O Combate à Inflação No Brasil, 1958-67
Resenha: O Combate à Inflação No Brasil, 1958-67. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: rthiago • 3/12/2014 • Resenha • 8.887 Palavras (36 Páginas) • 308 Visualizações
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O Combate à Inflação no Brasil, 1958-67:
uma análise dos planos de estabilização gradualistas
Resumo
No final dos anos 1950 e início dos anos 1960 o Brasil adotou três planos de
estabilização gradualistas, que se afastavam da estratégia proposta pelo FMI que
privilegiava um tratamento de choque. Este artigo descreve os planos gradualistas e
seus resultados, e analisa se havia um padrão entre eles.
Abstract
In the late 1950s and beginning of the 1960s Brazil adopted three gradualist
stabilisation plans, instead of following the shock treatment of a typical IMF supported
plan. This article describes the plans and their results, and analyse whether or not there
was a pattern between.
Introdução:
No final dos anos cinqüenta e início dos anos sessenta, foram implementados
no Brasil planos de estabilização denominados gradualistas, que se baseavam na idéia
de que o combate à inflação não deve envolver recessão. Essa estratégia envolvia
políticas monetária e fiscal menos rígidas do que aquelas presentes em um plano de
estabilização baseado no tratamento de choque apoiado pelo FMI, e supunham que o
país poderia estabilizar os preços sem incorrer nas violentas quedas na taxa de
crescimento que caracterizavam os choques deflacionários.
Durante todo o período que se estende de 1958 a 1967, o gradualismo foi a
principal diretriz dos mais importantes planos de estabilização brasileiros. Foi
empregado pela primeira vez no Programa de Estabilização Monetária (PEM) de 1958,
durante a presidência Juscelino Kubitschek. Em seguida, reapareceu no Plano Trienal
(1962) durante o mandato presidencialista de João Goulart e constituiu o cerne do
Plano de Ação Econômica do Governo (PAEG) de 1964 na ditadura militar.
A idéia de combater a inflação sem provocar uma recessão não era uma
novidade no período pós-guerra, estando alinhada com a teoria econômica e a política
econômica da época – mas para uma inflação relativamente baixa. O que foi diferente
nos planos brasileiros foi o fato de que neste país os policy-makers insistiram no
gradualismo mesmo num contexto de taxas de inflação muito mais altas do que no
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exterior. Ademais, esta estratégia de estabilização gradual não foi adotada por outros
países latino-americanos, que aplicaram o tratamento de choque recomendado pelo
FMI.
O objetivo deste artigo é apresentar e analisar as principais políticas adotadas
nos três programas de estabilização gradualistas acima mencionados: o PEM (1958), o
Plano Trienal (1962) e o PAEG (1964). Com base nesta análise, será discutido se é
possível identificar um padrão nestes três planos de estabilização gradualistas. Mais
especificamente, procuraremos discutir se é ou não possível conceituar o que é um
plano gradualista. Além dessa discussão, apresentaremos as razões específicas pelas
quais a estratégia gradualista foi escolhida nos diferentes contextos políticos e
econômicos em que estes programas foram formulados.
O artigo está dividido em quatro partes, além desta introdução e das
conclusões. A primeira apresenta os principais fatos políticos e econômicos que
levaram à formulação do primeiro plano de estabilização gradualista em 1958. A
segunda seção apresenta as principais políticas adotadas pelo Programa de
Estabilização Monetária (1958) e discute as reações ao plano. A terceira consiste na
apresentação das políticas fundamentais do Plano Trienal (1962) e do Plano do
Governo de Ação Econômica (1964), bem como a discussão dos contextos em que
foram introduzidos e as reações que provocaram. Finalmente, a quarta seção consiste
em uma análise comparativa das principais políticas macroeconômicas adotadas pelos
três planos. Nesta secção, é mostrado que não é possível identificar um padrão geral a
partir destes planos, uma vez que há mais pontos de diferença do que semelhanças
entre eles. Conclui-se que todos os três planos gradualistas foram elaborados pela
mesma razão, a saber, uma tentativa de obter simultaneamente crédito externo sem ter
de impor um choque deflacionário.
I - O governo JK e o PEM
I.1. Forças e fraquezas do governo JK
A aliança PSD-PTB venceu três eleções seguidas, em 1945, 1950 e 1955, mas
sempre foi obrigada a fazer concessões aos partidos menores que integravam a base do
governo. Isso agravava os conflitos entre os dois principais partidos e, sobretudo, no
interior de cada um deles, entre as diversas facções que os constituíam. Além disso, a
aliança governante enfrentou uma oposição cada
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