Resumo Formação Econômica Brasileira II - Fim do império à crise dos anos 30
Por: giulliabmar • 1/11/2018 • Abstract • 11.075 Palavras (45 Páginas) • 324 Visualizações
RESUMO P1 FES II
1- Três projetos para o Brasil
- José de Souza Martins: O Brasil é caracterizado por mudanças conservadoras, reformistas, “mudar para não mudar”, exemplo Vargas: “Viabilizou o novo reforçando e instrumentalizando o velho da dominação pré-moderna. Os débitos ainda estão aí em nossos dilemas políticos de hoje. Não é questão de direita ou esquerda. É apenas questão de atraso político, de um país que tenta juntar no mesmo saco a sociedade moderna da razão e o Estado atrasado e populista da dominação pessoal e oligárquica”. Aproximação com Caio Prado “ranço colonial”
- O voo da Coruja: José Luís Fiori
“voo da coruja”: olhar para a evolução ao fim de uma época, mas a visão sobre o futuro é incerta
3 projetos para o Brasil durante o século XX:
Obs.: crítico ao desenvolvimentismo conservador, mas não despreza os avanços que este trouxe (não “joga tudo fora” como se fez nos anos 90)
1 – Liberal
Origens no livre-cambismo do Império, mas sua formulação mais consistente e moderna foi dada pela política monetária ortodoxa e pela defesa intransigente do equilíbrio fiscal e do padrão-ouro, dos governos paulistas de Prudente de Morais, Campos Sales e Rodrigues Alves
Dominante até a década de 30 com a política ortodoxa, entra em declíneo após a crise de 29, mas aparece em alguns momentos como na Rev. Paulista 32, luta antivarguista, antiestatista, FHC, etc.
Vínculo com o capital estrangeiro: primeiro o inglês, depois o americano
2 – Desenvolvimentismo
Já aparece esboçado nas teses dos ‘industrialistas’, presentes na Constituinte de 1891. Mas sua verdadeira história começa na década de 1930 e responde pelo nome de ‘nacional-desenvolvimentismo’, ou ‘desenvolvimentismo conservador’
Começo como uma reação à crise de 29, mas foi marcando presença (toma força quando as forças dominantes apresentam fraquezas) durante o Estado Novo e projeto de construção de uma economia nacional. Ex: segundo governo de Vargas, JK (desenvolvimentismo internacionalizante), Geisel.
Relação internacional: quando o Brasil se viu isolado da economia internacional pela crise de 30 e pela Segunda Guerra Mundial e foi forçado a se financiar internamente. E depois, quando pôde contar com a forte presença do investimento direto estrangeiro e com o apoio norte-americano às políticas desenvolvimentistas, no bojo da Guerra Fria.
“Foi um período de altas taxas de crescimento e de acelerada industrialização, mas, ao mesmo tempo, foram 29 anos de autoritarismo e de crescente desigualdade social. (...). Além disso, em vários momentos desta história os conservadores governaram aliados com os liberais, que sempre ficaram com o comando da fazenda e da moeda, enquanto os desenvolvimentistas controlavam o planejamento e a política industrial. ” Paradoxo: crescimento, porém acompanhado de autoritarismo e desigualdade social (quando se cala a oposição é possível aprovar muito mais projetos)
3 - Desenvolvimento econômico nacional e popular:
Até 2003 nunca tinha ocupado o poder estatal. Presente no campo da luta ideológico-cultural. Presente em algumas revoluções republicanas, movimentos sindicais e tenentistas. Manifestou-se no inicío dos anos 60 como plano trienal de Furtado e ao lado da industrialização e do crescimento econômico acelerado, com o objetivo da democratização da terra, da renda, da riqueza, do sistema educacional e do sistema político, mas impedida com o golpe militar e terminando com a fundação do PT.
- Recorrências importantes:
i) todas as grandes mudanças de rumo estratégico do país ocorreram em momentos de crise ou transformações mundiais;
ii) a posição e o apoio dos capitais e governos anglo-americanos tiveram papel decisivo nas escolhas brasileiras;
iii) em todos os casos, a ‘restrição externa’ econômica e a fragilidade monetária pesaram contra a autonomia brasileira e a favor de um Estado fraco;
iv) as elites brasileiras nunca precisaram da incorporação popular para garantir a reprodução e acumulação de sua riqueza patrimonial ou mercantil nos circuitos financeiros internacionais, com o apoio do seu próprio Estado
→ O terceiro projeto
- 2003: Momento de eleição de Lula, tem-se um certo otimismo de Fiori pela novidade da vitória do 3º projeto, porém a “incerteza” sobre o futuro do voo da coruja.
- Renato Janine Ribeiro: as políticas sociais só conseguem ser implementadas se o grande capital for beneficiado, e foi o que o Lula fez. “Talvez o Brasil só funcione bem com a conciliação de classes, como fizeram Getúlio, JK e Lula.”
Mudanças muito radicais são utopias da esquerda. Quando se valoriza mais a realidade, a tendência será uma política de reforma, ou, ainda, de redução de danos
Abrir mão da utopia é o que fez o governo ptista e de outras sociais democracia pelo mundo darem certo
- Debate Ruy Fausto e Samuel Pessoa:
Ruy Fausto: para ele, na realidade, não há essa separação total entre projetos. Para ele há como existir uma esquerda sem ser radical. Critica a visão de senso comum de “ou isso ou aquilo, não é possível ter tudo”. Para ele, o ideal é diferente da realidade.
“Isto é: seus (de Pessoa) fundamentos são a simetria, a não violência, a harmonia. Os meus (...) são a assimetria, a violência nas relações e a não harmonia no conjunto.”
Samuel Pessoa: Ao contrário de Ruy Fausto que enxerga o projeto de Lula um meio termo entre liberalismo e social democracia, Pessoa acredita que foi realmente uma experiência socialdemocrata. Diz que para Ruy Fausto a adoção de agenda liberal é maldade de gente ruim.
2 – Da Monarquia à República
Continuidade versus Ruptura
- Continuidade: elite versus povo
“O povo assistiu àquilo bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava. Muitos acreditaram seriamente estar vendo uma parada. ” - Aristides Lobo
“É curioso notar-se que os movimentos aparentemente reformadores, no Brasil, partiram quase sempre de cima para baixo: foram de inspiração intelectual, se assim se pode dizer, tanto quanto sentimental. ” Sérgio Buarque de Holanda
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