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O CARIBE COMO ZONA ESTRATÉGICA: Uma análise geopolítica ao longo da história

Por:   •  31/5/2020  •  Artigo  •  1.465 Palavras (6 Páginas)  •  340 Visualizações

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O CARIBE COMO ZONA ESTRATÉGICA:

uma análise geopolítica ao longo da história

Resumo:

Por meio deste trabalho, tem-se por objetivo analisar a importância estratégica do Caribe em um contexto global. Considerando que esta região tem sido explorada há tempos pelas grandes potências, tanto através da extração de recursos naturais quanto sendo utilizada como área de importantes rotas comerciais, torna-se, portanto, relevante analisar o papel que o Caribe tem exercido na geopolítica mundial ao longo da história. Assim, tendo como base as análises feitas por Friedrich Ratzel, Alfred T. Mahan e Halford J. Mackinder, buscaremos contextualizar e aplicar seus estudos para uma análise da região do Caribe no mundo contemporâneo e o seu papel notório nas dinâmicas econômicas e políticas entre Estados.

Palavras-chave: Caribe. Geopolítica. Zona estratégica. América Central. Relações Internacionais.

Introdução:

O Caribe, localizado na América Central, corresponde a uma porção de terra de, aproximadamente, 2.800.000 km2. Mesmo sendo um território de pequena extensão, sua localidade permite que, quem atue sobre ela, detenha o que Mahan chama de poder marítimo. Por se tratar de ilhas e por ter uma proximidade com o Canal do Panamá, o Caribe é uma região que facilita a mobilidade entre o Oceano Pacífico e o Oceano Atlântico, além de poder servir como local de instalação de bases de apoio, as quais são utilizadas por países mais afastados da América, como aqueles da Ásia ou do leste europeu, para o reabastecimento de navios ou para qualquer eventual ataque militar.

Entretanto, para se falar do Caribe quanto uma zona estratégica, é válido começar mencionando o seu processo histórico de colonização, uma vez que o seu passado é um importante fator condicionante para a atual posição geopolítica ocupada por essa rica região. Detentora de uma enorme diversidade étnica, política e cultural, o Caribe, assim como muitas outras áreas consideradas periféricas, foi vítima do imperialismo europeu empregado durante a época das Grandes Navegações.

Figura 1 – Mapa da região do Caribe[pic 1]

Fonte: IBGE

O contato estrangeiro com o Caribe se deu com a descoberta das Américas, em 1492, enquanto Cristóvão Colombo, explorador enviado pela corte Espanhola, buscava uma rota alternativa para a Índia no contexto das expansões marítimas. Colombo desembarcou na ilha de Guanahani (posteriormente denominada de San Salvador) e seguiu pelo arquipélago de Bahamas, Cuba e, por fim, o Haiti. Desde esse primeiro momento, as riquezas da região caribenha foram alvo de interesse por parte das grandes nações europeias. Conforme relatos de Colombo datados de 1493, a região era um local que dispunha de uma diversa variedade de aves, árvores e frutas, contendo terras férteis para o plantio e criação de gado. Fora isso, Colombo ainda acentuou a grande disponibilidade de metais preciosos, como o ouro, e a capacidade portuária do local.

A partir disso, o Caribe foi instituído como uma colônia de exploração, que contou com a atuação das nações britânica, francesa e holandesa, o que se estendeu até a segunda metade do século XVIII. Durante esse período, a região foi submetida a um característico sistema escravista de plantio, com destaque para a produção de açúcar, que tinha como objetivo abastecer a Europa e, em especial, a Grã-Bretanha. Com isso, percebe-se que os povos caribenhos, de acordo com a classificação de Ratzel feita anos mais tarde, poderiam se tratar de povos naturais. De acordo com o autor, povos naturais são aqueles que não têm uma “organização política” bem estruturada, que são dispersos e, às vezes, sequer falam a mesma língua. Esse tipo de organização faria com que trabalhassem apenas para subsistência e, por isso, não conseguiriam avançar. Sendo assim, os povos de cultura (como Ratzel descreveria os países europeus desenvolvidos), seriam os responsáveis por trazer o desenvolvimento aos povos naturais, através do seu modo de organização, de comércio e de produção.

Dessa forma, as relações de dependência estabelecidas foram tão profundas que se mantiveram mesmo após os movimentos de independência, iniciados em 1791, com a Revolução do Haiti. Após anos sendo objeto do domínio colonial, o Caribe não detinha uma mão de obra qualificada e muito menos um parque industrial desenvolvido. Dessa forma, a região permaneceu com uma economia voltada para a agricultura, sendo extremamente dependente do comércio internacional com a Europa.

Fora isso, como já mencionado anteriormente, as ilhas caribenhas, por deterem uma posição geográfica privilegiada, constituíram-se internacionalmente como o que Mahan definiria como importantes rotas comerciais, utilizadas para ligar o Atlântico Sul e oceano Pacífico. Em função disso, há atualmente um destaque para a exportação de bauxita, tabaco e petróleo bruto na região. Essa exportação é possível através de vias marítimas que atravessam a Bacia do Caribe, o que é amplamente facilitado pela CARIFTA (Associação de Livre Comércio do Caribe). É exatamente essa política de livre-comércio que serve de atrativo para diversos Estados até hoje, uma vez que oferece fáceis rotas que ligam um continente ao outro. Os Estados Unidos, em destaque, além de visar a região em função das vias comerciais marítimas, também tem interesse em seu potencial como zona estratégica para a instalação de bases de operações militares. Outro ponto positivo para os EUA em relação ao Caribe é que ele faz frente com a Venezuela, o que é de grande importância, principalmente por causa do petróleo.

Além dos Estados Unidos, é notória a atuação da China, que recentemente tem investido bastante na Bacia do Caribe, devido a sua posição geográfica estratégica, a qual acomete o Pacífico, o Caribe/Atlântico, o Caribe/América do Sul (Bacia Amazônica) e os Estados Unidos. Pensando em outro ponto estratégico, o Caribe possui uma notória proximidade com o Canal do Panamá, de forma que os investimentos na região proporcionam uma distribuição mais rápida e mais competitiva das mercadorias chinesas pelos Estados Unidos e Europa. Os chineses têm investido, ainda, em dois “paraísos ficais” da região: as Ilhas Virgens britânicas e Ilhas Cayman. Esses paraísos fiscais são utilizados para a aplicação de capitais que possuem origens desconhecidas, protegendo, então, a identidade dos proprietários, e facilitando a abertura de empresas com impostos baixíssimos ou inexistentes. Por isso, a China tem amplo interesse nos refúgios fiscais, que podem acobertar futuros investimentos na região.

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