A SIRIA ESSAY
Por: Gustavo Perpetuo • 16/4/2019 • Trabalho acadêmico • 917 Palavras (4 Páginas) • 191 Visualizações
Gustavo Bandeira de Melo Perpetuo – T2
FUTURO EM JOGO: SÍRIA, PAZ POSSÍVEL ?
A guerra civil Síria vem se tornado, desde 2011, um dos conflitos mais problemáticos do século 21. A família al-Assad governa o país desde 1970, entretanto o atual governante Bashar al-Assad tomou posse no ano 2000. Os conflitos entre o governo e rebeldes se iniciam em resposta violenta e repressiva aos protestos pacíficos que ocorriam em 2011, como consequência imediata ocorre a criação do “free syrian army”, um exército rebelde. Até o fim de 2012 a guerra se torna uma guerra por procuração, a qual trouxe interesses de jihadistas, assim como a de grandes potencias, como EUA e Rússia. Contudo, as tropas desses países não interviram militarmente no governo da Síria, assim respeitando os direitos internacionais de não-intervenção e de soberania. A invasão em assuntos domésticos tem se mostrado ineficiente durante a história. Portanto, discute-se a possibilidade de um desfecho pacífico sem o regime Assad.
O governo de Bashar al-Assad continuará sofrendo tentativas de subversão. O chefe de estado continua levando a guerra ao limite, fato que está gerando uma crise de refugiados mundial, são quase 6 milhões de refugiados pelo mundo1 e o número continua crescendo, sendo que 5 milhões são deslocados internos. Fato que comprova que a guerra está devastando o país, deixando em crise humanitária em áreas de intenso conflito entre as partes, como a Guta Ocidental, a qual sofre de bombardeios diariamente e de desnutrição. Entretanto, a popularidade de Assad continua alta mesmo após as atrocidades, resultado se deve ao caráter dê-lhe atribuírem o símbolo do secularismo e ocidentalismo, assim como de muitos líderes autoritários, segundo o jornalista Guga Chacra no jornal Estadão2. Este caráter suscita as tropas a favor do governo a defenderem o governo com brutalidade. Consequentemente pede-se a destituição do presidente para que em sequência, “possa ser estabelecida boas estruturas de governança e liberdade para o povo sírio”3.
No entanto, a única forma de retirar Bashar al-Assad do poder é por meio de uma intervenção militar. Em primeiro lugar, no contexto atual, as forças de resistência ao governo, entre elas os rebeldes e jihadistas, estão quase totalmente oprimidas pelo governo que, com ajuda estratégica e militar da Rússia, vem reconquistando os territórios, remanescendo apenas a ocupação dos curdos no Nordeste. Na sequência, Assad afirmou: “I am Syrian, I was made in Syria, I have to live in Syria and die in Syria” e “I think the price of this invasion if it happened is going to be more than the whole world can afford”, em uma entrevista à televisão russa4. Logo, a impressão lógica do fato é que jamais abdicaria do poder e expandiria a brutalidade caso uma intervenção fosse posta em prática.
Além da diminuta possibilidade de que Assad fracasse e/ou renuncie, uma intervenção em solo sírio é uma ideia ilusória. O governo da Síria possui grande apoio estratégico da Rússia, a qual possui direito a veto a qualquer proposição na ONU. Esse direito concebido ao país extingue a possibilidade da utilização do R2P (responsibility to protect), pela suposição de que a Rússia vetaria para proteger seu aliado, como já ocorreu em diversas ocasiões. A aliança entre Putin e Assad é baseada na tentativa de limitar a influência dos EUA na região e manter os privilégios russos, como base militar e um porto na costa Síria. Portanto, os ex-soviéticos estão dispostos a preservar esse “status quo”, mesmo que tenha que tenham que “esquecer” algumas transgressões nos direitos humanos pelo país coligado.
Em seguida, as intervenções militares em estados nações tem mostrado repetidamente que pode desencadear em um vácuo de poder ou aumento da violência. A título de exemplo invasão dos EUA no Iraque conseguiu derrubar o ditador Saddam Hussein. Entretanto, mesmo com a presença dos Estados Unidos, foi sucedida por vácuo político e territorial e este serviu de refúgio para a criação e ascensão de grupos terroristas, como o jihadista Daesh5. A guerra durou 8 anos, deixando milhares de mortos e um custo total de 801 bilhões de dólares, segundo as estimativas do serviço de pesquisas do congresso dos EUA em julho de 2010. Atualmente o presidente americano Donald Trump argumenta a retirada de suas tropas da Síria, por consequência da dissolução do grupo extremista Estado Islâmico e altos gastos com a guerra6.
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