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Plano De Investigação

Por:   •  28/3/2016  •  Projeto de pesquisa  •  2.808 Palavras (12 Páginas)  •  272 Visualizações

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INTRODUÇÃO

A proposta deste ensaio é relacionar o tema religião com uma teoria de Relações internacionais no intuito de analisar as migrações africanas dos séculos XVI e XVII e determinar sua influência na formação do candomblé. Consta também em compreender a intolerância das pessoas frente a essa religião, em demonstrar os problemas enfrentados pelos seguidores e como isto reflete na maneira de pensar das pessoas.

Desde a migração africana nos séculos XVI e XVII é inegável a contribuição deixada pelo negro em nossa cultura, que vai desde aspectos linguísticos, culinários, musicais até os religiosos, tema abordado nesse trabalho. Foi no candomblé que os negros encontraram um dos seus mais importantes instrumentos de resistência contra a escravidão.

Por meio da teoria de interdependência complexa de Keohane e Nye, poderemos entender o porquê da migração dos negros para o Brasil, sendo que os portugueses, antes de descobrirem o Brasil, exploraram e colonizaram alguns países do oeste africano em busca de ouro. Assim, a crítica de Keohane e Nye trata-se do fato da assimetria e vulnerabilidade da relação das colônias africanas e brasileira com Portugal e seus desdobramentos visíveis até os dias de hoje.

A partir do problema de pesquisa levantado por nós, que diz respeito à falta de reconhecimento e respeito para com as religiões afro-brasileiras, originadas da migração africana do século XVI e XVI. Pelo fato da sociedade sempre ter tido uma visão marginalizada dos negros africanos ou descendentes, os quais, consequentemente, fazem parte da maioria dos praticantes do candomblé.

Apresentaremos neste ensaio a maneira com que os praticantes do candomblé eram tratados pelos colonizadores portugueses nos séculos XVI e XVII e como são tratados hoje em dia. Mostraremos também a história de uma menina de 11 anos, praticante do candomblé, que foi apedrejada no Rio de Janeiro saindo de um culto religioso vestida de branco, roupas comumente usadas por adeptos da religião.

  1. Movimentos Migratórios Da África para o Brasil

Os movimentos migratórios para o Brasil começaram a acontecer por volta de 1530 quando a produção açucareira na colônia começou a se espalhar por todo o litoral. Na época, o Nordeste brasileiro apresentava diversas características que ajudariam na criação das lavouras açucareiras. Seu clima quente com solo favorável e maior proximidade do continente europeu em relação às demais capitanias levou a produção açucareira a ser uma das indústrias mais avançadas do século XVI, combinando atividades agrícolas com manufatureiras. Para satisfazer os interesses portugueses da produção em larga escala, a associação do trabalho escravo nas lavouras foi muito comum.

        A mão de obra escrava que vinha para o Brasil era originada da África subsaariana que tinham o costume de ter escravos desde antes da expansão europeia no séc. XVI. Era muito comum prisioneiros de guerra ou membros de tribos rivais capturados por tribos inimigas virarem escravos e serem vendidos por muçulmanos para regiões do mediterrâneo. Com o avanço dos portugueses pela costa africana, o destino desses escravos mudou. Com o intuito de povoar suas colônias, os portugueses estimularam guerras entre os africanos para que a oferta de escravos aumentasse e conseguisse suprir a quantidade demandada pelos portugueses na produção açucareira.

        A mão de obra escrava era essencial para o sucesso dos engenhos de açúcar. Eles normalmente eram designados para trabalhos que exigiam qualificação, como conserto de barris, tinas, atividades de preparação do açúcar e de atividades de ferraria. A outra mão de obra usada, a indígena, não era qualificada o suficiente para substituir a mão de obra negra. Além disso, o negro mostrava pouca resistência contra o trabalho continuo na lavoura fazendo com que eles fossem ideais para tal atividade. Outro fator que consolidou o uso dos escravos foi a alta lucratividade que o trafico de escravos trazia para os comerciantes, sendo a atividade colonial com maior lucratividade. Em pouco tempo, o escravo passou a trabalhar não só na lavoura mas na agricultura de abastecimento interno, criação de gado, nas pequenas manufaturas, no trabalho domestico e em toda ordem de ocupações urbanas.

        De acordo com a teoria de Interdependência complexa de Keohane e Nye, podemos perceber características importantes dos dois atores das negociações, os senhores de engenho que compravam os escravos e os Reis das tribos africanas de vendiam os escravos. Podemos perceber uma multiplicidade de atores realizando as trocas, uma vez que existiam diversos senhores de engenho que precisavam dos escravos. Os senhores eram altamente dependentes da mão de obra escrava, sendo muito difícil conseguir alternativas para parar de comprar escravos. Desta forma, se tornaram mais vulneráveis às relações comerciais do que os africanos. Por outro lado, os africanos não tinham desenvolvido sua indústria manufatureira e por causa disso, praticas como o escambo eram comunmente usadas pelos portugueses. O escambo consistia na troca de produtos que os africanos não conseguiam produzir como armas, fumo, produtos manufaturados e bebidas alcoólicas, por escravos, sem o uso de moeda. Por não apresentar formas de produção dos produtos que eram trocados com o escambo, os africanos eram muito sensíveis ao comercio com os portugueses uma vez que era a única forma deles conseguirem tais produtos.

        O comercio de escravos entre a África e as colônias portuguesas marcou o estabelecimento de uma enorme rede de comercio de seres humanos e da consolidação de um sistema produtivo baseado na mão de obra escrava. O trafico negreiro acontecia por meio de grandes embarcações que levavam os negros da África para o Brasil. As condições em que as pessoas eram transportadas eram horriveis, com navios superlotados e péssimas condições sanitárias faziam com que diversas pessoas morressem no trajeto. Ao chegar na colônia, os escravos ficavam de quarentena ate conseguirem melhorar e serem transportados, algumas vezes a pé para suas fazendas designadas. Ao todo, entraram no Brasil cerca de 4 milhões de escravos, homens, mulheres e crianças. Havia também, um desequilíbrio demográfico entre homens e mulheres na população escrava, cerca de 70% dos escravos eram homens devido ao seu maior valor de venda. Escravos homens, jovens e saudáveis eram os mais valorizados entre os demais.

        Os negros nas fazendas não eram vistos como pessoas normais, mas sim como mercadorias ou até mesmo animais.O tratamento dos escravos dentro das grandes fazendas era baseado na violência, que ficou marcada como uma das grandes características do modelo socioeconômico brasileiro da época. A violência era imposta com o objetivo de dominação dos senhores sobre seus escravos que negavam obedecer às ordens dos senhores. O castigo era reconhecido socialmente por todos os escravos mesmo que eles não o aceitassem, era um direito do senhor que buscava maximizar a produção econômica do escravo e diminuir ou acabar totalmente com sua participação política.Condições insalubres dentro das lavouras, pouca comida oferecida pelos senhores e jornadas imensas de trabalho eram os motivos pelos quais os escravos se rebelavam. Muitas vezes, os escravos conseguiam fugir de suas fazendas e organizaram-se em quilombos, sociedades de escravos fugitivos que buscavam proteção em conjunto. O mais famoso quilombo foi o Quilombo dos Palmares que chegou a ter aproximadamente 20mil pessoas morando nele.

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