OS ASPECTOS GERAIS DO PROBLEMA TEÓRICO
Por: Alberan Rocha • 2/7/2019 • Resenha • 1.244 Palavras (5 Páginas) • 186 Visualizações
LABINI – CAPÍTULO 1 – ASPECTOS GERAIS DO PROBLEMA TEÓRICO
Base de análise:
- Rigidez de preços
- Curva de demanda quebrada (Sweezy, 1939).
- A SOLUÇÃO DE HALL E HITCH, de 1939 – Formação de preço.
- O empresário individual se encontra diante de uma particular curva de demanda quebrada.
- Formação do preço pelo Princípio do Custo Total – fórmula descrita por Labini, 1956.
P = v + q’v + q’’v
q’v = k/x
q’’v = g
q = (q’ + q’’)
p = v + qv
qv = k/x + g
onde:
x = quantidade produzida (não é constante no tempo, flutua sazonalmente e ciclicamente)
p = preço
v = custo direto unitário
q’ = margem para cobrir o custo fixo[1] (k)
q’’ = margem de lucro líquido (g)
- Que quantidade deve-se considerar para determinar o preço? Esta questão é fundamental porque o custo fixo só é fixo globalmente, mas unitariamente muda com a variação de x.
- A quantidade que o empresário considera é MENOR do que a máxima possível de ser produzida, que não é atingida devido a flutuações sazonais e cíclicas (Xm) e que é MAIOR que a quantidade suficiente para recuperar o custo total (fixo e direto) sem deixar nenhuma margem líquida de lucro (X0[2]).
- Após ter formalizado o “princípio do custo total”, sente-se claramente a insuficiência e o seu caráter contraditório:
- A quantidade que serve de base para determinar o preço deve ser necessariamente maior que x0, porque somente nessas condições o empresário obtém lucro líquido positivo. Essa quantidade depende do preço, além do custo fixo e do custo variável médio.
- O preço não é e nem pode ser determinado pelo empresário isolado – opera em condições de oligopólio.
- O preço é determinado por um complexo de forças relacionadas com o setor produtivo como um todo, no qual o empresário opera.
- Quando se põe o problema da determinação de x0, deve-se já considerar conhecido o preço e assim a contradição desaparece.
- Dado o preço, a empresa isoladamente se considera em equilíbrio se “normalmente” ela vende uma quantidade xn (superior a x0 e inferior a xm).
xm > xn > x0
- Em relação a Xn, determinável somente depois que o preço foi explicitado, se tem:
qv > k
xn
qv = k + g
xn
Exemplo prático:
Quantidade produzida/mês (Xn): 80
Custo direto total (v): $100
Custo indireto total (k): $140
Lucro unitário (taxa “convencional” de lucro para a indústria, q’’): 10%
Custo direto por unidade, v/Xn: $1,25
Custo indireto por unidade, k/Xn: $1,75
Lucro por unidade (10% sobre os custos totais),
ou seja, CT por unidade (240/80) = $3.
10% sobre esses custos = $0,3.
Então,
P = v + q’v + q’’v
P = 1,25 + 1,75 + 0,3
P = 3,3
A margem (q) = ((P – v)/v) *100 = ((3,3 – 1,25) / 1,25) *100 = 164%.
Logo, o preço $3,3 supera em 164% o custo direto unitário ($1,25).
O princípio do custo total torna-se relevante para o problema das variações do preço e, a rigor, irrelevante para o problema da determinação do preço em condições de oligopólio.
- A QUESTÃO DA VALIDADE DA ANÁLISE MARGINAL
- Ao se fixar o preço e ao se determinar o percentual de lucro (q’’), cada empresário leva em consideração os seus concorrentes potenciais. Uma vez fixado o preço, este permanece estável, exceto quando houver uma mudança nos custos que atinja todas as empresas. Vale a hipótese da curva de demanda quebrada.
- Existe concorrência imperfeita com oligopólio (oligopólio diferenciado):
- Existe concorrência imperfeita enquanto o empresário tiver certa confiança em sua clientela, se aumenta o preço, não perde todos os compradores; se o diminui, retira apenas uma parte dos compradores dos outros. Curva de demanda quebrada.
- Existe oligopólio enquanto o comportamento de cada empresário é dominado pela preocupação com a reação dos concorrentes – Portanto: “Não mexer no que está quieto”.
- A solução de Hall e Hitch não difere da solução sugerida pela análise marginal!?. A partir do momento em que, com o preço em vigor, a RMg é descontínua, não é verdadeiramente possível, a um oligopolista, individualmente, fixar o preço no ponto de igualdade entre RMg e CMg: o preço vem a ser determinado de outra forma e se mantém no nível em que foi fixado enquanto o CMg < RMg.
- Mas, mesmo não estando em contradição com a solução da análise marginal, a de Hall e Hitch é uma solução diferente, por que? A curva de demanda quebrada e a RMg descontínua constituem uma justificativa racional da suposta estabilidade de preço, o qual é fixado tendo como base o “princípio do custo total”[3].
- INSUFICIÊNCIA DA SOLUÇÃO DE HALL E HITCH
- O realismo é maior, mas o rigor formal é insuficiente.
- A hipótese da curva de demanda quebrada não explica como o preço é determinado; nem essa deficiência é suprida pelo “princípio do custo total”, porque os custos não são iguais para todas as empresas que frequentemente usam técnicas diferentes, e porque esse princípio formula, mas não explica o nível dos dois percentuais a serem somados ao custo variável para cobrir o custo fixo e para permitir a obtenção de lucro.
- Afirmam genericamente que o preço será mantido no nível indicado pelo custo total e não será aumentado dado o temor da reação dos concorrentes potenciais.
- Em cada caso (curva de demanda quebrada e “princípio do custo total”) se deve ter presente que a hipótese da curva de demanda quebrada pode ser relacionada somente ao empresário individual que produza em condições de oligopólio diferenciado, não se podendo aplicar à indústria como um todo.
- CUSTO DIRETO E CUSTO MARGINAL
- Custo direto médio ≠ CMg, somente quando este último NÃO é constante. Se o custo direto médio é constante, então coincide com o CMg.
- Recentes estudos nos EUA têm demonstrado que, pelo menos para um prazo mais longo, o custo direto marginal é constante. Ou seja, as empresas que constituem essas indústrias operam, geralmente, em condições de custos totais médios decrescentes até mesmo no ponto que param a sua produção (já destacado por Sraffa).
- Os empresários não merecem a crítica de que não levam em conta o custo marginal: eles o levam em conta sim, quando consideram o custo direto, já que este é o custo marginal (linguagem do empresário diferente da linguagem dos economistas, essas são as críticas de reação ao texto de Hall e Hitch).
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