OMC, Comércio Internacional e Crise
Por: Dimitri Bentok • 19/9/2018 • Artigo • 4.366 Palavras (18 Páginas) • 218 Visualizações
3 – COMÉRCIO INTERNACIONAL,
BLOCOS ECONÔMICO-POLÍTICOS
e CRISE de 2008
COMÉRCIO INTERNACIONAL (OMC)
O acordo constitutivo (1994) de Marrakesh cria a OMC, que começa a funcionar em 01/01/1995.
Princípios legados do GATT
- cláusula da nação mais favorecida
- princípio da transparência
- princípio da reciprocidade
- princípio do tratamento nacional ou da não-discriminação
O novo princípio é o do single undertaking (“do empreendimento único” ou “do pacote fechado”) que vem para impedir o “GATT a la carte”. Isso assegura uma uniformidade normativa e os Estados devem aderir a todos os acordos que estavam em negociação. Os acordos deveriam ser multilaterais – e não mais plurilaterais -, aqueles que criam direitos e obrigações para todos. Outra característica importante é o fim da “cláusula do avô”, não há mais permissão para que os países optem pela jurisdição interna, elas devem, aliás, refletir as normas da OMC.
- Órgão de Solução de Controvérsias: O Brasil é um dos países que mais aciona o órgão de solução de controvérsias, o que é desproporcional à sua importância dentro do comércio mundial (de 1%, há 40 anos).
Casos de Implementação.
- Estado derrotado implementa voluntariamente a decisão
- Se a alternativa anterior não acontecer, o Estado oferece compensações ao Estado vencedor em outro setor.
- Se nenhuma das coisas acontecer, há a possibilidade de retaliação, que será definida e autorizada pela OMC, em que será respeitado o princípio da proporcionalidade. Porém, a retaliação não pode ser mínima, ela tem que incomodar o Estado ao ponto de o Estado preferir cumprir as decisões da OMC. A retaliação e a compensação não podem ser mínimas, os Estados devem ser incomodados ao ponto de procurar a mudança de postura do Estado. O problema é se o Estado vencedor tiver um pequeno mercado e baixo poder de barganha.
- A RODADA DOHA E AS BATALHAS COMERCIAIS NA OMC
- Combate ao protecionismo (na forma de tarifas, de cotas, de medidas sanitárias e fitossanitárias, de licenças não-automáticas de importação, etc): em nome da liberalização do comércio, os países integrantes da OMC participam de recorrentes negociações, que podem integrar uma rodada específica, em que alguns temas são priorizados.
- Em novembro de 2001, em Doha, no Catar, foi lançada a primeira rodada de negociações multilaterais no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC), e a nona desde a criação do Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT). Sob a denominação indicativa de Rodada de Desenvolvimento de Doha, os Ministros das Relações Exteriores e de Comércio comprometeram-se a buscar a liberalização comercial e o crescimento econômico, com ênfase nas necessidades dos países em desenvolvimento.
- O que se critica?
- A cobrança de altas taxas sobre produtos importados para que a produção nacional não perca competitividade com a entrada de produtos estrangeiros com preços mais baixos e para manter a reserva de dólares em um nível seguro. Esse tipo de protecionismo é muito praticado no Brasil em produtos manufaturados como automóveis, por exemplo. Como a indústria brasileira automobilística ainda tem alto custo, o preço de um modelo fabricado no Brasil é bem mais elevado que o mesmo carro produzido, por exemplo, nos Estados Unidos.
- O subsídio agrícola dado por governos de países desenvolvidos a seus agricultores para mantê-los competitivos e ativos. Assim, agricultores americanos e europeus conseguem ter preços mais baixos que teriam e conseguem até mesmo exportar produtos agrícolas.
- A falta de acordo na Rodada de Doha reativou os litígios na OMC, que haviam se paralisado temporariamente, a espera do acordo de Doha.
BLOCOS ECONÔMICO-POLÍTICOS
Seguindo o exemplo da Comunidade Econômica Europeia (1957), alguns países que liberalizavam o seu comércio internacional pela primeira vez, decidiram fazê-lo de forma mais gradual e segura e, para isso, organizaram-se em bloco econômicos liberalizantes. Dessa maneira, a redução do protecionismo se daria de forma concertada, minimizando os efeitos perversos que a globalização poderia causar, principalmente aos países menos competitivos.
- Níveis de Integração
1. Zona Livre de Comércio: o estágio de integração mais leve é a zona de livre comércio, em que os membros devem apenas extinguir os impostos de importação entre si. Exemplos de ZLC são:
- Nafta (Tratado Norte-Americano de Livre Comércio, 1992): EUA, Canadá e México
- Apec: (Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico, 1993): EUA, Japão, China, Rússia, Peru, Taiwan, Coreira do Sul, Hong Kong, Cingapura, etc.
- Aliança do Pacífico: México, Chile, Peru e Colômbia
2. União Aduaneira: nesse estágio, além do livre comércio, os membros devem ter uma Tarifa Externa Comum (TEC) para todos os produtos importados.
- Mercosul: Brasil, Argentina, Venezuela, Uruguai e Paraguai.
- Ainda existe uma extensa lista de exceções à tarifa externa comum, o o que faz do bloco uma União Aduaneira imperfeita.
3. Mercado Comum: nesse estágio, além do livre comércio e da TEC, os fatores de produção (capitais, pessoas, máquinas e empresas) devem ter livre trânsito entre os países membros.
