1984 - George Orwell
Por: Ian Toniolo • 14/9/2017 • Dissertação • 1.005 Palavras (5 Páginas) • 342 Visualizações
George Orwell, no seu último romance, 1984, traz a história de Winston, um homem que viveu preso no regime totalitário de uma sociedade dominada pelo Estado. Todos são vigiados pelo Grande Irmão através da teletela que serve para transmitir mensagens, programas e observar os indivíduos (24 horas por dia).
O Partido se preocupa com o poder concentrado em suas mãos e não com o bem estar presente e futuro da sociedade. O’Brien, do Partido, diz a Winston “... nem vida longa, nem felicidade, só o poder pelo poder, poder puro”, fazendo com que a manipulação fosse evidente sobre a população.
Com isso, podemos observar claramente a relação do filme com as redes sociais utilizadas atualmente com diversas finalidades como, por exemplo, a manipulação vista no filme que é feita através da teletela e do Partido, impondo o jeito de agir, o jeito de pensar, o de trabalhar, a educação dos filhos que era dada pelo Partido, controlam o passado, o presente e o futuro, as atitudes, os pensamentos, as notícias e até os sentimentos das pessoas, sendo evidente nas redes sociais através de comunicados, pensamentos, formas de se expressar que são expostas em “textões no Facebook”, no Twitter, desabafos no Snapchat, com a intenção de se autoconhecer, atingir a liberdade de pensamento relacionada com a livre expressão, ou seja, o que Winston procurava e fazia em seu diário e colocar para fora o que muitas vezes nos ajudam a organizar o nosso próprio eu. A falsificação de documentos e notícias no filme está presente hoje em dia por falsificação de perfis para mostrar uma realidade e uma personalidade que não lhe pertence, como na maioria das vezes, a intenção de prejudicar alguém.
A sociedade está sempre sujeita a ser julgada por conta de opiniões, jeito de se vestir de falar, costumes e ideais diferentes, e são punidas sendo excluídas de um determinado grupo ou se tornam alvo de preconceito. No regime de 1984, toda forma de arte e cultura (textos, músicas, panfletos, eventos, notícias, entre outros) é criada e alterada pelo Partido com a intenção de prender a sociedade a uma só verdade, sendo considerado crime discordar ou crer em outra realidade a não ser a que o Partido lhe mostrava, criando uma relação entre os dias de hoje com as formas de expressão demonstradas em perfis.
Em 1984, palavras eram reduzidas para que não houvesse motivos para refletir, como por exemplo, o amor deixava usar palavras fora do cotidiano por não poder ser permitido senti-lo (exceto o amor pelo Partido). Qualquer relação afetiva familiar ou emocional deve ser cortada, pois só existe uma forma de lealdade e amor aquela que é sentida pelo Partido, o que nos remete a individualidade do ser humano, podendo ser vista nos dias atuais por serem pessoas parcialmente dependentes das redes sociais. O Partido não deseja vínculos entre os vigiados, o único grande amor de todos deveria ser o Grande Irmão, assim como as redes sociais quebra de alguma forma o diálogo entre duas ou mais pessoas em uma mesa de jantar, por exemplo, por ser mais fácil e prático de se comunicar.
Winston procurava uma sociedade que pessoas da mesma forma que ele e que revolucionasse o regime totalitário em que vivia, assim como atualmente, grupos sociais descontentes com a forma de governo do país buscam pessoas com a mesma ideologia para realizar manifestações que vão contra as ideologias contrárias a que eles pensam e com a intenção de mudança. “Os Dois Minutos do Ódio” acontecia frequentemente em 1984, funcionários do Partido se reuniam em uma sala onde a teletela mostrava uma foto de Goldstein, o “Inimigo do povo”, e todos gritavam, o xingavam, e diziam “traidor”. Tudo que acontecia de ruim no local era culpa dele, todos os crimes, os ataques ao Partido, as traições, heresias, era culpa do inimigo. Podemos observar essa mesma atitude nos dias de hoje, por conta de assuntos polêmicos que acabam sendo discutidas entre conhecidos nas redes sociais, opiniões raramente são respeitadas e a culpa é sempre do outro, dificilmente vemos pessoas analisando e mudando seus atos, por ser muito mais fácil julgar o outro do que a si próprio. É possível que Goldstein nem exista, mas a população foi manipulada pelo Partido para acreditar nisso, assim como as pessoas, hoje em dia, são manipuladas por acreditar em uma única história e estarem vulneráveis a este ato.
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