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Jesus e as mulheres

Por:   •  22/6/2015  •  Artigo  •  6.549 Palavras (27 Páginas)  •  282 Visualizações

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FACULDADE UNIDA DE VITÓRIA[pic 1]

ANDREIA VALADARES FERRAZ

JESUS E AS MULHERES: O RELACIONAMENTO DE JESUS COM AS MULHERES A PARTIR DO CONTEXTO SÓCIO-HISTÓRICO DO PERÍODO NEOTESTAMENTÁRIO.

 

                         

Artigo apresentado em cumprimento as exigências da disciplina de Metodologia do Estudo e da Pesquisa, e do curso de Bacharel em Teologia, ministrada pelo professor Cleinton Souza.

VITÓRIA

2015

JESUS E AS MULHERES: O RELACIONAMENTO DE JESUS COM AS MULHERES A PARTIR DO CONTEXTO SÓCIO-HISTÓRICO DO PERÍODO NEOTESTAMENTÁRIO.

Andréia Valadares Ferraz [1]

                                                                                                                         

Resumo:

O presente artigo trata da situação social da mulher no tempo de Jesus, enfocando a vida familiar da mulher como filha e esposa, além de tratar do noivado, casamento e divórcio. Além disso, trata do adultério e da vida religiosa das mulheres, assim como de aspectos de sua formação educacional e dos direitos e deveres sociais e familiares. A partir deste contexto, analisamos as ações de Jesus que mudaram paradigmas presentes naquela cultura.

Palavras chave: Mulher; Esposa; Casamento; Divórcio; Adultério.

Introdução

Há muitos anos, em ambientes teológicos ou não, as mulheres vêm lutando por seu espaço e pela valorização que lhes é devida. No presente artigo, nossa intenção é expor resumidamente alguns aspectos da vida familiar, religiosa e social das mulheres no tempo de Jesus. Nosso recorte é o judaísmo do período neotestamentário e o objetivo é expor, de forma clara e simples, direitos e deveres das mulheres segundo os costumes da época.

Joachim Jeremias, em sua obra Jerusalém no tempo de Jesus, dedica o último capítulo para explicar a condição social de mulher neste período. Com a ajuda deste texto e de outros autores iremos trazer informações que podem ajudar-nos a olhar para o Novo Testamento, e em muitos casos também para o Antigo, e entender um pouco mais a maneira como a mulher era tratada.

Nosso objetivo não é esgotar este assunto, mas dar subsídio para que os leitores da Bíblia possam compreender melhor o texto que tem em mãos, no que diz respeito às mulheres, sobretudo nas situações polêmicas que envolvem Jesus e as primeiras comunidades.

O artigo vem dividido em três partes, onde iremos expor a 1 – A situação familiar da mulher; 2- A posição da mulher face à lei e a sociedade; 3 – Jesus e as mulheres.

A intenção principal é analisar algumas das principais atitudes de Jesus presentes nos evangelhos à luz da cultura e legislação vigentes no período neotestamentário. Assim, sob essa luz, mostrar a ação libertadora capaz de mudar os paradigmas dominantes da época de Cristo.

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A situação familiar da mulher

No tempo de Jesus, a maneira de ver a mulher pela religião de Israel não se diferenciava da maneira como os outros povos tratavam suas filhas e esposas. A família era absolutamente patriarcal, sendo assim, cabia ao homem tomar todas as decisões da casa e a mulher era posta em condição de submissão. Na vida pública a mulher não deveria aparecer e tal realidade era repetida no seio familiar.

No Oriente, a mulher não participa da vida pública; o mesmo acontecia no judaísmo do tempo de Jesus, pelo menos entre as famílias judaicas fiéis à Lei. Quando a mulher saía de casa, trazia o rosto escondido por um manto, peça de pano dividida em duas partes, uma cobrindo-lhe a cabeça (espécie de couffieh de hoje), e a outra, cingindo a fronte e caindo até o queixo, tipo de rede com cordões e nós. Desta forma, não se podia reconhecer os traços de seu rosto. Certa vez, um sumo sacerdote de Jerusalém não reconheceu a própria mãe, quando lhe aplicou a sentença prescrita para a mulher acusada de adultério.[2]

A mulher jamais devia sair na rua sem ter o rosto coberto. Caso saísse na rua sem a vestimenta adequada o marido tinha o dever de despedi-la[3]. Era recomendado que as mulheres permanecessem em casa, sobretudo as solteiras – embora tal costume não fosse tão observado nas cortes ou nos meios mais populares. Era recomendado que as moças não saíssem de casa, contudo, se precisasse trabalhar para ajudar no sustento da casa, esse costume não era levado a rigor.[4]

O homem era considerado superior a mulher[5], sendo assim, os direitos e deveres não eram iguais entre eles. As mulheres tinham muito mais deveres que direitos. Na família elas eram submissas ao Pai, aos irmãos e a sogra[6]. Em relação aos deveres familiares para com o pai elas tinham as mesmas obrigações que seus irmãos: “alimentá-lo e dar-lhe de beber, vesti-lo e cobri-lo, ajudá-lo a entrar e sair, quando se tornasse velho, lavar-lhe o rosto, as mãos e os pés.”[7] O pai tinha poder sobre a filha enquanto ela fosse solteira e menor. Para a lei a menina era menor até os 12 anos e um dia, sendo de 12 anos e um a 12 anos e meio moça e acima dos 12 anos e meio considerada maior de idade. Até 12 anos e meio a autoridade do pai é soberana, portanto, a filha nada podia possuir e toda a renda de seu trabalho pertencia ao ele.[8]

A formação da mulher era menos elaborada que a dos homens. Às mulheres, bastava o aprendizado dos serviços domésticos, costura e fiação. Além disso, cuidavam dos irmãos menores.[9] O nascimento de uma mulher não era motivo de comemoração. Era clara a expectativa pela vinda de filhos varões.

Sem dúvida, como em todas as sociedades antigas, especialmente do mundo rural, os homens preferem os filhos. São eles os únicos a garantir a continuidade da família e, sobretudo, a manter o patrimônio, de rebanhos ou terras. Na medida em que as filhas são destinadas a entrar em outra família, mesmo que dentro do mesmo clã ou da mesma tribo, e são excluídas da herança, elas não podem responder àquilo que constitui a preocupação média, quase obsessiva, do mundo do Oriente Médio: perpetuar a estrutura familiar e assegurar a transmissão do instrumento de trabalho.[10]

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