- União Europeia: Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Chipre, Croácia, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Holanda, Polônia, Portugal, Reino Unido, República Tcheca, Romênia e Suécia.
4. União Econômica e Monetária: nesse estágio, os membros têm política monetária e moeda comuns.
- Zona do Euro: 11 países membros da U.E. não fazem parte da zona do euro - Reino Unido, Polônia, Bulgária, Croácia, Dinamarca, Hungria, Letônia, Lituania, República Tcheca, Romênia e Suécia.
UNIÃO EUROPEIA
- Como primeira tentativa contemporânea de integração econômica, Bélgica, Holanda e Luxemburgo formam, ainda durante a Segunda Guerra Mundial, o Benelux.
- A Comunidade Europeia da Carvão e do Aço (CECA) foi criada em 1952 e era composta pelos países do Benelux juntamente com França, Itália e Alemanha Ocidental. Por conta disso, também era chamada de Europa dos Seis. A criação da CECA esteve diretamente ligada ao Plano Schuman, que foi um planejamento econômico do governo francês para integrar a produção siderúrgica dos seis países em questão. O objetivo maior era estabelecer um acordo com a Alemanha Ocidental para que ambas compartilhassem a produção de carvão mineral e minério de ferro na região da Alsácia-Lorena (França) e de Sarre (Alemanha). Tais regiões encontram-se na fronteira dos dois países e foram historicamente envolvidas por disputas territoriais entre as duas nações. Diante disso, a CECA se caracterizou por uma integração do mercado siderúrgico e pela existência de uma Alta Autoridade.
- Mercado Comum Europeu (MCE) ou Comunidade Econômica Europeia (CEE). Com a fragmentação da Europa em vários Estados, os países-membros da CECA reconheciam que era necessário ampliar o mercado consumidor interno e acelerar o desenvolvimento de sua produção industrial. Em vista disso, foi criado em 1957, com o Tratado de Roma, o Mercado Comum Europeu, que também é chamado de Comunidade Econômica Europeia. Além dos países da antiga CECA, integravam o bloco econômico os seguintes países: Inglaterra, Irlanda e Dinamarca, a partir de 1973; Grécia, a partir de 1981; Espanha e Portugal, a partir de 1986. Era a Europa dos 12. A CEE era caracterizada pela proposta do estabelecimento de uma livre circulação de mercadorias, serviços e capitais. Além disso, foi pela primeira vez colocada em um bloco econômico a possibilidade de permissão à livre movimentação de pessoas entre os países-membros. Com o final da Guerra Fria, em 1989, a Alemanha Oriental também foi incorporada ao MCE.
- O Tratado de Maastricht: criação da União Europeia, em 1991, com o Tratado de Maastricht, que todos os objetivos do Mercado Comum Europeu puderam ser alcançados, com o estabelecimento da livre circulação de pessoas, mercadorias, bens e serviços entre os países-membros. Criada em 07 de Fevereiro de 1992. Em 1995, mais três países integraram a UE: Suécia, Finlândia e Áustria. Tratava-se, a partir de então, da Europa dos 15. Em 2004, integraram o bloco as ilhas de Malta e Chipre. Além disso, alguns países do antigo bloco socialista soviético também ingressaram na UE (Polônia, Hungria, República Tcheca, Eslováquia, Eslovênia e Bulgária) e três antigos países da União Soviética (Estônia, Letônia e Lituânia). Em 2007, Bulgária e Romênia também aderiram ao bloco, que passou a ser a Europa dos 27.
- O Euro também foi criado pelo Tratado de Maastricht. Entretanto, seu uso inicial era somente para trocas cambiais entre os países da UE, pois os governos dos países, bem como a população europeia como um todo, preferiam a manutenção de suas moedas nacionais. A partir de 2002 que o Euro foi colocado em circulação, porém, alguns países, como Dinamarca e Inglaterra, preferiram manter suas moedas nacionais, outros foram adotando o euro de forma gradativa. O euro demonstrou um rápido crescimento e passou a ser um grande rival do dólar, que, no entanto, continua a ser a principal moeda utilizada em políticas financeiras internacionais.
- Tratado de Lisboa (2007): implementa amplas reformas. Acaba com a Comunidade Europeia, elimina a antiga arquitetura da U.E. e efetua uma nova repartição das competências entre a UE e os Estados-Membros. O modo de funcionamento das instituições europeias e o processo de decisão são igualmente sujeitos a modificações. O objectivo é melhorar a tomada de decisões numa União alargada a 27 Estados-Membros. O Tratado de Lisboa vem ainda introduzir reformas em várias políticas internas e externas da UE. Permite, nomeadamente, que as instituições legislem e tomem medidas em novos domínios políticos.
MERCOSUL
Argentina, o Brasil, o Paraguai e o Uruguai assinaram, em 26 de março de 1991, o Tratado de Assunção, com vistas a criar o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL). O objetivo primordial do Tratado de Assunção é a integração dos quatro Estados Partes por meio da livre circulação de bens, serviços e fatores produtivos, do estabelecimento de uma Tarifa Externa Comum (TEC), da adoção de uma política comercial comum, da coordenação de políticas macroeconômicas e setoriais, e da harmonização de legislações nas áreas pertinentes. Em dezembro de 1994, foi aprovado o Protocolo de Ouro Preto, que estabelece a estrutura institucional do MERCOSUL e o dota de personalidade jurídica internacional.
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