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Resumo 3: “Furtado (1991, caps. XXXIII a XXXV, p. 204-232)”

Por:   •  19/1/2016  •  Ensaio  •  583 Palavras (3 Páginas)  •  445 Visualizações

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Resumo 3: “Furtado (1991, caps. XXXIII a XXXV, p. 204-232)”

A alta da taxa cambial, nos anos trinta, reduziu drasticamente o poder aquisitivo externo da moeda brasileira. Foi com base nesse novo nível de preços relativos houve o desenvolvimento industrial brasileiro da época. Com o advento da concorrência interna frente à importação, a taxa cambial tornou-se um instrumento de grande importância.

Esse cenário aliou os interesses dos produtores de café e dos empresários ligados ao mercado interno, pois a revalorização da moeda brasileira era prejudicial para ambos – pois gerava perdas em termos de moeda nacional para o setor exportador e, ao facilitar as importações, aumentava a concorrência do setor voltado para o mercado interno. Essa conjuntura significou um momento de fixação da taxa cambial. Isso favoreceu os setores exportadores, apesar de ter garantido um deslocamento de fatores dos setores em baixa no mercado internacional para os setores em alta.

A política nos anos da guerra funcionou de forma similar àquela realizada no período de crise, ao passo que a fixação da – alta – taxa cambial sustentava o nível da renda monetária, criando um desequilíbrio, já que a oferta de bens e serviços estava em queda e não acompanhou o crescimento da renda monetária.

Como a economia estava funcionando à plena utilização de sua capacidade produtiva, mesmo sem ter em conta o efeito da baixa produtividade, era inevitável uma pressão inflacionária no mercado interno, devido ao desequilíbrio do aumento da renda monetário e a contração da oferta de bens e serviços. Essa situação dos anos da guerra era extremamente complexo, e a superação desse equilíbrio sxigia medidas mais certeiras que uma simples manipulação cambial.

Esse cenário não ocorria apenas no Brasil. Embora outros países utilizavam uma série de medidas destinadas a congelar parte da renda monetária excedente para corrigir o desequilíbrio, o Brasil tinha dificuldades de aplicar essa política por conta da abertura total do processo inflacionário que ocorria no país. Em um momento de alta de preços, qualquer politica corretora se torna mais difícil de aplicar, pois traz consigo uma redistribuição de renda em beneficio de uns e prejuízo de outros.

Já no pós-guerra, liberou-se as importações e regularizou-se a oferta externa, aumentando o coeficiente de exportação da economia com o intuito de combater a contração da oferta. Isso era uma demanda dos consumidores, que desejavam expandir a importação. Para corrigir esse desequilíbrio, o governo decidiu por um controle seletivo das importações.

Essa decisão colaborou com a intensificação do processo de industrialização do país, pois as consequências práticas da política cambial para combater a alta de preços junto com o controle seletivo foi reduzir a importação de bens acabados e facilitar a importação de bens de capital e matérias-primas. Se fosse feita uma simples desvalorização, favoreceria as exportações. Além disso, a elevação continua do nível de preços também contribuiu para a apropriação pelos empresários de uma parte crescente do aumento da produtividade eoconomica.

Um componente dessa alta recorrente do nível de preços no período pós guerra pode ser entendido pelo controle seletivo das importações. A renda gerada pelo setor externo não encontrava oferta de bens acabados importados para ser gasta, pressionando os preços internos. E, como dito anteriormente, a inflação, gerada por lutas entre grupos pela redistribuição da renda real, é um problema de difícil tratamento (gerando prejuízos e benefícios para certos grupos).

Assim, pretender alcançar uma estabilidade de preços sem ter em conta a natureza e as dimensões do problema, tanto quanto as consequências das políticas adotadas com esse intuito, pode ser totalmente contraproducente para o crescimento econômico.

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