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Resumos de textos de HRI II hobsbawn kissinger e keylor

Por:   •  8/6/2015  •  Resenha  •  25.928 Palavras (104 Páginas)  •  595 Visualizações

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KEYLOS – GERMANY’S BID FOR EUROPEAN DOMINANCE

A tentativa da Alemanha de hegemonia na Europa (1914-1918)

        Em um primeiro momento o autor neste capítulo trata de caracterizar todos os aspectos da Alemanha na virada do século XIX e no início do século XX, e salienta alguns pontos que logo menos iria desencadear na Primeira Guerra Mundial. Segundo Keylor, o período de 1914 a 1945 é frequentemente designado de a Guerra dos Trinta Anos do Século XX. Os vinte anos de trégua entre as duas guerra serviu para explorar as animosidades entre os países beligerantes que foram o pavio para a Segunda Guerra Mundial. A Alemanha Imperial foi o país central no conflito, que naquele momento era avançada economicamente e militarmente poderosa, sua política se resumiu a dominação geográfica da sua região, as outras potências por outro lado agiam de modo a prevenir essa dominação através de pressões diplomáticas no período de paz e de força militar em tempos de guerra. Os recentes estudos demonstram que a França vingativa, o Imperialismo Russo, a duplicidade Britânica, ou a combinação dos três podem ter levado a Alemanha à busca pela hegemonia que se deu no início do verão de 1914. Resultante da Primeira Grande Guerra os alemães passaram uma imagem de cruéis para o resto da Europa marcado pelos seus capacetes de espinhos e suas botas de cano alto, que as agências de propaganda de guerra dos Aliados espalhavam. Porém com a derrota na guerra trataram de mudar essa imagem até o início da Republica Alemã em 1918. Que após a derrota passou a defender o discurso de paz entre as nações e a busca de defesa de seus próprios interesses para se precaver dos interesses predatórios das outras potências. Essa nova linha de atuação externa foi estudada por historiadores que chamaram a atenção para a guerra grandiosa e expansionista visada do governo imperial alemão e seus defensores internos. O líder dessa escola de historiadores, o professor Fritz Fischer foi capaz de demonstrar através de sua pesquisa sobre a política, força militar e a economia o modo pelo qual o Segundo Reich tinha planejado um ambicioso plano para adquirir direta e indiretamente o controle do continente Europeu assim como partes do Oriente Médio e África Central. Outros beligerantes tal como Grã Bretanha, França, Rússia e Itália também desenvolveram seus próprios caminhos no curso da guerra que Fisher não contestou. Seus estudos demonstraram que havia um número enorme de evidências dos agressivos programas de expansão econômica e territorial planejada e promovida pelos membros da elite alemã nos anos finais da Primeira Guerra Mundial. A estrutura política do Reich Alemão é definida com base na sua constituição federal de 1871 após a conquista retardatária de sua independência, que pode ser descrita como uma monarquia parlamentar de fachada sobreposta pelo militarismo da Prússia. Os prussianos comandavam a casa superior do parlamento alemão que era preservada através de um complexo sistema de indireta e ponderada representação juntamente com a determinação constitucional da Prússia de vetar decisões acerca de assuntos militares.  O Partido de Centro era o representante da minoria católica localizada principalmente na parte sul do país e lutava contra o protestantismo de Berlim. O Partido Liberal Nacional, que representava a burguesia industrial e comercial concentrada na parte ocidental, cujo compromisso com o liberalismo político e modernização econômica era o oposto dos junkers (economia agrícola).        Por outro lado o Partido Social Democrata, poderia ser o estopim de uma revolução social em nome da classe operária industrial e uma potencial fonte de oposição ao Estado prussiano dominante. No entanto, nenhum desses partidos políticos fez uma campanha sustentada contra a estrutura autoritária interna e a política externa agressiva do império. O Partido Social Democrata, que em 1912 tornou-se a maior facção política no Reich, representou a mais numerosa e melhor organizada classe operária industrial na Europa. Porém os trabalhadores alemães tinham sido transformados em súditos leais do império, como resultado da política de benefícios trabalhistas do Império através de concessões