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Aquisição Da Linguagem Escrita

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Por:   •  10/12/2013  •  8.728 Palavras (35 Páginas)  •  698 Visualizações

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AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM ESCRITA: CONHECER PARA INTERVIR

Claudia Bernardi Vital – Centro Universitário Nilton Lins – UNINILTON LINS

Karla Geovanna Moraes Crispim – UNINILTON LINS

A aprendizagem é um processo que se dá no decorrer de toda a vida do ser humano, permitindo-lhe adquirir algo novo em qualquer idade, porém, o ser humano só estará apto para aprender novos conteúdos a partir da aquisição de noções básicas, que servirão como pontos de ancoragem sempre que algum conteúdo novo for aprendido (BOCK et al., 1999).

A aquisição da escrita não é diferente. A criança traz consigo experiências relacionadas a essa forma de linguagem; ela não entra nesse processo sem conhecimento anterior. Neste sentido, Marchesan & Zorzi (1999/2000) afirmam que ‘’a aprendizagem da escrita pode ter início na vida da criança muito antes de que qualquer tentativa formal de ensino seja proposta’’.

Nos estudos sobre a aquisição da linguagem escrita existem diferentes modelos teóricos que descrevem esse processo. Lacerda (1995) por exemplo, considera que a habilidade de falar bem é um fator importante para o bom desenvolvimento da criança durante o aprendizado da linguagem escrita; autores como Marchesan & Zorzi (1999/2000) observaram que no início do aprendizado da escrita as crianças não têm idéia das relações entre os sons e

Dessa forma, o conhecimento do desenvolvimento normal da escrita é essencial para o profissional que se propõe a trabalhar com a questão da intervenção nos casos de transtornos ou dificuldades no aprendizado da linguagem escrita.

É importante que não apenas os profissionais sejam esclarecidos, mas também os que convivem com quem apresenta este transtorno ou dificuldade.

Na prática fonoaudiológica é grande a demanda de pacientes com transtorno ou dificuldade de aprendizagem; nessas horas, surge sempre a dúvida: Trata-se de um problema fonoaudiológico ou pedagógico? Para essa questão ser respondida é necessário que esse profissional tenha conhecimento dos aspectos envolvidos na aquisição da linguagem escrita.

Dauden & Junqueira (1997) referem que é nesse momento que o fonoaudiólogo depara-se com outro problema, pois existe uma ‘’ausência significativa’’ de trabalhos que tratem especificamente da linguagem escrita.

Para que seja possível intervir de forma satisfatória nos problemas que surgem no aprendizado da linguagem escrita torna-se necessário compreender os processos de aquisição da mesma; o conhecimento do processo normal é um alicerce firme no qual o bom profissional pode apoiar-se ao deparar-se com algo alterado.

Ferreiro & Teberosky (1999) diziam que compreender a natureza dos processos de aquisição de conhecimento sobre a língua escrita, se faz necessário para que seja possível contribuir na solução dos problemas de aprendizagem, ‘’evitando que o sistema escolar continue produzindo futuros analfabetos’’.

Quanto mais os profissionais se aprofundam nos estudos sobre o processo de aquisição da escrita, mais facilidade eles têm de identificar se essa dificuldade na escrita trata-se de um problema pedagógico ou fonoaudiológico.

Desta forma, torna-se necessário demonstrar a importância de se conhecer o processo normal de aquisição da escrita, entendendo as transformações que ocorrem na mente da criança, para só então poder intervir ao deparar-se com possíveis dificuldades ou transtornos no aprendizado da linguagem escrita, partindo sempre do pressuposto de que o conhecimento do processo normal fornece subsídios para uma boa intervenção fonoaudiológica.

Busca-se portanto, como objetivo geral, demonstrar a necessidade do fonoaudiólogo e outros profissionais conhecerem o processo de aquisição da escrita para intervir nos transtornos ou dificuldades de aprendizagem. Para tanto, é importante descrever de forma específica as diferentes concepções do processo de aquisição da escrita, confrontando as principais teorias, descrevendo também, como se dá a intervenção fonoaudiológica nos casos de transtornos ou dificuldades de escrita, a partir de diferentes modelos teóricos.

1 HISTÓRICOS DA EVOLUÇÃO DA ESCRITA

1.1 Pré-história

Em busca do conhecimento histórico, os estudiosos utilizam-se de inúmeros materiais que testemunham as idéias e realizações do homem; esses materiais são chamados de fontes históricas, e essas fontes podem ser escritas (documentos e relatos escritos, deixados pelo homem, em papel, pedra ou em qualquer outro material) ou não-escritas (utensílios, vestimentas, construções, dentre outros, que constituem as mais diversas espécies de materiais e vestígios da atividade humana) (COTRIM & ALENCAR, 1996?).

Segundo Cotrim & Alencar (1996?), “o surgimento da escrita data aproximadamente de 3500 anos antes do nascimento de Cristo”; antes dessa data, o passado humano é estudado tendo como base, apenas, fontes não escritas. A utilização da escrita é fato tão importante que se tornou o próprio marco inicial da História propriamente dita. Assim, antes dos primeiros registros escritos, temos a chamada Pré-história.

A Pré-história é o período caracterizado pelo homem analfabeto, que não sabia escrever. É chamado também de período pré-letrado (BOLSANELLO, 1993).

Rodrigues (1993) afirma que antes da história, que começa com o período chamado antiguidade, os homens viviam tão atrasados que nem sabiam escrever, ou seja, a pré-história, quando ainda não havia escrita, “foi uma época remota da humanidade”.

Conforme afirmou Guerra (2002), “durante a pré-história, o homem desenvolveu a linguagem como meio de comunicação”, desenvolveu também a pintura, a cerâmica e as primeiras organizações sociais e políticas.

1.2 A História e a Escrita

Segundo Rodrigues (1993?) a história geral estuda o passado da humanidade, desde quando começou a ser usada a escrita; existe história, a partir do momento em que o homem começa a escrever (BOLSANELLO, 1993).

Podemos conhecer a história dos povos, porque eles deixaram muitos monumentos com inscrições, que tiveram de ser decifradas; esses documentos são chamados de fontes históricas, sendo que a mais importante de todas as fontes históricas é o documento escrito (RODRIGUES, 1993?).

Povos antigos, como os egípcios, tinham o papiro (extraído do caule de uma planta de mesmo nome), onde os sacerdotes escreviam os hieróglifos. Assírios, caldeus e outros povos, utilizavam a escrita cuneiforme, gravando seus

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