Consórcio modular Volkswagen
Projeto de pesquisa: Consórcio modular Volkswagen. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: Santos2205G • 3/9/2014 • Projeto de pesquisa • 5.115 Palavras (21 Páginas) • 382 Visualizações
Consorcio Modular da Volkswagens
4.1 Consórcio modular
No consórcio modular, o veículo é montado integralmente pelos fornecedores modulistas, que estão instalados dentro da planta da montadora. Esses fornecedores montam: cabine, cabine interna (bancos, vidro, tapeçaria), pintura, chassi, suspensão, rodas e motor. O layout da fábrica foi formulado com base nesses processos produtivos. O desafio, no início da planta, era preparar os fornecedores para um novo conceito de produção e interação com o cliente. Os sistemas de programação on line entre montadora e fornecedores permitiram sincronismo no recebimento dos programas de produção e planejamento de produção anual, semestral, mensal, diária e a cada hora.
A montadora somente controla a qualidade dos produtos finais montados pelos fornecedores. Ela também realiza compras de componentes para os fornecedores modulistas que são responsáveis por controlar a logística e a qualidade dos fornecedores de segundo nível (entregam componentes para os fornecedores modulistas da montadora). Dos 1.800 funcionários na planta, cerca de 300 pertenciam à montadora, quando os dados foram levantados.
O sistema logístico é terceirizado para um consolidador, operando dentro do sistema milk-run e just-in-sequence, conforme denomina Pires (2004). O consolidador logístico otimiza as cargas e o fluxo de caminhões na entrega da matéria-prima. Os estoques são baixos e os itens caros são suficientes para apenas um dia de produção. Isso exige elevada eficiência do processo logístico.
Outras características dessa planta são destacadas por Collins et al. (1997): o fornecedor é coinvestidor; está localizado na mesma planta da montadora; tem relações de profunda dependência e também na limitação no processo decisório e no sistema de produção. Os fornecedores, inicialmente, dividiram os riscos de investimento, em contrapartida à aquisição de novos conhecimentos de montagem e design de novos componentes.
O consórcio modular também simplifica a complexidade do produto, aumenta o controle na rede, combina estandardização com customização de produtos e a diminuição do lead time de produção (HOEK et al., 1998).
Atualmente, a montadora é proprietária das máquinas e equipamentos da linha de montagem e emprega apenas cerca de 20% de toda a mão de obra da fábrica. Parte significativa das compras de insumos e componentes utilizados pelos modulistas na montagem dos caminhões e ônibus é comprada pela montadora, por questões tributárias e pelo poder de barganha junto aos fornecedores. Entretanto, a coordenação logística e o controle da qualidade dos componentes ficam sob responsabilidade dos modulistas.
Essas características ilustram como a montadora viabilizou uma fábrica moderna, com riscos e custos reduzidos, seleto grupo de fornecedores mundiais e menor complexidade de coordenação da cadeia de suprimentos, por meio de um projeto coletivo com apoio e investimento de grandes fornecedores globais. Desde os anos seguintes à sua instalação, a montadora vem desfrutando de excelente divisão de mercado de caminhões no Brasil.
4.2 Fornecedores modulistas
O fornecedor de autopeças 1 pertence a um dos maiores grupos automotivos mundiais de eletrônica e mecatrônica de alta tecnologia, conta com cerca de 50 mil funcionários em 34 países no mundo todo e uma rede de centros de competências para desenvolvimento e produção. O fornecedor de autopeças 1 pesquisado é uma filial brasileira, com matriz na Alemanha, e atua na montagem de componentes/sistemas eletrônicos e mecatrônicos. Atualmente, o grupo no Brasil é composto por aproximadamente mil funcionários, com um faturamento anual da ordem de 300 milhões de reais.
O fornecedor de autopeças 2 é o único de capital inteiramente nacional presente no consórcio modular. Surgiu em 1918, quando o grupo iniciou suas atividades no ramo madeireiro no Rio Grande do Sul e diversificou suas atividades, ao longo do tempo, para o setor financeiro e, subsequentemente, para o setor industrial. A partir dos anos 90, o fornecedor de autopeças 2 centralizou sua atuação no setor industrial nos segmentos de autopeças e equipamentos ferroviários.
5 Análise estrutural e relacional da rede
Uma vez apresentadas as características do consórcio modular (item 4.1) e dos modulistas (item 4.2), a seguir apresenta-se a análise estrutural e relacional da rede. Para a análise dos resultados, foram utilizados o procedimento analítico geral e a teoria fundamentada, conforme denominação de Collins e Hussey (2005).
5.1 Análise estrutural da rede do consórcio modular
Nesta pesquisa, as redes estudadas são compreendidas por Waserman e Faust (1994) como redes egocêntricas (montadas a partir da empresa focal). Dessa forma, a estrutura da rede é estudada a partir da montadora como ator central dela e a partir dos fornecedores de primeiro e segundo nível. Em toda rede de relações, de qualquer natureza, atores têm papéis e status. Assim, qualquer fornecedor de autopeças tem um conjunto de papéis e status nas diferentes relações nessa estrutura produtiva. A Figura 1 ilustra a estrutura de relacionamento entre montadora e fornecedores de autopeças presente no consórcio modular, elaborado a partir dos resultados da pesquisa.
É possível perceber na representação da Figura 1 a simplificação da coordenação da montadora no sentido montante da rede (fornecedores). A montadora compra insumos e matérias-primas de fornecedores de segunda camada (cinza), motivada pelo poder de barganha e pela redução de impostos. Esses fornecedores, por sua vez, entregam-nos diretamente aos modulistas (preto). Entretanto, a coordenação da logística e da qualidade dos fornecedores de segunda camada é de responsabilidade dos fornecedores modulistas.
Conforme visto em vários estudos (BURT, 1992; UZZI, 1997; BRITTO, 2002), as variáveis para a análise estrutural incluem o tamanho da rede (número de atores envolvidos), a estrutura das conexões (densa ou difusa), os limites da rede (restrita ou acessível) e a divisão do trabalho entre os atores da rede. A Tabela 1 sintetiza as categorias estruturais para análise da rede, elaborada a partir do referencial teórico e dos resultados da pesquisa. Essas variáveis permitem caracterizar a ampla modificação estrutural da rede
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