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Largo do paissandu

Por:   •  24/11/2015  •  Relatório de pesquisa  •  1.557 Palavras (7 Páginas)  •  287 Visualizações

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História do Largo do Paissandú

O Largo do Paissandú é um importante lugar que está localizado na região central da cidade de São Paulo e a área de estudo de projeto. A praça está cercada por quatro vias, e são elas: São João, Dom José de Barros, Rio Branco e Crispiniano.

A praça nem sempre recebeu esse nome. O nome original do local era Praça das Alagoas que faz referência a um conjunto de lagoas que eram encontradas no Paissandu até a São João, e que formavam o riacho Yacuba. Uma das lagoas mais volumosas se chamava “Tanque do Zunega” e era muito utilizada pelas lavadeiras.

Em meados do século XIX é que o largo, por comando do governo provincial, foi dessecado e terraplenado.  Mas mesmo depois disso, a área continuou sendo pouco reconhecida, continuando assim a ser designada uma área periférica.

O Largo do Paissandú só passa a ser notado em meados do século XX com o grande crescimento dos locais próximos como o Anhangabaú.  A praça recebe essa nomenclatura  definitiva (por proposta do vereador Malaquias Rogério de Salles Guerra, em 28 de novembro de 1865) em alusão à Batalha de Paissandú, que ocorreu em uma cidade uruguaia com o mesmo nome entre as tropas do Brasil e Uruguai contra as paraguaias. Este acontecimento antecedeu a Guerra do Paraguai. Vale lembrar que o nome "Paissandú", segundo alguns historiadores, vem do vocabulário dos índios guaranis da junção das palavras “pai = senhor”; “mbai = estrangeiro”; “arandú = sábio.” Esse era um dos nomes dados a um importante padre catequizador, considerado pelos guaranis como um grande profeta: Pai Tomé, Tomé, Pai Arandú, Padre Sandu, ou Santo Tomás. 

Uma importante instalação localizada no centro da praça é a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, porém nem sempre ela esteve lá.

Construída no período colonial, época que os negros não podiam frequentar a “igreja dos brancos”, a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos foi fundada por no ano de 1711 com a união de negros escravizados e alforriados, e também abolicionistas. A igreja foi erigida na área do Largo do Rosário (atual Praça Antônio Prado). O culto a Nossa Senhora do Rosário é um dos mais antigos da cidade e se junta com a própria fundação de São Paulo.[pic 1]

Por volta de 1903, o prefeito Antônio Prado decidiu desapropriar a igreja e assim os negros foram afastados. Com a urbanização e o crescimento do local, a igreja foi reerguida num lugar mais afastado, que é o atual Largo do Paissandú. Vale ressaltar que o terreno antigo, que ficava a igreja, ficou um tempo na posse de Martinico Prado, irmão de Antônio Prado.

As Irmandades de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos constantemente chamam a atenção e recebem pesquisadores, religiosos, pessoas que são de outras cidades, estados e até mesmo do exterior interessados em conhecer o interior da igreja, que conta com uma rica variedade de detalhes nas pinturas, nas roupas e adornos dos santos, entre outras raridades. O lugar é muito utilizado também pela comunidade negra para a realização de manifestações políticas e intervenções culturais, como por exemplo, quando a estátua da Mãe Preta foi utilizada para delatar e despertar reflexões sobre a posição da mulher negra na sociedade. Uma decoração artística foi colocada nos pés estátua e foram entoadas canções homenageando a Iemanjá e Oxum. [pic 2]

Um acontecimento importante foi a restauração da Igreja. Ela encontrava-se em uma situação precária com focos de umidade, pedaços da fachada caindo, infiltrações e muita pichação. Graças a este processo de reparação, a igreja voltou a ter por completo toda sua beleza e protagonismo histórico. Essa restauração não veio sozinha, pois uma remodelação e limpeza de seu entorno em todo o Largo do Paissandú trouxe uma nova aparência ao local. E também junto à instalação do “projeto piloto” na praça com a presença de mobiliários urbanos com foco em um dos princípios de Jan Gehl, relacionado com a questão da permanência.

Como foi citado acima, na praça, atrás da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, encontra-se a estátua da Mãe Preta. Este monumento está para ser construído desde 1950. A discussão sobre a construção da homenagem a Mãe Preta resultou em um projeto feito pelo Vereador Elias Shammas que deu origem a um concurso público para a construção da estátua, instituído pelo prefeito Jânio Quadros em 1953. A maquete vencedora foi a de Júlio Guerra pela sua simplicidade e realismo, conforme avaliação. A estátua da Mãe Preta foi feita em bronze fundido e patinado.

A estátua retrata o momento da amamentação. Uma mulher negra amamentando uma criança, possivelmente branca, já que na época da escravidão em que escravas negras, que haviam dado à luz, eram amas de leite. Segundo alguns historiadores, as escravas, que não haviam gerado filhos, também eram amas de leite, pois eram colocados os bebês para sugar os seios da mulher, assim a hipófise era estimulada, e depois de um tempo, produziam os hormônios necessários para a produção do leite.

O monumento também foi criticado, como por exemplo, pelo militante negro José Correia Leite. Os traços modernos não o agradam e alega que a estátua é deformada.

A estátua da Mãe Preta foi inaugurada em 23 de janeiro de 1955. Ela foi instalada no Largo do Paissandú, pois está relacionada à Igreja que também está na praça. E também o lugar tem uma forte referência à comunidade afro-descente de São Paulo.

A Mãe Preta recebe rituais católicos e afro-brasileiros. Também é comum encontrar velas e oferendas próximas aos pés da estátua. Transformou-se também em um importante local para comemorações, como por exemplo, pela libertação dos escravos e pelo Dia da Consciência Negra. Manifestações artísticas e religiosas ocorrem ao redor da estátua da mulher negra. E Em 2004 o monumento à Mãe Preta foi tombado pelo CONPRESP, reconhecendo seu valor para a cidade de São Paulo.

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