A Festa do Divino Espírito Santo
Por: ManoelDuarte • 7/8/2023 • Trabalho acadêmico • 770 Palavras (4 Páginas) • 64 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ-UNIFAP
DISCIPLINA: FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO
ACADÊMICO: MANOEL DO SOCORRO DUARTE PEREIRA
Festa do Divino Espírito Santo
A festa do Divino espírito santo, é uma festa de origem católica que, aqui em Mazagão Velho, diferente do que acontece em outros lugares do Brasil, não acontece no dia de Pentecostes e sim no período de 16 a 24 de agosto e, também não tem como personagem um imperador e sim uma imperatriz e sua corte, composta por quatro varas douradas ( guarda pessoal da imperatriz), quatro paga fogaças ( cozinheiras da imperatriz), uma pega na capa (responsável pela vestimenta da imperatriz) uma trinchante (conselheira e confidente da imperatriz ) e uma alferes bandeira (cobradora de impostos), eleitas por sorteio.
A festa do Divino tem inicio no dia 16 de agosto com a 1ª alvorada, onde tocadores de caixas, rezadeiras, cantadeiras e foliões visitam a casa das festeiras na madrugada para cantar a folia, rezar e dançar o marabaixo, carregando a bandeira do Divino, um pavilhão vermelho com uma pomba branca no centro. Como forma de agradecimento as festeiras e seus familiares oferecem um lanche e a tradicional gengibirra, a alvorada se repete nos dias 20 e 23. Ainda no dia 16, uma comissão de folionas e foliões desce o rio Mutuacá, levando a coroa que representa o Divino espirito Santo até a casa de um promesseiro, onde são rezada a ladainha e cantada a folia, no dia 17 é feita a chegada fluvial, onde folionas e foliões utilizando duas canoas fazem evoluções em frente a vila enquanto tocam e cantam a folia e canções de adoração ao Divino Espirito Santo.
Na tarde do dia 20, acontece a quebra da murta, onde festeiras, caixeiros e foliões, vão até uma área de mata para coletar ramas de murta (planta nativa da região) para enfeitar o mastro, depois de enfeitado o mastro é levantado e na sequencia é celebrada na igreja a primeira coroação.
No dia 24 pela manhã é realizada na igreja a celebração onde a imperatriz é coroada novamente e em seguida sai em cortejo pelas ruas da vila, indo até o centro comunitário onde é servido o cacau (bebida típica feita a partir da semente do cacau torrada e moída na pedra) e o beiju (feito da tapioca, amido extraído da mandioca). Lá também acontece o leilão (com donativos recolhidos na comunidade) e o sorteio das novas festeiras do ano seguinte. Por volta do meio dia começa o Marabaixo de Rua quando moradores da comunidade, foliões e convidados saem pelas ruas cantando e dançando ao som das caixas de marabaixo, tomando gengibirra e adentrando as casas para as quais são convidados, onde geralmente são ofertados caldo e bebidas; o marabaixo de rua geralmente termina por volta das 18 horas quando acontece a derruba do mastro, simbolizando o final da festa do Divino naquele ano.
Reflexão
A Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural* apregoa que a cultura deve ser considerada como o conjunto de traços distintivos espirituais e materiais, intelectuais e afetivos que caracterizam uma sociedade ou um grupo social e que abrange além das artes, letras, os modos de vida, as maneiras de viver juntos os sistemas de valores as tradições e as crenças. Neste sentido a festa do Divino constitui-se como parte da cultura tradicional da comunidade de Mazagão Velho, cultura essa que sempre foi repassada de forma oral e pela observação (aprender vendo como se faz). As crianças que participam da festa como personagem (imperatriz, varas douradas, paga fogaças, trinchante, alferes bandeira e pega na capa) assim que completam 12 anos e não podem mais concorrer no sorteio em sua maioria passam a ser folionas do Divino, integrando a comissão que organiza e mantem a festa.
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