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O Modelo de Harrod-Domar e o Crescimento Econômico do Japão

Por:   •  23/8/2020  •  Pesquisas Acadêmicas  •  2.513 Palavras (11 Páginas)  •  581 Visualizações

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O Modelo de Harrod-Domar e o

Crescimento Econômico do Japão

1) INTRODUÇÃO

Vamos usar o Modelo de crescimento de Harrod- Domar para tentar explicar o crescimento econômico do Japão após a segunda Guerra Mundial assim como a sua recente estagnação.

O modelo de crescimento de Harrod-Domar é um modelo do tipo Pós-Keynesiano e uma de suas principais características é a incorporação das idéias Keynesianas que não reconhecem o pleno emprego, o que reflete no uso de uma função de produção do tipo Leontief no modelo.

Usar a função Leontief significa admitir que nem todos os fatores de produção são utilizados e que eles não são substituíveis entre si. Uma vez que  essa função representa dois fatores de produção (K, L) que sejam complementares perfeitos e com proporções fixas. Isso faz com que a trajetória econômica acabe sendo limitada pelo fator escasso.

O assunto será abordado a partir do contexto histórico e econômico do país, da exposição do modelo e suas características, assim como a análise de gráficos com o objetivo de avaliar se uma função de produção do tipo Leontief e o próprio modelo Harrod-Domar oferecem uma explicação razoável para o caso japonês.

O Japão experimentou transformações políticas e sociais após as ocupações das forças Aliadas durante 1945 e 1952. Dentre elas está a transferência da posse de terras agrícolas dos latifundiários para arrendatários, promoção do sindicalismo, desmilitarização e a democratização do governo e da sociedade do Japão.

Logo após a guerra, cerca de 40% das instalações industriais e infraestrutura do país foram destruídas, e a produção reverteu para níveis de cerca de 15 anos antes. A assistência dos EUA totalizou cerca de US $ 1,9 bilhão durante a ocupação, 59% na forma de alimentos, 15% em materiais industriais e 12% em equipamentos de transporte.

Os primeiros anos do pós-guerra foram dedicados à reconstrução da capacidade industrial perdida com grandes investimentos em energia elétrica, carvão, aço e produtos químicos. Em meados da década de 1950, a produção combinava com os níveis pré-guerra. A economia não só recuperou seu ímpeto perdido, mas também superou as taxas de crescimento de períodos anteriores.

Em 1960, iniciou-se um novo tipo de desenvolvimento industrial, à medida que a economia se abria para a concorrência internacional. Enquanto os têxteis e a manufatura leve mantiveram sua rentabilidade internacionalmente, produtos como automóveis, eletrônicos, navios e máquinas-ferramenta assumiram nova importância. Como resultado,  em 1965, os setores industriais empregavam mais de 41% da força de trabalho.

Durante 1963 e 1973, a economia japonesa cresceu a uma média de 10,2%, taxa acima da média dos países ocidentais mais desenvolvidos. Mesmo após a crise do petróleo, observa-se que a taxa do PNB japonês teve seu primeiro declínio pós-guerra mas manteve-se mais elevada do que as dos demais países.  

Fatores que contribuíram no crescimento do Japão pós-segunda Guerra Mundial: a) ampla disponibilidade de recurso humano qualificado; b) alto nível de poupança e investimento; c) elevado espírito competitivo e integração empresarial; d) o papel do Estado e das empresas privadas.

a) No período pós guerra o Japão apresentava a mais alta taxa de alfabetização e mais altos padrões de educação do mundo, o  que aumentou a sua capacidade de absorção de novas tecnologias, gerando um ambiente econômico internacional favorável.

b) Uma das explicações para isto é que parte da produtividade não está se revertendo em ganho salarial e sim em massa de investimento. Isto caracteriza a economia japonesa como um economia em que a acumulação visa o crescimento econômico. Além da tradição do emprego vitalício em um contexto de crescimento populacional.  

c) Na sociedade japonesa, encontramos uma competição empresarial acirrada que termina, muitas vezes, em cooperação harmoniosa. Enquanto as grandes empresas possuem condições e recursos para o financiamento das inovações, o grau de integração empresarial existente no país vai facilitar tanto o processo de difusão tecnológica entre empresas de diferentes portes, quanto o de desenvolvimento tecnológico entre empresas de diferentes ramos.

d) O grau de incerteza foi reduzido, graças a uma simbiose que une o Estado aos grandes grupos econômicos. Durante todo o processo de industrialização do país, o Estado exerceu um papel fundamental, estimulando mais ainda a capacidade de geração e absorção de tecnologia pelo setor privado.

2) MODELO HARROD-DOMAR

De acordo com Oreiro[1], as contribuições de Harrod (1973) e Domar (1946) deram origem a abordagem pós-keynesiana para o crescimento e distribuição de renda. Foram tentativas de extensão para o longo-prazo dos resultados obtidos por Keynes em sua Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda.

O modelo Harrod-Domar traz como resultado fundamental que a obtenção  de uma trajetória de crescimento estável com pleno-emprego da força de trabalho é possível, porém, altamente improvável. As economias capitalistas, portanto, deverão, via de regra, apresentar um crescimento variável, ora com períodos de crescimento acelerado, ora com períodos de queda econômica.

O modelo traz como característica central a determinação das condições necessárias para a manutenção do equilíbrio entre poupança  e investimento.

Uma maneira matematicamente simples de explicar o modelo é supor uma economia fechada, sem governo e com dois de fatores de produção: capital (K) e trabalho (L). Nesta economia, a poupança, que é uma fração s do produto (Y), é igual ao investimento: S=sY=I; a função de produção, do tipo Leontief, é dada por Y= min[K/v , L/l], com v=K/Y e l=L/Y; e a acumulação de capital é definida pelo investimento menos a depreciação: dK/dt = sY - 𝛿K.

Podemos inserir a função de produção na equação do aumento de capital e dividir as variáveis por L para obter resultados per capita:

K’/L = s.min[1/L.K/v , 1/L.L/l] - 𝛿K/L

Para o lado esquerdo assumimos que K/L = k e que L’/L = n, que é a taxa de crescimento da força de trabalho, exógena ao modelo.

k’ = (K/L)’ = (K’L - L’K)/L² → K’/L = k’ + nk

Levamos nk para o lado direito e obtemos ao final:

k’ = s.min[k/v , 1/l] - (n + 𝛿)k

Esta é uma equação diferencial que descreve a trajetória da economia do modelo. Graficamente, ela pode ser representada da seguinte maneira:

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