Didática De Ensino E Pratica

Prever as situações didáticas para atingir determinados objetivos requer um olhar para a relação professor/aluno. Rompendo com o modelo tradicional, pensamos em um aluno que perfaz um percurso dinâmico e num professor que antecipa esse processo planejando procedimentos de ensino-aprendizagem.

O grupo teve interesse em conhecer e refletir sobre as ideias de Freinet que valorizava as ações espontâneas do aluno e a utilização de recursos para explorar a sua curiosidade.

Freinet, já em 1920, buscava novas formas de ensinar. As técnicas, por ele desenvolvidas - a aula passeio, a autoavaliação, a autocorreção, a correspondência interescolar, o fichário de consulta, a imprensa escolar, o livro da vida, o texto livre e o plano de trabalho, se constituíram em procedimentos que romperam com a metodologia tradicional (Haydt, 2006, p.219).

A caracterização temática do espaço de aprendizagem é reconhecida como um aspecto mediador da ação pedagógica e permite ao educador orientar a sua prática construindo “seus próprios instrumentos de trabalho” (Haydt, 2006, p. 219). É importante perceber que os recursos temáticos, como caixa de problemas, favorece a atualização dos procedimentos pedagógicos, adequando-os aos objetivos propostos. Também favorecem a diversificação das ações didáticas, que mobilizam a atenção do aluno, despertam a sua curiosidade e o desafiam a tornar-se sujeito ativo na construção do conhecimento.

Enquanto grupo nós conseguimos, no nosso estudo, estabelecer uma relação entre a técnica aplicada por Freinet “plano de trabalho” e “projeto” procedimento que foi sistematizado por William Kilpatrick e na atualidade é teoricamente fundamentado por Fernando Hernández. O quadro demonstrativo abaixo ilustra essa relação:

Plano de trabalho Projeto

Orientação do educador Mediação do educador

Pequenos grupos Grupos

Escolha do tema Definição do tema, sempre que possível, pelos alunos.

Plano Planejamento

Coleta de informações e material Coleta de informações e material

Tempo de execução Previsão de tempo para realização das tarefas

Autoavaliação Apreciação e avaliação do trabalho realizado

Freinet, insatisfeito com a escola tradicional, procurou como educador implantar um novo relacionamento com os alunos e uma nova metodologia para o trabalho docente. Influenciou mudanças significativas na escola de Ensino Fundamental na França e atualmente suas ideias são estudadas em várias partes do mundo, da pré-escola à universidade.

O espaço de aprendizagem infantil

Os componentes do grupo visitaram escolas de Educação Infantil. As observações foram realizadas em turma de Berçário, Maternal e Jardim.

Destacamos algumas reflexões que dizem respeito à organização do espaço de sala de aula, a rotina das diferentes faixas etárias, a relação educador/criança e a interação da criança com os educadores, com a rotina da escola, com seus pares e com o espaço lúdico.

Embora, na última década, o espaço pedagógico, nas escolas de Educação Infantil, tenha sofrido mudanças significativas, infelizmente, apesar da transformação, o adulto continua apropriando-se desse espaço de modo centralizador.

As salas são muito semelhantes em vários aspectos, especialmente a dos maternais e do jardim (M1 - 3anos, M2 – 4anos, J – 5anos). Em geral há um espaço central com mesas e cadeiras, em tamanhos pequenos. As prateleiras com jogos de encaixe, cantos com bonecas e panelinhas, carrinhos, a estante com livros de histórias, o quadro-negro, tudo é colocado em uma altura que permite o manuseio das crianças sem a intervenção do adulto (professor, monitor, estagiário). O espaço normalmente ainda comporta prateleiras que contém brinquedos, por exemplo, jogos de memória, quebra-cabeça, entre outros, fora do alcance da criança. É comum um pequeno armário para guardar materiais com tintas, pincéis, lápis de cores, canetas, colas, tesouras, folhas brancas, etc., sendo que nesses materiais não é permitido mexer sem a autorização do educador. Nas salas de berçários há algumas diferenças por conta das características da faixa etária. Não há mesas e cadeiras, mas podemos ver carrinhos de bebês, berços, tapetes de E.V.A., colchonetes em tamanho grande, piscinas de bolinhas. Há prateleiras com brinquedos próprios da idade, prateleiras e armário com acesso restrito aos educadores.

As escolas de educação infantil organizam suas rotinas de forma semelhante ao modelo sugerido no quadro abaixo:

Berçários – 0 a 2 anos

Maternais e Jardins – 3 a 5 anos

Chegada dos educadores e organização da sala, combinações sobre o trabalho. Chegada dos educadores e organização da sala, combinações sobre o trabalho.

Recepção das crianças, contato com familiares, agendas, brincadeiras livre na sala. Recepção das crianças, contato com familiares, agendas, brincadeiras livre na sala.

Café da manhã, após higiene e troca de fraldas. Café da manhã, após higiene.

Rodinha. Brincadeiras livres no pátio. Rodinha e atividade dirigida.

Repouso para os bebês. Brincadeiras livres no pátio, após higiene.

Almoço. Troca de fraldas. Soninho. Almoço. Higiene. Soninho.

Troca de turno ou intervalo dos educadores, registros e troca de informações. Troca de turno ou intervalo dos educadores, registros e troca de informações.

Reorganização da sala e interação com as crianças, à medida que acordam. Reorganização da sala e interação com as crianças, à medida que acordam.

Lanche. Troca de fraldas. Lanche, após higiene.

Rodinha. Rodinha e atividade dirigida.

Brincadeiras livres no pátio ou na sala. Higiene. Brincadeiras livres no pátio, após higiene.

Janta. Troca de fraldas. Repouso. Janta, após higiene.

Reorganização da sala e brincadeiras de livre escolha. Reorganização da sala e brincadeiras de livre escolha.

Saída. Saída

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