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O Governo Dilma

Por:   •  8/5/2017  •  Abstract  •  815 Palavras (4 Páginas)  •  300 Visualizações

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Estou disponibilizando um texto meu sobre Política Econômica do Governo Dilma.
críticas e sugestões são bem vindas
A Economia Política e a desestabilização do Governo Dilma
José Alex R Soares 25/03/2015. doutorando PROLAM/USP

Uma questão que precisamos deixar clara referente à atual crise que o Governo Dilma e o PT estão enfrentando é: existe sim uma crise, uma crise política, mas acima de tudo, temos uma crise econômica que vai alimentar essa crise política. 
A crise política está colocada por uma série de fatores, morais éticos e etc. - não vou me focar nessa questão, já que existem milhares de análise sobre o tema. O que me parece mais trágico frente a tudo isso é a inanição do Governo diante dos fatores econômicos e sua total incapacidade de gerar uma pauta propositiva a respeito do tema.
A presidenta se elegeu com um discurso mais à esquerda, sinalizando uma série de ações que no seu segundo mandato poderiam trazer avanços significativos à população brasileira, porém, o rompimento entre a retórica e a realidade do concreto foi dramático, fez-se um abismo. 
Em nome de uma política econômica que se chama de viável e responsável, o governo se pauta pelo que Simon Wren-Lewis chamou de mídiamacro, em outras palavras, a macroeconomia do governo é construída pelos agentes midiáticos, os quais vão determinando a política econômica. O que temos da crise é um problema de economia política (produção de riqueza), um problema oriundo das relações sociais de poder que vão se retro alimentando e se escancaram nesses momentos.
A crise econômica vai ser posta e alimentada de tal forma que os mídiamacros, ou seja, um grupo de jornalistas econômicos e consultores financeiros que transformaram o debate macroeconômico numa solução de mão única, sem nenhuma base cientifica. 
As propostas que se apresentam são construídas a partir de uma retórica – a retórica do convencimento praticado por esses agentes midiáticos. As soluções básicas são redução de custos, diminuição do estado, modernização e gerenciamento privado das empresas públicas, gerando um alto custo social e político para o país.
O mais espetacular de tudo é que o Governo Dilma, antes mesmo de assumir seu segundo mandato, já tinha sido capturado por essa tese. Como o problema é de economia política, os grupos que financiam essas teses são os mesmos que, ao impô-las, beneficiariam-se de seus resultados. Os custos e esforços a serem praticados são em cima da base eleitoral da Presidenta, que é a mais afetada de forma negativa e, por mais irônico que seja, os que mais se beneficiam com esse programa de ajuste são os grupos sociais ligados ao candidato derrotado.
O que enfrentamos com esse ajuste é, antes de mais nada, uma efetivação de uma política distributiva de renda. Distributiva, sim, mas que afetará negativamente a base social da Presidenta (o que já começou com o aumento na taxa de juros) e positivamente a base social da oposição. Esse fato gera dois problemas essenciais:
i) quando o governo é capturado pelo discurso midiamacro, de maneira direta, acaba interditando o debate econômico nos meios acadêmicos, pois carimba as discussões acadêmicas ou partidárias como algo idealista e distante da realidade, e mais do que isso, transforma a economia política em meia dúzias de jargões (ajustes fiscal, superávit primário, etc) e, conseqüentemente, para convencer o público, “eleva” o discurso econômico a uma comparação da economia doméstica.
Vemos então uma total despolitização da economia política e instrumentalização da política econômica. Não tem nada de despolitizador querer traduzir a macro economia para o conjunto da população, mas de forma a politizar, desvendando a economia política. 
O auge dessa despolitização é a famosa frase do ex- Presidente Lula (nunca o sistema financeiro ganhou dinheiro como no meu governo). Essa postura não é capaz de formar uma análise critica da sociedade brasileira e apontar caminhos realmente alternativos. A derivação dessa postura nos leva a um outro problema: 
ii) quando governo adota uma política econômica com base nesses princípios ,ele penaliza sua base eleitoral, política, e despolitiza a crise que estamos enfrentando hoje (em especial o caso da Petrobrás), gerando um paradoxo importante na política nacional. A base social que mais se beneficiaria dessa instrumentalização da economia é que acaba fazendo a oposição mais dura. Disso então deriva a outra questão: se não tem politização do processo, como o Governo vai convencer sua base de apoio (popular) a defende-lo, se é ela que vai custear o ajuste midiamacro? Como defender o governo que mina sua renda, suas conquistas sociais?
Esses ajustes apresentados pelo Governo terão efeitos deletérios sobre os programas sociais que foram as vitrines dos últimos três governos petistas. O Governo Dilma caiu numa armadilha com essa política econômica e não tem como sair. Quanto mais cede para manter a estabilidade política, mais perde as condições políticas de alternativas a um programa popular. O Governo Dilma pode até não vir a sofrer um impedimento pelo congresso, mas com certeza a agência de emprego PT vai fechar em 2016.

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