A Geografia da População no ensino
Por: tiagonavas • 1/5/2018 • Pesquisas Acadêmicas • 1.675 Palavras (7 Páginas) • 231 Visualizações
INTRODUÇÃO
Para o estudo da população, é essencial que seja realizada uma análise estatística acompanhada das características históricas e geográficas das sociedades existentes no planeta.
Mas o que é a população? Segundo Moreira e Sene (2005), é o conjunto de pessoas que residem em determinada área, que pode ser um bairro, um município, um estado, um país ou até mesmo o planeta como um todo. Ela pode ser classificada segundo vários aspectos, como: religião, etnia, local de moradia (urbana ou rural), atividade econômica (ativa ou inativa), faixa etária (jovens adultos e idosos) e gênero (masculino e feminino). Além disso, as condições de vida e o comportamento da população são retratados através de indicadores sociais: taxas de natalidade e mortalidade, expectativa de vida, índices de analfabetismo, participação na renda etc.
Dada a importância do estudo sobre a Geografia da População, neste trabalho iremos abordar mais a fundo sobre o tema em relação a abordagem no Ensino Médio brasileiro.
A GEOGRAFIA NO ENSINO MÉDIO
O Brasil possui em seu vasto território uma população formada a partir de matrizes étnicas e culturais distintas, contabilizadas a cada 10 anos através do Censo Demográfico realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística- IBGE. Com essa pesquisa nacional podemos entender como vivem, onde estão e quem são os habitantes deste país. Este levantamento da população é realizado a cada dez anos a fim de fornecer ao Estado informações que permitem identificar as características dos habitantes, as condições em que vivem e os seus níveis de desenvolvimento socioeconômico. Os dados levantados pelo Censo podem ser utilizados por diversas áreas, entre as quais se destaca a Geografia. Divulgar a importância e as aplicações dos dados obtidos nesse tipo de levantamento em sala de aula possibilita que alunos do Ensino Médio entendam tanto as políticas públicas que podem surgir em benefício da população quanto a suas responsabilidades enquanto fornecedores e usuários das informações do Censo Demográfico.
A Geografia escolar atende a estas perspectivas de ensino, na medida em que os educandos vivenciam situações pedagógicas envolvendo os conteúdos de Geografia da população, sugeridos para o currículo escolar do Ensino Médio. Esta vivência intenta demonstrar como o uso dos dados do Censo 2010 oferece possibilidades na abordagem dos conteúdos relacionados à Geografia da população na série mencionada. Para tanto, caracterizam-se os caminhos percorridos e os recursos didáticos utilizados na abordagem dos conteúdos discutindo os avanços e dificuldades percebidas na aprendizagem dos alunos ao longo desse processo.
A Geografia, no contexto dos Parâmetros Curriculares Nacionais, é a área de conhecimento comprometida em tornar o mundo compreensível para os alunos, explicável e passível de transformações. No ensino médio, as orientações contidas nos Parâmetros Curriculares, em síntese, fornecem informações ao professor no sentido de possibilitar melhores formas de se oferecerem oportunidades ao aluno de construir competências que lhe permitam a análise do real, revelando as causas e efeitos, a intensidade, a heterogeneidade e o contexto espacial dos fenômenos que configuram cada sociedade.
Para se construir o conhecimento geográfico em sala de aula, os Parâmetros Curriculares Nacionais pressupõem a escolha de um corpo conceitual e metodológico capaz de satisfazer objetivos, possibilitando ao estudante a capacidade de compreender a importância que tem a Geografia como ciência capaz de pensar o espaço como um todo, passando por questões globais que reverberam de diferentes formas pelo mundo como também pelas relações cotidianas tão presentes na rotina do indivíduo.
Os conteúdos do ensino médio, de um modo geral, são uma espécie de revisão da matéria trabalhada no ensino fundamental, porém trabalhados de uma forma mais densa, levando em consideração o processo de maturação intelectual e a maior capacidade de captação de informações que um aluno de ensino médio possui. Os principais conteúdos a serem trabalhados no primeiro ano do ensino médio são relativos à Geografia geral e dão possibilidades ao aluno de uma melhor apreensão da sociedade global e suas interferências no espaço geográfico. São trabalhados temas bem específicos da Geografia como cartografia, população, economia, globalização e introduções a questões geopolíticas, como também partes específicas da geografia física, estrutura interna da terra, recursos naturais e questão ambiental, noções de climatologia, agentes do relevo etc. São temas bem variados, e cabe ao professor buscar formas de integração entre os conteúdos de modo a despertar o interesse do aluno.
O ESTUDO POPULACIONAL
O estudo da população está presente na Geografia praticamente desde o seu inicio, sendo, no entanto, bastante incipiente no começo do século XX, não contando com produções específicas. A população era tratada como “o primeiro capítulo dos manuais ou tratados de geografia humana” ou enquanto “primeira aproximação da diversidade espacial produzida pelo homem” (DAMIANI, 2009, p. 48). Isto fica evidente em obras como Princípios de Geografia Humana, de Vidal de La Blache, na qual afirma-se que “na apreciação das relações entre terra e homem, a primeira pergunta deve ser de que forma está distribuída a espécie humana na superfície terrestre, determinando em que proporções numéricas ocuparia as diferentes regiões” (DAMIANI, 2009, p. 48). Esta sentença torna claro também o principal objeto de investigação acerca da população para os autores clássicos: a sua distribuição pelo globo e as causas das diferenças nas ocupações do ecúmeno.
Outro ponto em que se debruçavam os geógrafos estudiosos da população era o das características dos grupos humanos e de como eles se adaptavam às variações naturais – especialmente as climáticas – do planeta. Com forte influência da Biologia, ciência de grande status no inicio do século passado, o estudo dos grupos humanos estava voltado para a compreensão da concentração diferenciada das “raças originais” no planeta, a partir das condições de adaptação e aclimatação das mesmas. Não é surpresa que nestes estudos estava presente uma posição colonialista, em que a aclimatação do grupo caucasiano aos climas quentes e úmidos era uma preocupação por parte dos estudiosos.
A Geografia da População atualmente, não tem como objeto de estudo a distribuição dos povos pelo planeta. Entendendo-se população de acordo com a definição de Amélia Damiani, como “base e sujeito de toda a atividade humana” (2009, p.8), depara-se com sua complexidade e com a ampla teia de relações econômicas, sociais, politicas que os estudos populacionais poderiam apresentar. Mas como seria possível dar conta de tamanha abrangência? A autora, em uma importantíssima contribuição metodológica em uma área que careceu de inovações por décadas, propõe que o objeto real, a população, seja ‘destruído’, não se iniciando as análises por ele: “Começando por decifrá-lo, a partir de elementos mais simples, abstratos, no sentido de parciais, mas que garantam a possibilidade de continuar o movimento analítico e criar como necessidade categorias cada vez mais concretas (…) mais próximas da complexidade do real, no intuito de desvendar o fenômeno tratado, nas suas múltiplas determinações e movimento, concluindo, então, pelo conhecimento da população”. (2009, p.9)
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