Ensaio Sobre as teorias explicativas e uma análise sobre os efeitos da Pandemia da Covid-19 para os movimentos migratórios
Por: Emanuelle Brito • 5/12/2022 • Ensaio • 899 Palavras (4 Páginas) • 158 Visualizações
Aluna: Emanuelle Lula Brito
Ensaio Sobre as teorias explicativas e uma análise sobre os efeitos da Pandemia da Covid-19 para os movimentos migratórios
Introdução
O presente ensaio, a partir dos conceitos desenvolvidos pelas teorias explicativas das Migrações, visa à análise das consequências provocadas por fatores “macro”, como a pandemia, para a expansão dos processos migratórios.
O ensaio foi elaborado a partir do texto base: “As Teorias Explicativas das Migrações: “Teorias Micro e Macro-Sociológicas”, de João Peixoto. Além disso, foi utilizado referências de artigos da organização “Brookings Institution” e pelo Webinário realizado pela Associação Brasileira de Estudos Populacionais (ABEP) e Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA Brasil): “Migrantes e Refugiados no contexto do distanciamento social”.
Contexto teórico
De acordo com as análises trazidas por Peixoto (2004) acerca das diversas teorias que englobam as migrações, percebe-se que o processo migratório está envolto em certas premissas, nas quais, indicam que o migrante (agente) é racional até a medida em que seus conhecimentos permitem. Sendo assim, a racionalidade desse agente está condicionada às informações que este tem do local a qual se destina. Diante disso, o agente decide se realmente é mais vantajoso migrar para outra região ou permanecer em seu local de residência, sendo assim, as “variáveis intervenientes” contribuem para a decisão de um agente já racionalmente motivado.
Dentro da gama de explicações dos processos migratórios, observa-se as explicações do tipo “macro-sociológicas”. Nesse contexto, as ações estruturais que afetam o ambiente em que o indivíduo se encontra repercutem na sua decisão de migrar ou não. Sendo assim, como elucidado por Peixoto (2004), a influência macro-sociológica está, em certo ponto, ligada às teorias Micro-sociológicas, uma vez que o contexto estrutural induz à decisão individual.
Migrações no contexto da pandemia da Covid-19
A palestrante Deisy Ventura no Webinário “Migrantes e Refugiados no contexto do distanciamento social” destacou os aspectos estruturais críticos que algumas populações vivem. A professora da USP apontou a vulnerabilidade internacional entre os migrantes e refugiados em seus países de origem, resultando em um número muito maior de mortalidade entre esses povos decorrente da Covid-19.
Dessa forma, recorrendo às teorias “macro-sociológicas”, observa-se que a estrutura desses lugares influenciam na decisão de migrar. Em outras palavras, grande parte dos migrantes estão inseridos em um contexto social e econômico precários, no qual, observa-se má qualidade de vida e recursos de saúde, além de superlotação nas cidades. Essa situação coletiva influência na decisão individual dos migrantes de abandonarem os seus lares para buscar abrigo em outras regiões.
Em decorrência da pandemia, a economia de lugares como o Oriente Médio e o Norte da África necessitou de assistência do Fundo Monetário Internacional (FMI), diante da queda econômica de 5,7%. As consequências dessa queda ecoam em todas as esferas da vida da população, desde o desemprego em massa até condições precárias de saúde (KARASAPAN, 2020). Tais fatores contribuem para a escolha do agente por mudanças, no entanto, nem sempre esses indivíduos conhecem todas as características do local destino e, consequentemente, podem migrar para realidades tão degradantes quanto estavam.
O sistema econômico promove a relação de duas partes, isto é, empresas que buscam por mão de obra mais barata para obter mais lucro no sistema capitalista e pessoas, em condições adversas, que fogem de seus países buscando melhores oportunidades e, principalmente, algum tipo de emprego. Conforme Karasapan (2020), a migração laboral possui algumas possibilidades de exploração, como o sistema de patrocínio “Kafala” no Líbano e outras cidades, no qual, os trabalhadores estão presos ao domínio do seu empregador, uma vez que não podem sair ou mudar de trabalho sem o seu consentimento. Dessa forma, como retrata Peixoto (2004), a decisão do migrante não é totalmente racional, devido à falta de informação.
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