como: sistema progressivo de seguro social e pensões de velhice, planos de saúde e normas de segurança em fábricas. Tudo isso proporcionou os benefícios econômicos ao proletariado alemão e melhor condições de trabalho. Portanto, não é surpresa que o Partido Social Democrata Alemão deixa de levar a sério a retórica do conflito de classes e evolui para um partido de oposição leal ao Império, sinalizando a sua aceitação tácita do sistema antidemocrático político a partir do qual seu eleitorado operário obtinha de modo econômico extensas vantagens. O que é interessante notar o que existia na estrutura do Império Alemão que se diferenciava das demais nações, como por exemplo, a cooperação que existia entre os interesses agrícolas da Prússia oriental e os interesses industriais nascentes a oeste. Em oposição a maioria dos outros países, a Revolução Industrial Alemã foi marcada por uma aliança entre agricultura e a indústria pesada que promoveram o expansionismo do último sem ameaçar a posição socioeconômica do setor agrícola. Ambos os setores apoiavam a política protecionista do Império, essa política protegia as terras agrícolas da Prússia Oriental dos grãos russos e americanos, enquanto a indústria pesada centrada na região Vestfália Renânia do oeste garantiu o privilégio de dominação do mercado nacional de produtos manufaturados. A segunda característica marcante da economia alemã, na virada do século foi a extensão da sua concentração e centralização. Os principais setores da indústria pesada (ferro, aço, carvão, armamentos, produtos químicos e produtos elétricos) foram dominados por um punhado de empresas gigantescas que adquiriram um grau de controle sobre a produção e distribuição no mundo industrial da época. Foi promovida a cartelização das empresas por parte governo. Esta concentração de poder econômico, indústria pesada, forte agricultura, finanças em alta e uma estreita parceria com o governo produziu um surto de crescimento econômico espetacular no quarto de século antes da Primeira Guerra Mundial. A comparação com outros países industrializados nos revela que a Alemanha tinha ultrapassado seus rivais continentais e tinha ultrapassado a Grã-Bretanha como a maior potência econômica produtiva na Europa.  Teoricamente, a Alemanha precisava apenas de expandir suas exportações de produtos industriais para cobrir seu déficit comercial de montagem. Mas aí estava o que muitos industriais alemães temiam o limite insuperável para futuro crescimento econômico. Os mercados dos mundos foram bem penetrados, dominados, e cada vez mais monopolizado pelas três potências mundiais globais: os Estados Unidos na América Latina, a Grã-Bretanha no leste da África do Sul e no sul da Ásia e França na África Ocidental, e a Rússia nos Balcãs. Logo os Impérios Russo e Japonês poderiam ser esperados para entrar na competição para obter vantagens econômicas no Extremo Oriente.  A pergunta que cabe aqui é como a Alemanha poderia alcançar outras esferas de mercado já que os mercados de outras regiões já estavam sobre influência das demais potências. Praticamente todas as tentativas para expandir o poder econômico da Alemanha para além de sua tradicional esfera de atividade reuniram-se, encontrava forte resistência de outras potências que já exerciam influência nos demais mercados europeus. O medo da Alemanha por conta da superioridade de influência econômica das outras potências somou-se a aflição da aliança militar formada pela França e Rússia. A aliança franco-russo de 1894 tinha imposto aos planejadores estratégicos alemães o pesado fardo que a diplomacia de Bismark tinha evitado com sucesso, ou seja, a de que deve contemplar a possibilidade de uma guerra em duas frentes. O Conde Alfred Von Schlieffen, chefe da equipe general imperial 1892-1906, elaborou um plano de guerra que pretendia superar a desvantagem estratégica causada pela aliança franco-russa. Ele imaginou a concentração de poder militar alemã no oeste da expedição que o exército numericamente inferior francês poderia ser derrotado em seis semanas, após o qual a maior parte das forças alemãs poderiam ser transferidas para a frente oriental para enfrentar o exército russo antes que as defesas orientais da Alemanha fossem penetradas desprevenidamente. O Plano Schlieffen estava seguro em dois pressupostos críticos: o primeiro foi a preservação da superioridade numérica esmagadora alemã contra a França. O segundo foi a incapacidade do Império