
K
=
=
=
=
investimento bruto
investimento liquido
coeficiente de depreciacdo
estoque de capital.
Em termos agregados, existe uma dificuldade de se estimar d já que esse coe-
ficiente varia de máquina para maquina. Na elaboragio das Contas Nacionais, é
praxe fazer uma estimativa para a depreciação de 5% do PIB ao ano. -
Cabe destacar ainda que, nas decisões de investimento, os agentes tomam
suas decisões olhando para o futuro, já que só faz sentido aumentar o estoque
de
capital se esse aumento proporcionar um retorno futuro em termos de ren-
dimento.
As decisões de investimento são feitas pelas empresas.! Como as empresas
são, em última instância, propriedade das famílias, a decisão de investir pode
ser considerada como parte das decisões das famílias sobre alocar os consumos
presente e futuro. Podemos então analisar o investimento como parte das deci-
sões das famílias.
Decisão de investir
No capítulo anterior, as famílias escolhiam entre consumir mais ou menos
no presente, de olho no futuro. Quando falávamos em poupança, na verdade es-
távamos referindo-nos à compra de ativos financeiros pelas famílias. Podemos,
no entanto, considerar também a compra de bens de capital. A justificativa é a de
que, como a decisão de investir é realizada pelas famílias e essa decisão implica
maior possibilidade de consumo no futuro, a compra de bens de capital repre-
senta uma alternativa para as famílias em sua alocação intertemporal da renda.
Segundo a estrutura do modelo de dois períodos de alocação intertemporal
de
Fisher, analisado no capítulo anterior, a poupança no período 1 pode ser es-
crita como:
S
=Y,-¢
onde S,, Y, e C, representam a poupanga, a renda e o consumo no primeiro pe-
riodo, respectivamente.
!
Vale lembrar que nas Contas Nacionais, o investimento em moradias pelas familias e as despesas
de capital do sctor público são lancados na conta das empresas (conta Produto Interno Bruto).
Investimento
Agora, a poupança no período 1 pode ser distribuída entre ativos financeiros
(B,) e investimento (/,), ou seja:
'
S,
=B +1;
No periodo 2, o consumo é dado por:
C,=Y,+(1+r).B;
Combinando as trés equagdes, obtemos:
C,=Y,+ (1 +7r).(Y,-C 1)
Isolando C, e C, e dividindo-se ambos os lados do resultado por (1 + 1),
obtemos:
Ci+Cy/ (A +1)=(Y,~1) + Y, /(1 +71)
que representa a restrição orçamentária intertemporal das familias, consideran-
do-se o investimento.
A
familia agora precisa escolher aplicar sua poupanga em ativos financeiros
ou
em investimentos, de forma a maximizar sua riqueza. Considerando que a
riqueza (W) é dada por:
W= (Y, -1) + Y,/(1 +7)
podemos escolher o nivel de investimento que maximize W. Assim, derivando
essa expressdo em relação a I, chegamos a:
dw/dl = -1 + PmgK/(1 + r)
onde PmgK representa a produtividade marginal do capital no periodo 2.
A
riqueza da familia é maximizada quando dW/dI = 0. Para que isso ocorra,
deveremos ter:
PmgK = (1 +r)
ou seja, a riqueza da família é maximizada quando a produtividade marginal do
capital é igual a um mais a taxa de juros. Considerando-se que as famílias se
preocupam com a produção e o consumo em termos reais, a taxa de juros rele-
vante para suas decisões de investimento é a taxa de juros real.
Pode-se estender essa idéia para o caso mais geral, considerando-se vários
períodos bem como a depreciação. Vamos supor que o capital adquirido pela fa-
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