Resenha Era dos Extremos (A Queda do Liberalismo)
Por: wtfisjdb • 16/9/2018 • Trabalho acadêmico • 1.815 Palavras (8 Páginas) • 1.654 Visualizações
A era dos Extremos – Eric Hobsbawm
Capítulo 4 – A queda do liberalismo:
Parte I
“Os sobreviventes do século XIX” assim referidos por Hobsbawm os cidadãos que presenciaram a chamada “Era da catástrofe”, chocaram-se com a evolução dos valores liberais e a forma com que eles se alastraram na sociedade civil, principalmente na questão dos direitos e da liberdade (como a liberdade de expressão). Os valores liberais tinham feito progresso durante todo o século e provavelmente se expandiriam ainda mais, um exemplo disso foi em 1914 quando países autocratas como a Rússia e a Turquia realizaram concessões na direção de um governo constitucional. Porém, haviam instituições presas ao tradicionalismo que refutavam esta ideia.
Após a Primeira Guerra Mundial, a maioria dos países já haviam se tornado regimes parlamentares representativos eleitos, com exceção da Rússia que se aproximava mais do regime soviético. As eleições para assembleias representativas e/ou presidentes já faziam parte dos países independentes, mas é válido ressaltar que 65 dos países independentes eram de base europeia ou americana, assim, um terço da população vivia sob domínio colonial. Os Estados que não tiveram eleições nesse período de 1919-47 eram “fósseis políticos”, como a Etiópia, Mongólia, entre outros. O fato de terem ocorrido eleições já demonstrava uma certa penetração da política liberal, pelo menos na teoria, porém, não está dito que na prática tenha ocorrido desta maneira, em determinados países, como o Iraque e o Irã, estavam longe de serem considerados bastiões da democracia. Os únicos países que operaram com políticas democráticas/liberais sem interrupções no período entre guerras foram a Grã Bretanha, a Finlândia (minimamente), o Estado Livre Irlandês, a Suécia e a Suíça. No entanto, durante a Era da Catástrofe, o liberalismo fez sua retirada. Com isso, políticas extremas e antiliberais ganhavam força, assim se consolidou o Eixo na Segunda Guerra Mundial.
Durante esses vinte anos de enfraquecimento do liberalismo, as ameaças vinham da direita política, a maioria dos países abdicaram da política liberal, e em 1944 apenas doze ainda adotavam o ideal. A direita nessa época, representava uma grande ameaça ideológica à civilização liberal e assim, o rótulo de “fascismo” ganha força e se torna insuficiente, mas não completamente irrelevante.
Era insuficiente porque em sua forma não conseguia derrubar os regimes liberais, mas era relevante pois inspirava outras forças antiliberais. Muitas vezes, para a chegada da direita ao poder (fascista ou não) era necessário o apoio militar ou policial (posse de coerção física). As forças que derrubavam os regimes liberal-democráticos eram de três tipos, dentre eles os autoritários ou conservadores anacrônicos que não possuíam programa ideológico particular, apenas compartilhavam do sentimento anticomunismo e dos preconceitos tradicionais que eram herdados de sua classe.
O segundo tipo de direita produziu o chamado “estatismo orgânico”, no qual, possuía o intuito de resistir ao individualismo liberal e à a ameaça do socialismo. Nesse regime conservador, era reconhecida a existência de classes e/ou grupos econômicos no qual a “(...) terrível perspectiva da luta de classes era mantida a distância pela aceitação voluntária de uma hierarquia social, pelo reconhecimento de que cada grupo social ou “estamento” tinha seu papel a desempenhar numa sociedade orgânica composta por todos, e deveria ser reconhecido como uma entidade coletiva” (p. 116).
Mesmo que a origem desses regimes reacionários fosse diferente segundo os fascistas, a linha ideológica que os separa é quase nula. No final de tudo, as vertentes se entrelaçavam juntamente à Igreja Católica compartilhando o ódio pelo iluminismo, pelas revoluções e no geral, por todo liberalismo, principalmente contra a democracia e o comunismo ateu.
Parte II
Quanto aos movimentos antiliberais, o terceiro deles foram os movimentos verdadeiramente chamados de fascistas. O primeiro foi o italiano (que nomeou o movimento), criado por Benito Mussolini na Itália. Embora o desempenho da Itália durante a Segunda Guerra Mundial tenha sido fraco e tanto quanto incompetente, Adolf Hitler reconheceu sua divida e seu respeito a Mussolini, no entanto, o fascismo italiano não exercia grandes poderes ou influências internacionais. O fascismo se modifica vigorosamente e se torna um movimento geral com o triunfo de Hitler na Alemanha em 1933.
Após 1933, era difícil discernir o que os vários tipos de fascismo tinham em comum, além de um senso geral de hegemonia alemã. A diferença mais marcante entre a direita fascista e a não fascista, era que o fascismo mobilizava massas de baixo para cima. Acaba tornando-se difícil identificar a teoria por trás do fascismo, pois, o fascismo é caracterizado sendo um movimento no qual as decisões ou a ideologia são ditadas principalmente pelo instinto e vagamente pela razão. O fascismo compartilhava alguns elementos da direita, como o nacionalismo, o anticomunismo e antiliberalismo. Este movimento existia a partir da manipulação das massas de baixo para cima, como citado, e da dominação de público usando um discurso regrado de promessas de mudança. Usavam os valores da Igreja e criavam tradições, como por exemplo, o racismo de Hitler a respeito da criação de uma raça superior.
A explicação sobre os valores gerais do fascismo são a de que o movimento surgiu como reação ao liberalismo à ascensão da classe trabalhadora e às ondas migratórias, que geraram um grande ideal racista e misógino. Consequente disso, surge o antissemitismo, cujo discurso acusa os judeus de serem os maiores problemas da população, mesmo eles sendo comprometidos com movimentos liberais. O movimento antissemitismo foi um dos propagadores a outros movimentos fascistas agressivos, causadores de inúmeras mortes no século XX.
A ignorância, juntamente à intolerância, fortificava o discurso fascista, fazendo com que o mesmo manipulasse a baixa sociedade para ficar a favor do regime, isso fez com que países que não possuíam políticas democráticas e liberais de forma tão grande e influente, dessem voz ao fascismo. Países democráticos como a França e a Inglaterra, quase não sentiam os abalos deste ideal misógino.
Quando os ditadores da Itália e da Alemanha tornam o fascismo legitimamente público, diversos esquerdistas, ex comunistas e socialistas mudam de lado. Com a aversão dos partidos quanto aos trabalhadores, o público apoiador do regime era de maioria classe média, o discurso buscava também o público jovem como universitários e até mesmo ex militares. As crises econômicas que a Alemanha enfrentou, fragilizou o cidadão Alemão e isso fortificou ainda mais os ideais fascistas/nazistas na época, aumentando significantemente o número de apoiadores ao movimento.
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