Russo, com o seu sistema primitivo de transporte terrestre, para implantar seu exército numericamente superior longe da fronteira alemã, antes do golpe de nocaute no oeste. Para a aflição dos estrategistas militares alemães, essas duas premissas foram prejudicadas pelo desenvolvimento nos anos antes de 1914. Em 1913, a França prorrogou o período de serviço militar nacional de dois a três anos. Isto significa que, apesar de sua população estar estacionária, a França seria capaz de colocar em campo um exército de primeira linha igual ao tamanho do exército alemão em 1915 ou 1916. Enquanto isso, o governo russo iniciou, com a assistência financeira da França, um programa de construção ferroviária que ligava o centro da Rússia com a fronteira ocidental. Desde que o tamanho do exército de paz russo superou o dos exércitos alemães e austro-húngaro combinados, a possibilidade de que em algum momento no futuro esta força militar em massa poderia ser rapidamente transportada para a fronteira alemã minou as premissas estratégicas do Plano Schliffen e causou considerável ansiedade entre círculos militares em Berlim. Essa apreensão da Alemanha e do cerco econômico e vulnerabilidade militar levou-a à defesa da ideia de guerra preventiva, ela temia um ataque rápido e destruidor da França como tinha ocorrido em 1870. A causa do expansionismo econômico e a ideia da guerra defensiva recebeu forte apoio de inúmeros grupos de pressão da sociedade na Alemanha, a marinha, por exemplo, sofreu forte investimento a fim de se equiparar à marinha inglesa, ao mesmo tempo em que foi defendida a aquisição de bases e estações carvoeiras no exterior.  O que perdurava nesse período era o medo e ambição dos países. Por outro lado, a Alemanha encontrava-se aliada com a Áustria-Hungria e o reino dos Balcãs tornou-se independente da Sérvia. Dessa forma, o Reich poderia agora estabelecer uma guerra preventiva contra a França e a Alemanha. O arquiduque Franz, herdeiro do trono Habsburgo foi assassinado em Saravejo (capital de uma das duas ex-provincías turcas nos Balcãs, ocupadas militarmente pela Áustria-Hungria e posteriormente, anexada por elas). Tudo indica que os assassinos eram sérvios. Esse episódio rendeu um pretexto conveniente para as autoridades em Viena suprimirem toda esta ameaça para a coesão do império. O governo alemão sabia que uma operação militar da Áustria-Hungria contra a Sérvia teria depois a intervenção da Rússia. No passado a Rússia concordou com a anexação da Áustria das duas províncias antigas da Turquia que foram destinadas pelos pan-sérvios. Certamente, uma possível guerra entre a Áustria-Hungria e a Rússia colocou em marcha as disposições dos sistemas de alianças concorrentes, o que poderia levar a um conflito armado. Berlim fez com que Viena emitisse um ultimato humilhante para Belgrado para que o assassinato fosse investigado, o governo alemão garantiu ao governo austríaco apoio incondicional em caso de hostilidades. O ultimato expirou e, então, a Áustria declarou guerra contra a Sérvia, e a Rússia começou a mobilizar-se contra a Áustria de imediato. O primeiro exemplo de planejamento militar e preparação para intimidar as autoridades alemães na tomada de decisão da liderança civil ocorreu quando o czar autorizou uma mobilização total pra proteger a fronteira da Rússia com a Alemanha durante o confronto com a Áustria. O segundo exemplo ocorreu quando o alto comando alemão recordou o governo de Berlim de que a guerra contra a Rússia tinha sido apenas excluído pelo plano de guerra alemão, que ditou uma ofensiva contra a França para removê-la da guerra antes da concentração das forças alemãs no leste contra a Rússia. Assim, emitiu-se um ultimatum de Berlim a Paris e a França foi obrigada a afirmar sua neutralidade absoluta no futuro na guerra Russo-Alemã para transferir a custódia temporária da Alemanha às fronteiras das fortalezas de Toul e Verdun como comprovante de boa fé. A partir do exposto, a disputa dos Balcãs envolveu a maior parte da Europa, no final de julho de 1914. Alemanha sabia que poderia existir confrontos com a França e a Rússia, mas  detinha, até aqui, superioridade militar que poderia ser perdida nos três anos seguintes. Em Berlim, descartou-se a possibilidade que a Grã-Bretanha ficasse do lado da Rússia e da França na guerra em iminência. Autoridades alemãs acreditavam, ingenuamente, que a opinião pública britânica se recusaria a ajudar caso o czar mobilizasse seu