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A ATUAÇÃO DOS BRICS NA NOVA ORDEM INTERNACIONAL

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Por:   •  27/8/2014  •  5.218 Palavras (21 Páginas)  •  523 Visualizações

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A ATUAÇÃO DOS BRICS NA NOVA ORDEM INTERNACIONAL

ROBERTO LUIZ SILVA

RESUMO

O presente artigo pretende abordar o tema “globalização e regionalismo” dentro da perspectiva da Nova Ordem Internacional e dos reflexos apresentados no âmbito político, econômico e comercial, com destaque para a União Européia.

ABSTRACT

The present article intends to approach the theme "globalization and regionalism" inside the New International Order’s perspective and its reflexes presented in the extent political, economical and commercial, with prominence for the European Union.

SUMÁRIO

1. A NOVA ORDEM INTERNACIONAL 2. GLOBALIZAÇÃO E REGIONALISMO 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

1. A NOVA ORDEM INTERNACIONAL – NOI

Como já enunciado em diversas obras anteriores , acredito que a chamada Nova Ordem Internacional – NOI surgiu paulatinamente, a partir de 1989, com a superação do modelo bipolar de confronto ideo¬lógico (capitalismo x socialismo) e a instauração progressiva de um “novo sistema internacional” , assumindo, segundo nosso entendimento,¬ três vertentes: a política, a econômica e a do comércio internacional.

A Nova Ordem Política é marcada por uma série de sucessivos eventos que alteraram significativamente o balanço de poderes pós-Segunda Guerra Mundial.

Tais eventos vão desde a queda do Muro de Berlim, em 09.11.1989, fator decisivo para o fim da hegemonia de um dos pólos do poder, o soviético, a unificação da Alemanha em 03.10.1990 e, mais importante, a integração da ex-Alemanha Oriental ao movimento de unificação européia, fato que, por si só, já delineava um dos focos de concentração de poder: a União Européia; até a atual “crise político-institucional” pela qual está a passar, fruto de um alargamento sucessivo e desigual , passando pela implosão do bloco soviético , o retorno de Hong Kong ao domínio chinês , a crise dos chamados “tigres asiáticos” , os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 (seguidos dos ataques ao Afeganistão e invasão do Iraque ), de 11 de março de 2004 , e 9 de julho de 2005 - atentados estes que levam a “marca” da Al-Qaeda , pela ascensão, no cenário internacional, de governos nacionalistas do Terceiro Mundo que, financiados pelo alto preço do barril de petróleo, não só oferecem “ajuda” aos países mais pobres para enfrentar o domínio de empresas transnacionais e interesses externos sobre suas atividades econômicas, como no caso da Venezuela em relação à expropriação da exploração do gás boliviano , mas ainda “enfrentam” os países belicamente mais poderosos e até mesmo a ONU, como no caso do Irã e seu programa de desenvolvimento de tecnologia nu¬clear . Por fim, com um PIB de 1,9 trilhão de dólares, a China torna-se a quarta economia do mundo, superada apenas pelos Estados Unidos, Japão e Alemanha. Todavia, questões ligadas à liberdade de expressão e democracia, as debilidades inerentes à economia chinesa, o sistema financeiro de alta vulnerabilidade torna tal modelo de crescimento altamente questionável no tocante a sua sustentabilidade .

Assim sendo, reacenderam-se as questões étnicas não só nas ex-re¬¬¬públicas socialistas, como no caso da Guerra na Bósnia-Her¬ze¬góvina, mas também em diversos Estados da Europa Ocidental, em decorrência da unificação européia, como o caso dos valões na Bélgica e dos escoceses no Reino Unido, que tem levado a fluxos migratórios difíceis de ser controlados por esta Organização Internacional.

A Nova Ordem Econômica caracteriza-se pelo recrudescimento do fenômeno da globalização. Luiz Roberto Lopez faz uma análise interessante do fenômeno da globalização, que, segundo suas palavras, implica na uniformização de padrões econômicos e culturais em âmbito mundial, tendo suas origens no renascimento e nas grandes navegações . Ao longo do século XX, a globalização do capital foi conduzindo a globalização da informação e dos padrões culturais e de consumo. Ao entrarmos nos anos 80/90, o Capitalismo, definitivamente hegemônico com a ruína do chamado “socialismo real”, ingressou na etapa de sua total euforia triunfalista, sob o rótulo de “neoliberalismo”. Tais são os nossos tempos de palavras perfumadas: reengenharia, privatização, economia de mercado, modernidade e – metáfora do imperialismo – globalização. A informação mundializada de nossos dias não é exatamente troca: é a sutil imposição da hegemonia ideológica das elites. Cria a aparência de semelhança num mundo heterogêneo – em qualquer lugar, vemos o mesmo McDonald’s, o mesmo Ford Motors, a mesma Mitsubishi, a mesma Shell, a mesma Siemens, a mesma informação para fabricar os mesmos informados. É a massificação da informação na era do consumo seletivo. Via informação, as elites (por que não dizer: classes dominantes?) controlam os negócios, fixam regras civilizadas para suas competições e concorrências e vendem a imagem de um mundo anti-séptico, eficiente e envernizado. É a serviço do interesse de minorias que está a globalização da informação. Ela difunde modas e beneficia o consumo rápido do descartável, e o modismo frenético e desenfreado é imperativo às grandes empresas, nesta época pós-keynesiana, em que, ao consumo de massas, sucedeu a ênfase no consumo seletivo de bens descartáveis. Cumpre à informação globalizada vender a legitimidade de tudo isso, impondo padrões uniformes de cultura, valores e comportamentos, até no ser “diferente” (diferente na aparência para continuar igual no fundo) .

A partir da formação dos blocos regionais, o multi¬la¬te¬ralismo passou a ser substituído por uma política comercial de liberalismo intrablocos e protecionismo interblocos, o que tem levado, como principal característica da Nova Ordem Comercial, a um constante clima de “guerras comerciais” quando esses blocos disputam novos mercados.

De certa forma, tais guerras comerciais têm sido arrefecidas a partir da atuação da Organização Mundial do Comércio – OMC. Tal entidade procura, por meio da realização de rodadas de negociação e da implementação de um mecanismo de solução de controvérsias mais eficaz do que o anteriormente existente no Acordo de Tarifas Aduaneiras e Comércio – Gatt, estabelecer regras mais eficazes para o comércio internacional. Tal tarefa, todavia, não é das mais fáceis, haja vista o grande número de “alternativas” criadas pelos Estados para não cumprir integralmente suas decisões e o insucesso da Rodada de Doha.

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