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AS PRODUÇÕES ACADÊMICAS SOBRE O TURISMO EM ÁREAS DE ASSENTAMENTO RURAL

Por:   •  26/9/2019  •  Projeto de pesquisa  •  2.640 Palavras (11 Páginas)  •  256 Visualizações

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ANEXO I – Modelo de Projeto de Pesquisa de Iniciação Científica - IC

Edital n. 002/2018-PRPPG/Unespar

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AS PRODUÇÕES ACADÊMICAS SOBRE O TURISMO EM ÁREAS DE ASSENTAMENTO RURAL

Resumo:

Este projeto tem por objetivo analisar as produções acadêmicas existentes sobre o turismo em áreas de assentamento rural disponíveis em revistas científicas, bancos de teses e dissertações, entre outros. Em relação a estes trabalhos, pretendemos identificar as semelhanças, diferenças e especificidades das abordagens teóricas e das experiências práticas observadas por cada pesquisador, considerando as bibliografias citadas, bem como os procedimentos metodológicos e os recortes espaciais e temporais adotados. As análises previstas nesta pesquisa permitirão apresentar o perfil das pesquisas sobre o turismo em assentamentos e de seus autores. De posse de tais informações será elaborado um mapa representando a espacialização do conhecimento acadêmico sobre o turismo em assentamentos rurais no Brasil, identificando os principais centros de pesquisas e as áreas estudadas.

Palavras-chave: Estudos acadêmicos. Turismo. Assentamento rural.

        

Caracterização e Justificativa

Este projeto tem por objetivo analisar as produções acadêmicas existentes sobre o turismo em áreas de assentamento rural disponíveis em revistas científicas, bancos de teses e dissertações, entre outros.

Este projeto envolve temáticas aparentemente distintas em suas lógicas e ideologias, o turismo e a reforma agrária. O turismo é, por vezes, considerado o ápice das sociedades capitalistas ao estimular novos consumos, não estocáveis e intangíveis, como por exemplo lazer, prazer, espaço, paisagem, satisfação e cultura. Tal como impõe a “lógica capitalista, a busca por mercados novos, a expansão em razão de uma nova clientela e de contornar as crises utilizando a modernização e a substituição do produto saturado, ocorre com grande intensidade no mercado turístico” (MAGALHÃES, 2002).

O triunfo do capitalismo no mundo, que estimulou o crescimento do turismo enquanto atividade econômica, também trouxe grandes mudanças na produção agropecuária, ao estimular a produção no campo em escala global e industrial. “A produção em escala, principalmente voltada para a exportação, o uso exagerado de tecnologia pesada e uso de recursos químicos estão deixando marcas profundas nas transformações do cenário rural” (PUNTEL; ETGES, 2009, p. 2).  O modelo de produção agropecuário em escala industrial exige investimentos e produção massivos, que inviabilizam a manutenção da agricultura de base familiar.

O triunfo global do capitalismo se deu por volta de 1860, quando a sociedade acreditou que ‘o crescimento econômico repousava na competição da livre iniciativa privada, no sucesso de comprar tudo no mercado mais barato (inclusive o trabalho) e vender no mais caro’ HOBSBAWM (1979:21). A partir daí, o avanço da economia capitalista tornou-se presente em escala mundial, e o turismo, enquanto atividade econômica, surgiu e se desenvolveu segundo a mesma lógica (MAGALHÃES, 2002, p. 19).

Ainda no final da década de 1960, observamos o surgimento de uma leitura crítica sobre a concentração de renda em grandes investidores do turismo, e sobre a concentração de terra em grandes latifúndios. “O Brasil, desde sua origem adotou um modelo de desenvolvimento rural que privou a distribuição da renda e promoveu o uso indevido do território. A apropriação do território tem se dado de forma seletiva e desigual, revelando a face geográfica da desigualdade” (PUNTEL; ETGES, 2009, p. 2).

Tais reflexões já indicavam que os caminhos tomados pelas sociedades não direcionariam para melhores condições de vida das sociedades. Essa nova fase emerge no mundo após a década de 1970 e reacende a visão superficial e romantizada do turismo como uma milagrosa estratégia de desenvolvimento para as economias periféricas. O período de entusiasmo com o turismo é divulgado como uma fase onde não há exploração das sociedades nem da natureza, pelo contrário, o discurso da sustentabilidade garante uma maior conservação e valorização dos recursos motivadas pela atividade turística. É com base nesse contexto, que o turismo, nas décadas seguintes, se apresenta como uma alternativa de renda para a fragilidade de produção agropecuária de pequena escala. O turismo é apresentado como uma estratégia para reverter o quadro de estagnação econômica das pequenas propriedades de base familiar.

Na verdade, as novas ofertas de produtos turísticos com mais características regionais e menos padronizadas surgem de uma demanda de interesses privados: compradores em busca de qualidade e atendimento especializado e empresários interessados em atender a esses novos consumidores. “Os responsáveis pelo setor chegaram à conclusão que o grande número de pessoas no mesmo lugar nas mesmas épocas do ano e o superdimensionamento dos equipamentos para atendê-los não trazem a rentabilidade esperada” (MAGALHÃES, 2002, p. 27).

O turismo, por sua abrangência econômica e social na vida das sociedades envolvidas, é bastante complexo. São diversas as opiniões sobre se o turismo seria realmente uma das mais adequadas estratégia de desenvolvimento socioeconômico para localidades periféricas ou apenas mais uma forma de garantir a acumulação e reprodução de agentes hegemônicos.

Talvez isso [o turismo alternativo] tenha sido, além de uma estratégia de expansão capitalista (em vista da saturação do turismo tradicional), como resultado da emergência das questões ambientais que vêm ocupando gradativamente o centro do cenário político internacional (MAGALHÃES, 2002, p. 28).

A citação de Magalhães (2002) permite considerar a perspectiva de que há um caminho de se apropriar do turismo como atividade socioeconômica capaz de trazer ampliação no bem-estar das sociedades envolvidas. Sem esse viés interpretativo, considera-se que o turismo perde sua relevância como objeto de pesquisas e reflexões acadêmicas e científicas, visto que mais do que apontar as implicações do turismo e os desvios que a sociedade toma na sua gestão, é necessário aceitar que tais críticas possam sinalizar uma esperança de melhoras, que possam amenizar minimamente os efeitos da divisão mundial do trabalho.

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