exército primeiro (o que de fato aconteceu). Alguns observadores admitiam a ideia que a Grã-Bretanha entraria mais rápido na guerra devido o plano de guerra alemão no oeste, que previa a invasão da França através das colinas da Bélgica. Em 1839, foi firmado um tratado no qual a Grã-Bretanha tinha o compromisso de preservar a neutralidade belga. Porém, em nome do interesse nacional, há como tais obrigações serem renunciadas. Percebendo que a Grã-Bretanha, realmente, pudesse intervir (visto que sua política se recusava a permitir qualquer potência hostil que quisesse obter o controle da costa oposta do Canal Inglês, como um meio fácil para invadir as ilhas britânicas), a Alemanha aceitou a situação com tranquilidade, porque acreditava-se que a guerra seria de curta duração. A Grã-Bretanha tinha superioridade naval, mas não era nada comparado à superioridade militar da Alemanha que tinha um exército muito maior que o daquela. Se a Alemanha vencesse a França e retirasse as forças britânicas do continente, ficaria muito mais fácil destruir o poder militar russo no Leste Europeu. A Itália não entrou na guerra nos primeiros dias de agosto, mas todas as outras grandes potências sim. Assim, os governos dos estados beligerantes começaram a desenvolver e articular seus objetivos de guerra. A Alemanha foi a primeira a definir seus objetivos. O Chanceler Theobold von Bethmann-Hollweg considerava que a Alemanha deveria, sim, recorrer à força devido ao seu poderio militar e queria mobilizar um consenso nacional para dar apoio ao esforço bélico. É claro que o governo se viu obrigado a converter os socialdemocratas e as organizações sindicais que criticavam os gastos militares e defendiam a cooperação internacional. O governo então persuadiu os líderes socialistas de modo que eles apoiassem o esforço de guerra como uma operação “defensiva” contra a agressão imperialista da Rússia czarista. Com esses argumentos, os sociais-democratas declararam trégua naquele momento. O mais importante agora seria a necessidade de obter “garantias” contra agressões militares futuras e sobre a concorrência econômica no continente, pois a questão da “guerra defensiva” ficou pra segundo plano. O projeto agora é de dominação continental. Os objetivos de guerra foram especificados em um comunicado pelo Chanceler Bethmann-Hollweg (09/09/1914), chamado, então, de “Programa de Setembro”. O plano militar do “Programa de Setembro” teria como objetivos a destruição permanente do poder militar francês através da anexação do território contendo fortalezas principais da França ao longo da fronteira alemã, a ocupação de lotes grandes da França sobre o Canal Inglês, e imposição de um esmagamento de indenizações financeiras, que impediriam, assim, a reconstrução das forças armadas da França em um futuro previsível. A Bélgica seria obrigada a ceder suas fortalezas estratégicas e permitir o estabelecimento de bases alemãs na costa de Flandres. Com essa paz punitiva, a Rússia também sairia prejudicada, de modo que a Alemanha pudesse ser, definitivamente, a potência hegemônica da Europa. O projeto para a dominação continental econômica foi desenvolvido por um grupo de banqueiros e industriais alemães. O objetivo era resolver os problemas econômicos da Alemanha quanto a questão de matérias-primas insuficientes, especialmente as necessárias para a produção de aço. A Alemanha, porém possui muito carvão de coque, mas é dependente do minério de ferro da França. Seria muito importante para o país aproveitar e o campo de Lorena (França) com relação ao ferro durante a guerra, para não ter problemas na máquina de guerra devido à falta de armamentos e munições. Porém, não só a França, bem como outras regiões eram tentadoras para a Alemanha, como campos de minério da Bélgica e controle do carvão, do ferro, do manganês, do petróleo e dos grãos da Polônia e do sul da Rússia. A Alemanha fracassou com esse plano repleto de objetivos militares e econômicos ambiciosos, no outono de 1914. A Grã-Bretanha defendeu Paris, juntamente com a mobilização rápida do exército russo no leste. Os beligerantes foram obrigados a abandonar as expectativas de vitória rápida que tinham. No Natal de 1914, o deserto do norte da França e da Bélgica tinha uma rede interligada de trincheiras subterrâneas que se estendia desde a fronteira com a Suíça para o Canal Inglês. As neves de inverno também atrapalharam a guerra.

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